Um ano após incêndio, trabalhadores da 15 de Novembro, em Belém, dizem que movimento não normalizou

"A 15 de Novembro não é mais a mesma”, diz o operador de caixa Silas Medeiros; em 13 de abril de 2023, cinco imóveis foram atingidos por aquele incêndio

Dilson Pimentel

Um ano após o incêndio que atingiu cinco imóveis, entre os quais uma loja de variedades, na rua 15 de Novembro, no centro comercial de Belém, trabalhadores daquela área dizem que as vendas ainda não voltaram ao normal.

Eles afirmam que aquele era um prédio histórico, que abrigou lojas que, por serem referência naquela região, sempre atraíram um grande número de clientes para si e para os demais estabelecimentos da área. E que, depois do incêndio, esse fluxo de pessoas para aquela área não é mais o mesmo.

Em 13 de abril de 2023, cinco imóveis foram atingidos por aquele incêndio - sendo duas propriedades com perda total e outras três tiveram perda parcial. A Redação Integrada de O Liberal esteve no local, na manhã desta segunda-feira (20), e verificou que operários trabalham no local. O imóvel pertence a um empresário que o havia alugado a loja para comerciantes chineses. Os trabalhadores que ficavam nesse prédio estão, hoje, em outro imóvel ali pertinho, trabalhando normalmente.

Silas Medeiros Tavares, 43 anos, é operador de caixa e trabalha em uma loja bem em frente ao prédio que foi consumido pelas chamas. Inicialmente, para que fosse feito o trabalho do Corpo de Bombeiros e das demais autoridades, aquele perímetro foi fechado. “E, aí, houve uma dificuldade muito grande dos clientes entrarem aqui e chegarem até a nossa loja. E, com isso, houve um impacto muito grande. Parece que os clientes deixaram de andar aqui na rua 15 de Novembro. As vendas caíram em torno de 80%”, disse.

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"A 15 de Novembro não é mais a mesma"m diz operador de caixa

Ele afirmou que o impacto ocorre até hoje. Silas lembrou que aquele prédio abrigava, antes, uma loja muito tradicional. Depois, veio a loja de variedades consumida pelo fogo. “Essa loja veio após o período de funcionamento de outra loja muito tradicional. Era como se fosse um pulmão aqui da 15 de novembro. Quando ela estava indo bem, as outras lojas iam bem junto, por causa do fluxo de pessoas”, contou.

“E, depois desse incêndio, parece assim que os clientes sumiram daqui”, disse. “Houve uma quebra de fluxo de pessoas muito grande aqui na rua 15 de novembro. Não só aqui na nossa loja, mas em todas as outras. A (rua) 15 de Novembro não é mais a mesma”, contou.

Para recuperar a clientela, a loja tem investido nas redes sociais. Ele afirmou que não há uma ação do poder público para evitar incêndios como aquele. “Falta uma ação preventiva no centro comercial”, disse. Ele afirmou que os responsáveis pela loja onde trabalha adotaram as medidas necessárias para evitar incêndio no estabelecimento. “Nós verificamos todos os ventiladores, sistemas elétricos, tudo. Inclusive, a gente montou um novo sistema elétrico na loja. Tem também aqui a parte aqui de combate a incêndio”, disse.

image Nonato Araújo é atendente de uma loja nas proximidades do prédio que pegou fogo: "Passou um ano, mas a gente ainda sente o impacto de como era antes e como está hoje” (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

Nonato Araújo, 56, é atendente de uma loja nas proximidades do prédio que pegou fogo. Trabalha nessa loja há 15 anos” A gente sente que caiu muito o movimento”, disse. “Era uma loja que atraía bastante clientes. Com isso, o pessoal que comprava lá também vinha muito aqui. Passou um ano, mas a gente ainda sente o impacto de como era antes e como está hoje”, afirmou.

Ele completou: “Aqui a gente trabalha com diversos artigos. Então, sempre alguém vem aqui comprar alguma coisa, porque os nossos preços são muito populares, o que é atrativo para a clientela”, afirmou. Nonato disse que sempre há o receio de um incêndio de grandes proporções naquela região do comércio, porque os prédios são antigos. “E, muitas vezes, as pessoas não têm aquele cuidado de fazer uma manutenção. Mas aqui, na loja, a gente sempre tem esse cuidado. E, após esse acidente, a gente se preveniu mais ainda”, afirmou.

O que diz a Prefeitura de Belém

A Comissão de Defesa Civil de Belém (Comdec) informou que é responsável pela avaliação estrutural de imóveis para identificar possíveis riscos e sugerir medidas cabíveis, que preservem a segurança e a integridade estrutural dos prédios. A partir do que foi feito e sugerido, os demais órgãos do município oferecem outros direcionamentos e ações, quando forem necessários.

Em relação a esse prédio na 15 de Novembro, o levantamento estrutural da Defesa Civil identificou que a parte interna do imóvel, que estava em risco, foi demolida, e a parte frontal foi escorada. Por se tratar de uma propriedade privada, cabe ao proprietário tomar as medidas e realizar as obras que foram sugeridas.

Já a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) esclarece que quem fornece o habite-se, no que diz respeito à prevenção e combate a incêndio, é o Corpo de Bombeiros. A Fumbel não tem obrigações de reconstruir ou reformar imóveis de particulares, pois isso cabe aos proprietários.

As providências a serem tomadas, previstas para a Fumbel, são estas: inicialmente, vistoriar o imóvel para verificar os danos provocados pelo incêndio; identificar e notificar os proprietários; solicitar ao Corpo de Bombeiros e Defesa Civil cópias dos relatórios de vistoria, para subsidiar a orientação a ser dada aos proprietários quanto aos procedimentos necessários para a salvaguarda do bem.

E, em caso de não ser possível identificar e/ou notificar diretamente os proprietários, solicitar apoio da Delegacia de Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa) para localização dos documentos. A reportagem também entrou em contato com o Corpo de Bombeiros, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.

 

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