Uso de suplementos sem orientação pode fazer mal à saúde, alerta nutricionista
Polivitaminicos consumidos de forma indiscriminada podem prejudicar a saúde em vez de produzir o resultado esperado
Uma cena comum a qualquer cliente que se dirige às redes de farmácias para comprar medicamentos ou outros produtos é receber dos atendentes a oferta de polivitamínicos. Isso quando o consumidor não decide comprá-los por conta própria, sem a orientação de um profissional. Em ambos os casos, o uso indiscriminado dessas substâncias pode trazer riscos à saúde sobre os quais pouco se fala, daí a importância de, sempre que possível, consultar um especialista antes de consumir esses produtos.
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Vitaminas são micronutrientes encontrados nos alimentos que são essenciais para o bom funcionamento do corpo e manutenção do sistema imunológico. Elas exercem funções de reparação e potencializam algumas ações do organismo. "A gente tem essa visão de que é necessário ingerir vitaminas com frequência e que essa suplementação pode ser feita de qualquer forma e a qualquer momento. Essa máxima do 'quanto mais, melhor' surgiu principalmente com esse 'boom' das academias e das atividades físicas", observa o nutricionista Leandro Leal.
Ele explica que o aporte maior de vitaminas é necessário quando se está fazendo algum exercício físico que impõe ao corpo maior impacto, caso da musculação, por exemplo. Mas, isso não significa que essas vitaminas processadas tenham que ser repostas o tempo todo. A maior quantidade de vitaminas e nutrientes essenciais ao corpo, destaca Leandro, são aqueles absorvidos de forma natural, ou seja, oriundos da alimentação diária.
A reposição de vitaminas só é indicada para aquele indivíduo que não consegue alcançar as necessidades nutricionais somente por meio da alimentação. "É muito complicado a gente falar em reposição dessa forma que a gente vê hoje em dia, é chegar na farmácia, o vendedor, não é nem o farmacêutico, é o vendedor que não tem uma formação acadêmica e vai te oferecer uma vitamina, que nem sempre é de qualidade", destaca.
Como exemplo, ele destaca que a pessoa chega em uma farmácia e recebe de um vendedor que se tem uma promoção de ômega 3, e, então, compra o produto. No entanto, para se adquirir um produto com ômega 3 de qualidade e eficaz é fundamental ter níveis de qualidade desse item e de outros nutrientes também. Com relação ao ômega 3 precisa ter uma embalagem fosca, o selo de qualidade chamado o IFOS indicando que aquele ômega 3 é proveniente do peixe e sem contaminação de mercúrio.
Equilíbrio e risco
Polivitamínico é um grupo de vitaminas em uma única cápsula. Leandro Leal destaca que quando se utiliza um polivitamínico sem orientação de um profissional e sem necessidade, pode ocorrer uma disputa de absorção entre as vitaminas. "Por exemplo, eu vou consumir um polivitamínico que na composição dele tem ferro e cálcio. O cálcio atrapalha a absorção do ferro e o ferro atrapalha a absorção do cálcio".
"E aí, eu não vou ter uma função eficaz; vai ficar uma disputa ali. Se eu vou consumir ferro, eu tenho que consumir cálcio momentos muito depois, em diferentes momentos. Esse uso sem orientação de polivitamínicos pode causar uma hipervitaminose (intoxicação provocada pelo excesso de vitaminas). Algumas vitaminas em uma quantidade acima do recomendado causam algumas toxicidades; o uso equivocado pode causar até cegueira, no caso da vitamina A em excesso", assinala o nutricionista.
O ideal para se fazer uso de suplementação de vitaminas, por primeiro, é procurar um nutricionista para avaliar, via exames bioquímicos, as necessidades da pessoa. Leandro Leal lembra que no auge da pandemia da covid-19 se pensou que o consumo da vitamina "D" iria servir de proteção ao coronavírus, ao passo que ao se consumir vitamina "D" em excesso pode causar cardiotoxicidade, o enrijecimento da musculatura do coração, o que atrapalha o batimento cardíaco. Com orientação de um profissional, o suplemento vitamínico pode ser encontrado em farmácias convencionais ou nas farmácias de manipulação par uso correto pela população.
Atenta
Kenia Nascimento Dias, 41 anos, é técnica em Logística e estudante de Farmácia. Essa moradora do Município de Ananindeua, casada e mãe de dois filhos, faz uso de polivitamínicos há dois anos."Eu tenho o acompanhamento de uma nutricionista, com tudo direitinho, e faço uso desses medicamentos indicados, esses polivitamínicos".
Ela destaca que usa as substâncias para ganhar energia e para a própria imunidade. Isso porque Kenia pratica exercícios físicos, ou seja, musculação e dança. Sobre o fato de muita gente comprar vitaminas por impulso e sem orientação profissional, Kenia observa que "as pessoas devem se consultar com um nutricionista, para ter um diagnóstico e saber se a pessoa precisa e qual o tipo de vitamina ela precisa para a saúde dela, antes de comprar a vitamina".
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