Criança de 9 anos revela ter sido estuprada pelo pai e avô: 'Doía muito, mas ele continuava'
Menina escreveu uma carta relatando como aconteciam os abusos
Uma criança de nove anos revelou que era abusada sexualmente pelo pai e avô, em São José dos Campos, interior de São Paulo. O caso foi denunciado na Delegacia da Mulher em junho deste ano e segue sendo investigado pela Polícia Civil, mas, até o momento, ninguém foi preso. As informações são do G1.
A menina relatou a violência por meio de cartas, em que descreveu como os abusos aconteciam. “Eu estava lavando roupa, quando encontrei uma calcinha dela com manchas de sangue. Estranhei, porque ela ainda não menstrua e, conversando com ela, revelou que o sangue era dos machucados que o pai e o avô haviam causado na região íntima dela, ao estuprá-la”, contou a mãe.
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A vítima conta que o pai abusava dela há pelo menos quatro anos, ou seja, desde quando ela tinha cinco anos de idade. Já o avô teria começado a violentá-la há dois anos. A mãe da menina afirma que o crime acontecia enquanto ela não estava presente.
“Durante muito tempo trabalhei em shopping e por isso o pai ficava cuidando das crianças aos finais de semana. Os abusos aconteciam justamente quando eu estava trabalhando e ele ficava em casa. Já com o avô, os abusos aconteciam quando eu precisava que ele buscasse ela na escola”, disse.
Ainda de acordo com a mãe, assim que ela descobriu, procurou imediatamente uma delegacia para prestar queixa contra o marido e o pai dela. Mesmo com provas e exames que comprovam o abuso, por telefone, o pai negou as acusações e fugiu.
“Antes que eu voltasse da delegacia ele já havia fugido. Foi embora levando só a roupa do corpo e a habilitação. Foi muito chocante e doloroso descobrir isso, porque eram duas pessoas que eu confiava e que nunca desconfiei que pudessem fazer algo assim”, afirmou.
A Justiça expediu uma medida protetiva para que o pai e o avô não se aproximem da menina. Agora ela faz acompanhamento psicológico e também tratamento médico para se recuperar das lesões físicas e prevenir doenças sexualmente transmissíveis que possa ter tido contato.
“Eu não tive nem coragem de olhar na cara do avô da minha filha. Ele é meu pai, eu o admirava. Também amava meu marido. É revoltante. Quero que os dois paguem pelo que fizeram, os dois são culpados. É uma coisa que não tem explicação", contou.
Sinais despercebidos
Após descobrir que a filha era vítima de violência sexual, a mãe relembra que havia percebido sinais físicos de que algo estava acontecendo com a menina, mas que na época não fez levantou essa possibilidade.
“Desde os cinco anos de idade ela sofria com infecção de urina constante, corrimentos, mas eu levava no pronto-socorro e nunca descobri nada. O pai dela falava que era normal, porque ela não se secava direito após o banho ou por causa da imunidade baixa, então acabamos tratando a infecção sempre que aparecia, como se fosse comum. Hoje já percebo que era por causa dos abusos que desde essa época ela era vítima”, contou.
A mãe também afirma que o pai era ciumento com a criança, super protetor e estava sempre com a menina. Ela acreditava ser uma demonstração de afeto e carinho, mas, agora, acredita que era uma forma de ter a menina sob controle, por medo de que ela revelasse os abusos.
“Ela contou que ele tinha vontade de me pedir ajuda, mas que o pai a ameaçava. Ele dizia que ela se contasse pra alguém o que ele fazia, seria preso, sofreria muito na cadeia e que nunca mais veria ela nem os irmãos e assim ele ia fazendo ela se sentir culpada e com medo de denunciar a situação, presa nesse segredo”, disse.
Nas cartas, a menina relatou que o pai e o avô colocavam as mãos nas partes íntimas e abusavam dela.
"Doía muito, eu falava para ele, mas ele continuava”, narrou ela em um trecho da carta. A família busca agora por justiça e faz um apelo para que os abusadores sejam presos.
“Eu quero justiça, peço por isso todos os dias a Deus. Nada vai tirar o trauma da minha filha, a dor que ela sentiu todos esses anos e que ainda está sentindo. Nada vai pagar o que eles fizeram com uma inocente, mas a gente só vai conseguir recomeçar, deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilas quando eles forem presos”, afirmou.
A Polícia Civil informou que o pai da menina, de 33 anos, está sendo investigado pelo crime, mas ainda não foi localizado para prestar depoimento. O avô, de 78 anos, também é investigado. Ele já prestou depoimento, mas nega as acusações.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a caso segue sendo investigado, sob sigilo, na Delegacia da Mulher de São José dos Campos. A equipe da unidade ouviu a representante da vítima e aguarda o resultado dos laudos periciais para análises e esclarecimentos dos fatos.
(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)
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