'Agregar valor é resolver problemas dos outros', diz escritora e palestrante Martha Gabriel

Martha Gabriel é daquelas pessoas difíceis de acompanhar o ritmo. Acelerada, a escritora, palestrante e consultora chegou como um vulcão ao palco da #MagNext2023, conferência sobre negócios e desenvolvimento pessoal acompanhada pela reportagem a convite da MAG Seguros. O evento foi realizado no centro do Rio de Janeiro.

Após menos de cinco minutos no palco, a escritora brincou com a velocidade com que fala e transmite informações: talvez umas cinquenta palavras por minuto. "Estão conseguindo me acompanhar? O bom é que quando envio áudio, ninguém precisa acelerar", arrancando risos da plateia, enquanto rapidamente seguiu para o slide seguinte.

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Uma das pensadoras mais influentes do Brasil e consultora das áreas de negócios, tendências e inovações para empresas em toda a América Latina e também multinacionais, Martha é autora do recém-lançado “Inteligência Artificial - do zero ao metaverso” e dos best sellers “Marketing na Era Digital", “Você, Eu e os Robôs - como se transformar no profissional digital do futuro” e “Educ@r - a (r)evolução digital na educação”, os dois últimos finalistas do Prêmio Jabuti. Ao O Liberal, a especialista falou com exclusividade sobre inovação, negócios e era digital. Confira:

Você acredita que no mundo dos negócios existe espaço pra uma atuação sem inovação hoje em dia?

Existe se você quer ser seguidor, porque alguém inovou e você vai utilizar aquilo, mas você coloca cada vez mais em risco a sua sobrevivência e a sua margem. Tem tanto espaço pra inovar. Hoje a gente tem cinco gerações juntas no planeta, daqui a pouquinho seis, e as pessoas não tão enxergando. Então, tem espaço nichado, tem espaço em toda adversidade, tem espaço com as mudanças que a tecnologia traz. Então, precisa, se você quer ter uma vantagem competitiva, se você quer fazer menos esforço, inova.

Como a gente consegue diferenciar uma inovação de uma invenção?

Invenção normalmente é quando você tem uma ruptura muito grande na sociedade. Por exemplo, o carro, foi uma invenção. Ele mudou toda forma como as pessoas moram, se locomovem, espaços que elas conseguem alcançar... Agora, a invenção é uma inovação também, tá? Disruptiva. Agora, a grande inovação que é que é o que muda o mundo, são aquelas pequenas coisinhas no dia-a-dia. Você não vai lembrar quando parou de ter fichas telefônicas. Então, a gente começa a ver e fala: 'Nossa, eu não vi quando isso mudou, eu não vi quando isso mudou'. São as [coisas] pequenininhas do dia-a-dia que você começa a ver que cê tá fazendo coisas diferentes e você não fazia antes, quando cê vê, em um ano é um montão. Essas são são as mais importantes, porque elas são a maioria das inovações que acontecem, elas não são pontuais.

Como é que faz pra ser pra ser inovador? A criatividade basta?

Não, não. Método, né? Eu deixei o método aqui. Tem um TEDEx meu que fala sobre isso, que é "Lagarto e Borboleta". Você tem começar observando os problemas, paixão por problema e depois que você observou os problemas como eles interagem, você tem ideia. Depois da ideia tem que implementar, tem que fazer os testes. Implementa uma versão, vê se funciona ou não, se não funcionar testa de novo, então é método, tem vários métodos, Design Thinking, Linha, Agile, e vários outros que são usados nas áreas de engenharia, outras áreas também.

Você falou dessa questão, não basta só ter uma novidade. Como fazer?

Inovar é agregar valor. Não adianta você ter uma novidade, que às vezes é uma coisa nova, mas não agrega valor pra ninguém, é só uma coisa nova. Inovar é agregar valor e agregar valor é resolver problemas dos outros, é diminuir a dor, aumentar o prazer ou fazer que fique mais simples, economizar energia. Então não existe agregar valor sem resolver um problema. Não tem, cê só agrega valor quando você faz algo que melhora a vida do outro, se não cê vai agregar valor, cê tá fazendo o mesmo, cê não tá agregando valor. Então, algo que melhore a vida dos outros. Se você tá repetindo algo que já foi feito e tá melhorando os outros, você tá com a solução de negócio, não existe negócio que não resolva problema, mas quando você passa a resolver problemas que não existiam antes, aí você tá inovando, tá? Inovar tem que ser agregando valor, senão você não tá inovando.

Tem uma diferença de agregar valor antes pra agora na era digital?

Não, porque assim, inovação tem a ver com humanos, é resolver problema de humanos. Antes os problemas eram diferentes, agora os problemas são outros, mas o método é o mesmo, por isso que eu falei que eu adoro método. Método não importa as ferramentas que tem, não importa os recursos que você tem, o método vai trazer a melhor solução dentro do contexto que você tá. Então, cê observa passo a passo e cê chega na melhor solução.

Independente da época, os problemas continuam, né?

Se você usar esse método que eu dei aqui na pré-história, que eles não tinham esse método, né? A gente aprendeu com quem inova, resolveriam muitos problemas lá. O método não muda, o que muda são os recursos, a tecnologia, os instrumentos que a gente tem e os problemas que a gente vai aplicar o método. O método ele é eficientíssimo porque ele realmente é aplicável, aplicável em qualquer situação, ele é replicável, por isso que mais é legal, cê replica em outros contextos. Você sabe um método, você sabe resolver problema.