Descoberta de bunker do tráfico revela a relação entre ONGs e o crime organizado

No último dia 19, policiais civis encontraram um abrigo subterrâneo do narcotráfico dentro do terreno de uma ONG no Rio de Janeiro

Luciana Carvalho
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Polícia Civil descobriu, no último dia 19, um bunker do tráfico - um abrigo subterrâneo, onde os suspeitos se escondiam fuzis, armas, munições, granadas e drogas -  na favela de Parada de Lucas, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, construído no terreno da Organização Não Governamental (ONG),  Multiplicação Social.

A descoberta na sede da ONG que mantinha articulação com políticos, artistas e empresários para viabilizar sua atuação em uma comunidade na Zona Norte da capital fluminense, trouxe novamente o debate sobre a cumplicidade de algumas organizações não governamentais com o narcotráfico.  

Durante a operação, 17 pessoas ligadas ao tráfico foram presas e 17 fuzis foram apreendidos, também foram encontrados uma arma calibre 50 e farta quantidade de munição, granadas e drogas. Somente o armamento apreendido foi avaliado em R$ 1 milhão pela Polícia Civil. No bunker havia uma porta automatizada, acionada por controle remoto, e dois cômodos para permitir que os criminosos permanecessem no local por períodos prolongados.

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De acordo com os agentes envolvidos na operação, os responsáveis pela entidade mantêm vínculos com o tráfico local, levantando suspeitas sobre a relação de algumas ONGs fluminenses com o crime organizado. O delegado Marcos Amim, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), destacou dois pontos de extrema importância: em primeiro lugar, essa operação dissipou qualquer dúvida para aqueles que questionavam a ligação direta de algumas ONGs com o narcotráfico. A ONG em questão realizava atividades típicas de organizações não governamentais para encobrir sua verdadeira natureza, que consistia em esconder armamentos e ajudar criminosos procurados pela Justiça.

O delegado ressaltou, ainda, a importância das operações policiais no combate ao avanço do crime organizado no estado. Desde 2020, um conjunto de ONGs tem liderado uma campanha no Supremo Tribunal Federal (STF), em parceria com partidos como PSBPT e PSOL, buscando impor várias restrições à presença policial nas comunidades do Rio de Janeiro.

Essas investidas têm obtido sucesso, com ministros do STF mostrando apoio às demandas dessas entidades. Entre as diversas determinações impostas pelo tribunal, destaca-se a proibição de operações nas comunidades, exceto em situações "absolutamente excepcionais", durante a vigência da pandemia, comunicação ao Ministério Público antes de cada incursão, vedação ao uso de helicópteros nas operações, dentre outras.

Consequências das restrições 

O esvaziamento da presença policial nas comunidades tem causado um impacto dramático: nos últimos três anos, desde a implementação das restrições, as lideranças do narcotráfico no estado têm encontrado maior facilidade para fortalecer e expandir suas posições. Eles constroem barricadas para proteger seus territórios da intervenção policial, aumentam seus arsenais de guerra e até mesmo recebem traficantes de outros estados, que veem as favelas do Rio de Janeiro como locais mais seguros do que suas regiões de origem.

Apesar dessas consequências, as ONGs que atuam na chamada "ADPF das Favelas" (ADPF 635), atuando como "amigos da corte" ao fornecer embasamento para as decisões dos magistrados, continuam assinando pedidos de maiores restrições à presença policial em conjunto com o PSB.

“Essa postura combativa à Polícia e leniente com criminosos nos deixa bastante intrigados. Será que esses indivíduos são movidos apenas por questões ideológicas ou possuem algum grau de envolvimento com o crime organizado? O resultado dessa operação é importante para começar a responder a algumas dessas indagações”, disse o delegado Fabrício Oliveira, titular da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro (CORE/PCERJ), após a operação em Parada de Lucas.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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