Simpósio em Belém debate uso de medicamento contra malária e desafios na saúde

Especialistas debateram os avanços e obstáculos na implementação da tafenoquina, nova medicação antimalárica, no SUS. Conheça o fármaco

O Liberal
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Em meio ao crescente número de casos de malária no Brasil, especialmente na região amazônica, especialistas se reuniram em um simpósio promovido pela Medicines for Malaria Venture (MMV), durante a Reunião Nacional de Pesquisa em Malária de 2024 em Belém, debateram os avanços e obstáculos na implementação da tafenoquina no Sistema Único de Saúde (SUS) - nova medicação antimalárica. A programação foi realizada na tarde da última quinta-feira (07), no Teatro Maria Sylvia Nunes.

Incorporada em junho de 2023, o fármaco é visto como uma aliada estratégica para atingir a meta de eliminação da malária até 2035, ao oferecer tratamento em dose única e reduzir as recorrências causadas pelo Plasmodium vivax. O Ministério da Saúde estabeleceu a meta de eliminar a malária como problema de saúde pública até 2035. Uma das estratégias adotadas é a incorporação da tafenoquina ao Sistema Único de Saúde (SUS), feita em junho de 2023. 

A malária permanece um desafio significativo de saúde pública no Brasil, especialmente na região amazônica, que concentra 99% dos casos autóctones da doença. Em 2022, o país registrou 129.191 casos de malária, com 50 óbitos. Dados preliminares de 2023 indicam um aumento de 12,2% nos casos nos dois primeiros meses, totalizando 21.273 ocorrências.

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Perspectivas

Alexandre Vargas, coordenador do Programa Nacional de Controle de Malária, destacou que o tratamento em dose única tem sido fundamental para alcançar populações em áreas remotas, melhorando a eficácia do combate à doença: "Na Amazônia, onde os casos de malária estão fortemente concentrados, o regime de dose única da tafenoquina é transformador. Ao simplificar o tratamento, estamos alcançando comunidades mais remotas de forma eficaz — essencial para atingirmos nossa meta de eliminação até 2035".

Dhelio Pereira, do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (CEPEM), ressaltou que a aceitação da tafenoquina entre os pacientes tem sido positiva, especialmente devido à redução dos efeitos colaterais em comparação com tratamentos anteriores. Ele observou que a simplicidade do regime de dose única contribui para uma maior adesão ao tratamento.

“Para os pacientes que suportaram tratamentos com múltiplas doses e efeitos colaterais difíceis, a dose única da tafenoquina é um avanço. Essa simplicidade torna muito mais fácil para as pessoas completarem o tratamento e evitarem recaídas”, frisa Dhelio.

Elodie Jambert, Diretora de Acesso da MMV, enfatizou a importância de uma abordagem integrada para alcançar a meta de eliminação até 2035. Ela mencionou o desenvolvimento de novas terapias preventivas de longa duração, com potencial de proteção de até seis meses, como uma estratégia promissora para o futuro.

Pará

No Pará, de janeiro a outubro de 2024, foram confirmados 19.422 casos de malária, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Já em 2023, o Estado registrou 22.930 ocorrências da doença contra 23.714 em 2022. Neste ano, a pasta intensificou suas ações de combate à malária com um conjunto de iniciativas focadas em planejamento, assistência técnica, e controle vetorial.

Entre as principais medidas estão: planejamento e execução, em que foi elaborado o Planejamento Anual de Controle da Malária de 2024, além do Plano de Ação específico para municípios com altos índices de malária. Também houve a distribuição de insumos estratégicos, com o fornecimento de inseticidas, medicamentos e testes rápidos para os 13 Centros Regionais de Saúde.

Além disso, a Sespa garantiu apoio técnico e capacitações, com assessoria técnica para investigação e controle de casos, além de capacitações em parceria com o Lacen para atualização de microscopistas. E ainda, força-tarefa em municípios prioritários. Nos locais com maior número de casos, foram promovidas ações de busca ativa, diagnóstico, tratamento oportuno e campanhas de educação em saúde.

A Sespa também atuou na coordenação e articulação institucional: A secretaria tem mantido reuniões online regulares com municípios prioritários e com o Ministério da Saúde para alinhar estratégias de controle e atualizar as equipes sobre novos recursos e métodos, como a implementação da Tafenoquina e Diagnóstico G6PD.

O que é tafenoquina 

A tafenoquina é um medicamento usado para tratar a malária, especificamente a causada pelo Plasmodium vivax, uma das espécies de parasitas que causam a doença. Ela ajuda a eliminar o parasita do fígado, onde ele pode permanecer "adormecido" e causar novas infecções mesmo após o tratamento dos sintomas iniciais.

Ao contrário de outros medicamentos que exigem vários dias de tratamento, a tafenoquina é eficaz com uma única dose. Isso facilita o uso, especialmente em áreas onde o acesso a tratamentos contínuos é mais difícil.

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