Telhas e tijolos ecológicos: veja o que são e quais as vantagens para usar na construção de casa
Pesquisadores da UFPA desenvolveram um projeto de produção de tijolos ecológicos com o uso de resíduos da mineração e de argila
Telhas e tijolos ecológicos são alternativas mais confortáveis para amenizar o calor de uma casa. Além disso, estão em sintonia com a sustentabilidade. Ao contrário dos tijolos tradicionais, que são queimados em fornos e geram gases poluentes, os ecotijolos são compactados e moldados em uma prensa hidráulica, dando vida a um material ecologicamente correto, muito resistente e que ainda apresenta conforto térmico e acústico.
A telha ecológica, também conhecida como telha de fibra vegetal, é a opção mais sustentável entre as telhas com isolamento térmico. Com baixa condutividade térmica, oferece conforto térmico e acústico. Sua composição inclui resíduos naturais, como coco e madeira, proporcionando uma produção que reaproveita materiais descartados no meio ambiente. No final de sua vida útil, a telha pode passar por um processo de reciclagem. Suas vantagens incluem leveza, sustentabilidade, conforto térmico e acústico, economia e facilidade de instalação.
Em Belém, a consultora de vendas Cléa Souza disse que, em geral, as telhas ecológicas possuem uma proteção contra os raios ultravioleta. “Inibe a temperatura dos ambientes internos. Tem a durabilidade também. A resistência da telha ecológica perdura até 15 anos, se forem seguidas as orientações de instalação corretamente”, afirmou.
É, portanto, uma telha ideal para a região, por causa do calor. “É a melhor opção. Além de reter a temperatura dos ambientes internos, ela ainda protege contra os ruídos externos. Ela tem uma camada acústica na própria peça”, afirmou.
Cléa recomenda que um profissional qualificado faça a instalação da telha. “A empresa disponibiliza, se for a critério do cliente, o profissional da fábrica para fazer o acompanhamento”, explicou.
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Em Ananindeua, pesquisadores da UFPA produzem tijolos ecológicos
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram um projeto de produção de tijolos ecológicos com o uso de resíduos da mineração e de argila. Esse tipo de tijolo é ideal para a região, que é muito quente, além de contribuir para diminuir os danos ao meio ambiente.
O principal objetivo da pesquisa é promover alta eficiência na diminuição de rejeitos produzidos por empresas mineradoras da região Norte e, também, oferecer materiais de baixo custo ao mercado da indústria civil. “É a ciência a serviço da comunidade”, disse a professora Verônica Scarpini, do PPGCEM da UFPA (Campus de Ananindeua).
Entre as vantagens da criação do novo produto ecológico estão a composição única, que propicia uma boa resistência mecânica, redução do consumo de argila e o uma estética desejável comparada aos outros tijolos tradicionais; além da pouca utilização de energia durante o processo de queima, o que contribui significativamente para a redução da emissão de carbono dentro dos ambientes de construção civil.
“Os nossos tijolos e as nossas telhas têm uma capacidade de diminuir a retenção de calor e aumentar o conforto térmico das construções na nossa região, uma vez que os materiais cerâmicos são isolantes. Além disso, quando a gente utiliza esses resíduos, eles contribuem ainda mais para poder diminuir essa sensação de calor dentro das edificações”, afirmou.
A argila usada é oriunda do Marajó. “A gente tem o objetivo de reduzir a quantidade de argila (que é retirada do meio ambiente) e utilizar o resíduo de mineração, que é um material que não tem destino final ambientalmente correto”, explicou a professora Verônica Scarpini. Esse resíduo vem da extração do caulim, um tipo de minério.
A ideia é produzir tijolos e telhas ecológicos com o objetivo de ter materiais que são sustentáveis, que tenham melhor capacidade de isolamento térmico e isolamento acústico também, afirmou. O custo para a população também é menor que o tijolo comercializado normalmente no mercado. “O custo desse tijolo e dessa telha é menor do que o de mercado, cerca de 50% a menos do que é encontrado no mercado atual”, acrescentou.
O projeto começou a ser desenvolvido em 2016. “Mas, agora, a gente chegou à formulação correta em que a gente conseguisse associar boa resistência mecânica, isolamento térmico, isolamento acústico e também associado ao desenvolvimento das dissertações de mestrado aqui do programa (PPGCEM)”, afirmou Verônica Scarpini. Desse projeto também participam o mestrando e arquiteto Fabio Brito e a mestranda e engenheira de materiais Taiana Matos.
A professora explicou que o processo de produção desenvolvido no Laboratório de Práticas Tecnológicas da UFPA, localizado no Campus Universitário de Ananindeua, segue a mesma escala do que é observado nas indústrias cerâmicas. “A gente recebe a argila e o resíduo de mineração, ambos in natura. Eles vêm como se fossem pedras. A gente diminui esse grão, deixa em formato de pó. Após deixarmos em formato de pó, a gente parte para adição de água e moldagem, que é feita sob pressão. Depois que a gente molda, a gente deixa secando em temperatura ambiente e, depois, na estufa”, explicou.
Logo em seguida, após 24 horas da secagem, o material é levado para o forno, onde ocorre a queima. Da conformação até a queima final são três dias. A unidade de um tijolo comum custa, no mercado, de R$ 3 a R$ 4. “Pra gente está saindo em média de R$1,50 a R$ 2,00”, afirmou.
O material utilizado também pode ser usado para a produção de telha ecológica. “Essa formulação que nós encontramos pode ser aplicada tanto em telha quanto em tijolo. Hoje, aqui no laboratório, só temos o protótipo do tijolo”, disse. O protótipo da telha deverá estar pronto em pouco tempo.
O trabalho de produção do tijolo ecológico vai ser apresentado no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração, que será realizado, em setembro deste ano, em São Paulo. Esse evento técnico-científico e empresarial é considerado o maior da América Latina na área. Para comprar esses tijolos, a população deve entrar em contato com a equipe do PPGCEM, pelo e-mail: é ppgcem@ufpa.br
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