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Uso de tablets na infância pode provocar ciclo de raiva e frustação, diz estudo

O estudo alerta que este ciclo vicioso pode ser prejudicial ao desenvolvimento emocional e social das crianças

Thaís Neves

O uso de tablets por crianças pequenas pode provocar um ciclo vicioso de raiva e frustração, é o que mostra uma nova pesquisa canadense publicada no JAMA Pediatrics.O estudo alerta que este ciclo vicioso pode ser prejudicial ao desenvolvimento emocional e social das crianças, ressaltando a importância de controlar o tempo de uso de tablets e promover outras formas de entretenimento e aprendizagem que não envolvam dispositivos eletrônicos.

De acordo com a pesquisa, o uso frequente destes dispositivos eletrônicos pode aumentar a probabilidade de reações emocionais negativas. Quando os pais percebem que os filhos estão ficando irritados, eles muitas vezes recorrem aos tablets para acalmá-los, no entanto, esta estratégia pode agravar o problema, levando a um aumento da dependência dos dispositivos e a dificuldades emocionais persistentes.

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Em Belém, a médica pediatra Nívea Contente explica que o uso do dispositivo se apresenta como uma recompensa para a criança. "Os pais usam hoje o tablet e o celular como uma recompensa para quando a criança está vivendo um momento que não seja agradável para ela, está tendo raiva ou está se frustrando, então os pais acabam que 'recompensam' aquela criança com o uso dos dispositivos. Hoje em dia o acesso da criança a esses dispositivos eletrônicos está se iniciando cada vez mais cedo, infelizmente. A gente também tem que muito cuidado quando estamos com bebês  no colo, isso também influencia no cérebro do bebê", diz.

A profissional ainda alerta que a Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomendam o uso de tablets ou qualquer outro tipo de tela (tablets, celulares, televisões, etc.)  para crianças menores de 2 anos. "A partir de 2 anos é necessário ter um controle muito grande no tempo de uso. Hoje em dia as crianças levam para o colégio, o celular, o tablet, por isso o excesso fica muito facilitado e de difícil controle. O correto é estimular os outros briquedos, a criatividade, até o tédio é importante porque é nesse momento que a gente aprende a pensar, a elaborar algo mais criativo, então hoje as crianças não conseguem se curtir sozinhas, brincar sozinhas, ficar sozinhas no seu ambiente e aprender a se curtir desde pequenas, sem ficar na dependência emocial de telas", avalia.

Em situações em que a criança apresenta episódios de raiva e frustração devido ao uso de dispositivos, a pediatra destaca a importância de explicar que sentir frustração faz parte natural da vida. " Se a criança sentir raiva, o correto é perguntar para aquela criança o porque ela está sentindo aquilo? Como ela se sente em relação a emoção da raiva? Como ela pode melhorar e administrar esse sentimento? É importante lembrar, que as vezes a criança tem como exemplo os pais, então nós também temos que aprender a administrar nossas emoções porque muitas vezes acabamos passando isso para os filhos e eles aprendem de forma inadequada", explica.

A empresária Patrícia Leão, de 44 anos, mãe de Ernane Neto, de 8 anos, e Davi Leão, de 10 anos, compartilhou que, após a pandemia, percebeu em seus filhos sinais de ansiedade, além de episódios de raiva e frustração tanto durante o uso dos dispositivos eletrônicos quanto na ausência deles.

Patrícia Leão e os filhos Ernane e Davi. Foto: Ivan Duarte / O Liberal

Patrícia relata que presenciou episódios negativos em seus filhos com o uso dos tablets. "Quando eles eram mais novos, nós presenciávamos a irritabilidade, a encrenca entre os dois, a implicância um com o outro. Então, nós começamos a perceber que isso estava afetando a parte emocional deles. Nós tivemos que trabalhar a questão do tempo diário de uso, porém, nós não proibimos 100%",  conta.

Ao perceber as emoções negativas em seus filhos, Patricia ainda relata que buscou ajuda profissional. "Eu busquei ajuda profissional, eles passaram a falar a palavra tédio, quando iam para algum local ficavam entediados por não ter o tablet para usar. Eu presenciei uma cena de agressividade, o Davi agrediu a prima porque ele estava em um joguinho e a prima colocou o dedo na tela. Nesse momento eu disse que teríamos que tomar uma medida mais radical. Hoje, as crianças tem uma vida  muito intensa de estudos durante a semana, então, o uso do tablet ele fica exclusivo só para o entretenimento. Eles usam apenas no final de semana. O tempo de uso a gente trabalha conforme as necessidades, mas eu tenho o controle de 2 horas por dia, apenas no sábado e domingo", finaliza a empresária.

O estudo envolveu 315 pais de crianças em idade pré-escolar da Nova Escócia, no Canadá. Esses pais participaram da pesquisa em três momentos, quando os filhos tinham 3,5 anos (em 2020), 4,5 anos (em 2021) e 5,5 anos (em 2022). Durante o estudo, os pais relataram o uso de tablets pelos seus filhos e avaliaram as expressões de raiva das crianças utilizando um questionário padrão chamado Children's Behavior Questionnaire. Vale destacar que a pesquisa foi conduzida durante os anos críticos da pandemia de Covid-19, período que os pesquisadores consideraram relevante devido ao aumento do estresse e às interrupções na rotina causadas pela pandemia.

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Belém
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