Uso de máscara de pano requer cuidado em meio a pandemia

Peças de fabricação caseira têm eficiência, mas dependem do tipo de tecido usado

Andréia do Espírito Santo

Com o aumento no número de pessoas infectadas com o novo coronavírus, o uso de máscaras passou a ser obrigatório em algumas cidades, como Belém, para evitar o contágio. E um estudo avaliou o potencial de eficácia das máscaras de tecido por meio de comparação com as máscaras médicas aprovadas (cirúrgicas, N95 ou similares).

Com o nome “As máscaras de pano são um substituto das máscaras médicas fabricadas? Uma revisão sistemática”, a pesquisa foi coordenada pelo professor David Normando, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Segundo o estudo, embora o uso de máscaras de tecido possa ser uma opção para reduzir a transmissão e a contaminação do vírus Sars-CoV-2 entre a população em geral, ela não é eficaz o suficiente para uso entre os profissionais de saúde. Ou seja, o correto seria que os eles usassem apenas as máscaras aprovadas para utilização médica.

Mas o foco não fica apenas nos profissionais da saúde. O estudo vai além e aponta quais os tecidos com maior e menor eficiência e mais adequados para a confecção de uma máscara de pano caseira. Segundo o estudo, os mais indicados são o saco de aspirador, pano de prato e sarja, por eles terem 80% de filtragem.

Ainda é orientado que as pessoas fiquem atentas na limpeza e a lavagem da peça de proteção facial, além de ter cuidado adequado para evitar danos progressivos ao tecido.

Orientação

O infectologista do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), Lourival Marsola, explica que as máscaras são importantes para que não haja a disseminação das gotículas que são produzidas durante a fala, tosse e espirro para o meio ambiente.

“A finalidade da máscara para a população é evitar que pessoas assintomáticas disseminem o vírus. A máscara caseira não é adequada para filtrar o ar, mas ajuda. Elas são uma improvisação. Como não tem máscara cirúrgica para todo mundo, a caseira ajuda. Mas é preciso ver quais os tecidos recomendados. Além disso, ela precisa ter dupla face porque aumenta o poder de filtração e precisa cobrir a boca e o nariz. O ideal é seguir o ‘design’ das máscaras hospitalares”, comenta.

É comum ver algumas máscaras caseiras com detalhes, como flores e tachas. Lourival Marsola alerta que essa atitude pode acabar prejudicando a pessoa por facilitar a passagem do ar contaminado. “Só lembre de não furar a máscara, porque se fizer um crochê ou algo assim estará furando a máscara e isso facilita a redução da filtragem e facilita a passagem do ar contaminado. E lembrem de lavar a máscara. Eu tenho visto as pessoas usarem a máscara doméstica por semanas e nem lavar. E a máscara é de uso individual. Nada de compartilhar”, afirma.

O médico ainda faz as recomendações para quando for utilizar o objeto. “A máscara precisa caber direitinho na nossa face para evitar a saída de ar pelas laterais. Quando for colocar a máscara ela precisa estar limpa e as mãos também para não contaminar o rosto. Nós colocamos as máscaras segurando pelo fio e nunca pela região da frente, nunca pegando no tecido. Além disso, a pessoa precisa ter duas máscaras para quando uma ficar úmida e suja possa ser lavada. Nesse caso precisa usar água e sabão e colocar de molho no hipoclorito. Mas eu sugiro que nesse caso a pessoa leia o rótulo do produto para saber se pode diluir ou não. Quando for descartar a máscara que jogue no lixo. A gente sugere que coloque no saco, amarre e o identifique”, orienta. 

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