Uso do 'Paxlovid' para tratamento da covid-19 é bem visto por infectologistas paraenses
Para os infectologistas Alessandre Guimarães e Louviral Marsola, o remédio chegou tardiamente no país, mas promete oferecer um ótimo tratamento aos pacientes que apresentam casos leves e moderados da doença
A liberação do medicamento “Paxlovid”, para tratamento da covid-19, nas farmácias brasileiras tem sido vista de forma positiva por especialistas paraenses. A decisão foi divulgada nesta segunda-feira (21) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo o infectologista Alessandre Guimarães. além do medicamento ser uma opção terapêutica segura contra o vírus, aprovada em muitos outros países pelos órgãos reguladores da saúde, há estudos que demonstram cerca de 89% de eficácia na prevenção de hospitalizações e mortes de pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
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O remédio, que consiste na junção dos antivirais “nimatrelvir” e `'ritonavir", servirá para combater o vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, evitando que haja replicações no organismo humano. O infectologista paraense explica que o medicamento servirá de opção de tratamento para casos leves e moderados, em pacientes doentes, até o quinto dia do início dos sintomas.
“O ideal é que a medicação seja usada nas primeiras 48 horas, com indicação para adultos que apresentem risco aumentado de agravamento da doença, adultos não vacinados, idosos e adultos com imunocomprometimento por quaisquer razões”, acrescentou o médico, reforçando a indicação da Anvisa de que apenas adultos poderão receber o remédio, claro, se tiverem portando receita médica.
Alexandre Guimarães avalia que o “Paxlovid” chegou com um “certo atraso”, pois alguns países já utilizavam o medicamento bem antes - em alguns, desde o primeiro setembro de 2022. No entanto, o infectologista pontuou que a aprovação veio em um “momento ideal”, onde a população precisava de um “cuidado a mais”, porque a média móvel de internações de pacientes infectados pela covid-19 apresentou subidas em alguns Estados.
“Por exemplo, o Estado de São Paulo, está superando a marca de 160% quando comparado ao mês anterior. O país como um todo evidenciar tendência de uma quinta onda deve ter motivado a aprovação em caráter de unanimidade pelo colegiado da Anvisa, o que demonstra uma preocupação de todos, evidenciando ser o momento ideal, sobretudo por estarmos diante de sub variantes da ômicron que “driblam” os mecanismos imunológicos das vacinas e experiências com a própria doença, de quem já a teve pregressamente”, afirmou o médico.
Na percepção do infectologista Lourival Marsola, o remédio também chegou de forma bastante atrasada no país. Ele enfatiza, inclusive, que a falta desta medicação contribuiu na retardação do tratamento de pacientes que chegavam aos hospitais apresentando casos leves e moderados.
O médico também apontou que alguns pacientes precisaram ser internados porque não havia “medicação oral que preenchesse a indicação” dos quadros de saúde citados anteriormente, o que poderia ser evitado.
O que muda com a liberação do remédio?
O doutor Lourival Marsola afirmou que a liberação do medicamento “Paxlovid” para o tratamento contra a covid-19 traz vários benefícios. Dentre eles, a possibilidade de oferecer ao paciente - com fator leve ou moderado da doença uma forma de tratamento eficaz, uma medicação que pode ser conseguida de forma rápida, ajudando-o a ter uma melhor recuperação.
“A gente agora tem uma medicação que pode ser prescrita e utilizada na rede privada, de uma forma fácil, porque antes nós não tínhamos essa opção. E o paciente, por exemplo, que tiver no consultório, que antes não tinha como utilizar um antiviral, agora, poderá usar uma droga autorizada e de rápida aquisisição”, reafirmou o médico.
Segundo a Anvisa, o uso será com prescrição médica (receita). Durante a comercialização no país, o medicamento estará com a bula e rotulagem em português de Portugal e em espanhol.
Principais cuidados com o medicamento
Marsola informou que o remédio não deve ser administrado em pacientes internados em casos graves. Para ele, o uso do medicamento é indicado apenas para reduzir as formas graves - o que não aconteceria com um infectado já hospitalizado - ou até mesmo diminuir as internações.
Por isso, o infectologista Alexandre Guimarães destacou que há certas limitações de uso para o medicamento. Ele informou que o “Paxlovid” não pode ser usado como forma de “prevenção” à infecção causada pelo vírus, e nem após a exposição ou contato com alguém que esteja apresentando sintomas da doença. Também não está autorizada a administração nos seguintes casos, segundo o médico:
- Casos em que o paciente está doente por mais de cinco dias;
- Pacientes com insuficiência renal grave;
- Mulheres grávidas;
- Administrar o uso do medicamento por mais de cinco dias.
O uso do ‘Paxlovid’ contra a covid-19 pode vir substituir a vacina?
Vale destacar que a vacinação continua sendo a melhor método para prevenir a contaminação da doença. Por mais que o uso do remédio “Paxlovid” venha ajudar na luta contra a covid-19, esta opção terapêutica não implicará na rejeição dos imunizantes, de acordo com o infectologista Alexandre Guimarães. Na visão do médico, o medicamento recém aprovado não substituiria as vacinas.
“Tivemos uma ampla campanha de vacinação com aceitação pela grande maioria da população, já com esquema vacinal completo. Precisamos avançar mais nos reforços (primeiro e segundo reforço), enquanto as vacinas de segunda geração não chegam no país (vacinas bivalentes, já amplamente utilizadas em outros países também)”, pontuou o médico.
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