Vacina contra dengue: imunização de idosos exige cautela e requer prescrição médica
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal
Os idosos ficaram de fora do grupo prioritário para receber a vacina contra a dengue, a Qdenga, da farmacêutica Takeda Pharma, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante foi incorporado, após ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). ainda em 2023. A imunização está disponível para pessoas de 4 a 60 anos. No entanto, a Qdenga não deve ser aplicada em pessoas acima de 60 anos, uma vez que não foram feitos estudos de eficácia nessa faixa etária, segundo especialistas. Portanto, a imunização requer prescrição de receita médica.
Segundo o geriatra Karlo Moreira, a vacina da dengue não é indicada para pessoas acima de 60 anos, em um primeiro momento, porque as chances de reações ao imunizante são altas, principalmente pelo fato de que idosos são grupos com menor imunidade e resistência. “Deve existir uma certa cautela no que se refere à vacinação do idoso, porque o vírus não é um inativado, não é um vírus morto, é um vírus apenas atenuado. Então, ele é mais fraco do que a doença, mas ele está vivo”, afirma o médico.
Em laboratórios e clínicas particulares, a vacina é aplicada em idosos mediante apresentação de prescrição médica. “Existe um risco maior de reações adversas com o uso de vacinações em idosos. Não só de febre, dor no corpo, por exemplo, que pode ser mais intensa, mas, às vezes, até casos mais graves, com dor de cabeça, vômitos até o ponto de passar mal e precisar ir para o hospital. Não é que os idosos sejam completamente proibidos de tomar a vacina, mas precisa ter cautela e de uma avaliação médica. Até porque os idosos não são todos iguais”, alerta.
Acompanhamento médico
O médico lembra, ainda, que a recomendação é baseada na indicação do laboratório fabricante da vacina, que não recomendou a aplicação da Qdenga nos idosos. “Depois de uma avaliação médica, ao indicar essa vacina, os idosos devem ser monitorados e acompanhados por esse médico. Mas aqueles idosos mais debilitados, adoentados, frágeis, o risco de complicação é muito grande, acho que não vale a pena correr. Você deve continuar orientando as medidas preventivas, como evitar água parada, uso de repelente e outras medidas já conhecidas por muitos”, aconselha o médico.
“Como toda vacina, à medida que vai passando o tempo, ela vai sendo melhorada, aperfeiçoada. E é possível que um grupo maior de idosos sejam estudados no futuro pelo próprio laboratório, por pesquisadores independentes e, no futuro, essa recomendação possa ser mudada. Ao lembrar da vacina contra covid, também foi assim. No início não indicava, por exemplo, para crianças e depois algumas vacinas foram autorizadas para elas”, relata o especialista.
“E a maioria das vacinas tem esse propósito. É feita uma pesquisa inicial, a gente vê o grupo que mais se beneficiou com menos reações e indica para este grupo. Depois, a gente tenta melhorar essa vacina e vê o porquê que aqueles grupos que, eventualmente, não se deram bem ou não foram estudados, como é que a gente vai poder introduzir essa vacina. Então, é questão de tempo, eu acredito. Por enquanto, a gente deve seguir as orientações dos órgãos oficiais”, frisa o médico.
O médico lembra, também, da importância da prevenção contra a doença, sobretudo dos idosos: “A dengue é uma doença bastante prevalente, particularmente em nosso meio, que é um estado bastante chuvoso. E a doença tem uma taxa de mortalidade alta, por conta das suas complicações. O caso mais grave de dengue é a dengue hemorrágica. E as pessoas mais debilitadas são mais sujeitas a fazer esse tipo de complicação, como, por exemplo, as crianças e como, por exemplo, os idosos. De um modo geral, é importante vacinar e tomar as medidas preventivas para dengue”, aponta Karlo.
Pioneiro
O Ministério da Saúde incorporou, em dezembro de 2023, a vacina contra a dengue no SUS. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. A vacina, conhecida como Qdenga, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses. Também de acordo com o Ministério da Saúde, é por isso, que a vacinação será focada em público e regiões prioritárias.
A incorporação do imunizante foi analisada de forma célere pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) e passou por todas as avaliações da comissão que recomendou a incorporação. No último dia 25 de janeiro, o MS anunciou as 17 unidades federativas escolhidas para a vacinação contra a dengue a partir de fevereiro.
A seleção, que não teve o Pará incluído, segue três critérios, conforme a pasta: são formadas por municípios de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo DENV-2. A imunização será aplicada nessas regiões endêmicas, em 521 municípios. As unidades da Federação escolhidas são: Acre, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA