Contra marco temporal, Apib convoca mobilização em Brasília a partir desta segunda-feira (5)
Nos dias 5 a 7, lideranças indígenas e povos irão acompanhar em Brasília tentando impedir que PL seja aprovada
Como uma das pautas desta semana no Supremo Tribunal Federal (STF) é o caso que trata do marco temporal das terras indígenas, que vai definir como deve se dar o processo de demarcação das terras, no próximo dia 7 de maio, a Articulação dos Povos indígenas do Brasil (Apib), organizou uma coletiva de imprensa, na segunda-feira (5), em Brasília, para divulgar quais serão os próximos passos para tentar impedir que a tese seja aprovada.
Nos próximos três dias, os povos vão promover mobilizações contra o marco temporal em todo o país. Além da Apib, sete organizações regionais estarão acompanhadas próximo a Praça da Cidade para reivindicar a derrubada do PL 490/07. Estima-se que cerca de 2 mil indígenas vão acompanhar o julgamento, participando de plenárias, vigílias e atos.
O coordenador executivo da Apib, Kleber Karipuna, abriu a coletiva e afirmou que o movimento é da posição contrária. “Que os ministros votem à luz da Constituição brasileira. Não existe tese de marco temporal. Estamos em luta intensa para combater a tese, que a gente tenha sucesso”, disse.
Kleber Karipuna ainda enfatizou que antes “da chegada dos invasores já existiam os povos indígenas", e que a tese é considerada inconstitucional, chamando as medidas de anti indígenas. Ele adiantou que se o julgamento for estendido, o grupo permanecerá na capital brasiliense.
Uma das principais lideranças indígenas do país, cacique kayapó Raoni Metuktire, também esteve presente na coletiva e conversou com o público presente. Ele, que estava em viagem à França, disse ter voltado apenas para conversar com os parlamentares e o presidente do STF. “Eu vou acabar com esse projeto de lei”, garantiu.
Durante breve conversa entre os líderes das organizações indígenas e o coordenador da Apib, foi pedido diversas vezes que os direitos da população fosse garantida e pela demarcação do território de forma justa, sem “politicagem”.
Kleber Karipuna contou que faz parte da estratégia do grupo se reunir com senadores para tentar conscientizá-los sobre como a aprovação do marco pode ter uma série de consequências ruins ao planeta.
“Vamos tentar ao máximo protelar o pedido, para garantir ao máximo de tempo que não seja aprovada. Faremos oitivas e escutas para esclarecer o quanto essa PL é maligna aos povos indígenas e que seja descartada”, declarou o diretor, acrescentando que tentará conversar com a atual ministra e presidente do STF, Rosa Weber.
Para a coordenadora executiva da Apib, Val Eloy Terena, os indígenas estão sofrendo muito com a decisão do marco temporal, assim como o “planeta e a Mãe Terra”, mas que vão continuar mobilizados.
“Nós somos contra e viemos marchar, não vamos recuar. A nossa história não começa em 88. Somos os donos da terra, eles precisam entender que é um direito nosso”, afirmou.“Só a partir dos territórios demarcados vamos ter uma vida digna”, acrescentou Val Eloy.
Por fim, ela convocou não só os povos indígenas, mas que toda a sociedade também faz o seu papel e luta contra o “retrocesso”. “Quero convocar a sociedade que não vê, que fingi que não escuta, para lutar contra esse massacre que está acontecendo”, concluiu.
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