Sermão das Sete Palavras enfatiza a mensagem transformadora de Jesus na Cruz

Na pregação do Sermão das Sete Palavras, na Capela do Colégio Santo Antônio, o padre João Paulo de Mendonça Dantas, reitor da Reitoria (Igreja) Nossa Senhora das Mercês e professor da Faculdade Católica de Belém, enfatizou a mensagem de esperança e salvação dada por Jesus Cristo ao ser crucificado no Monte Gólgota para superação dos sofrimentos gerados pelos próprios cidadãos ao se afastarem dos ensinamentos do Cristo. Ao longo do Sermão, ele enfatizou a necessidade de seguir o exemplo de Jesus e Maria na fé em Deus e utilizou-se do diálogo de Jesus com os dois ladrões crucificados para ilustrar a urgência da mudança dos cidadãos.

No Sermão, foram abordadas as Palavras: " 1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34); 2. “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43); 3. “Mulher, eis o teu filho. Eis a tua mãe” (Jo 19, 26-271); 4. “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15, 34); 5. “Tenho sede” (Jo 19, 28); 6. “Tudo está consumado” (Jo 19, 30); 7. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46).

No enfoque da Palavra “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”, referente ao diálogo do Cristo com dois ladrões também crucificados, o pregador afirmou que Jesus beatifica o malfeitor arrrependido. As três cruzes são três símbolos de redenção, com os dois ladrões representando os homens. "Todos nós somos malfeitores", chamou a atenção padre Dantas. 

"Quantos males feitos colecionamos ao longo de nossa vida? Quantas vezes mentimos, nos vingamos, agredimos o nosso próximo ou deixamos que alguém fosse agredido? Quantas vezes compactuamos com a corrupção, tentando tirar vantagem do nosso próximo, talvez, até de necessitados?", enfatizou o padre Dantas. 

Ele disse que muitas vezes, os cidadãos costumam ser vaidosos, levados pela maldade, mas no Dia Redentor (lembrado na Sexta-Feira Santa), Jesus mostra que sempre está com a humanidade, tanto que salvou não um homem (o mau ladrão), mas a todos. O papa Bento XVI, recém-falecido, foi uma referência para o pregador. Bento XVI lembrou que essa passagem mostra que a misericórdia de Deus alcança a todos nos últimos instantes, que a oração não é vã.

No altar da capela, as imagens alusivas á Crucificação de Jesus Cristo (Foto: Carmem Helena / O Liberal)

No silêncio do coração

A programação foi aberta com um pronunciamento do arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa. Ele destacou que o Sermão se constitui em "três horas preciosas, de escuta, de silêncio" em que Deus fala aos homens e os fiéis ingressam no coração de Jesus por meio das Sete Palavras. O arcebispo pediu ao orador que se inspirasse na produção do papa Bento XVI, recém-falecido. O coral Santa Cecília, regido por Eduardo Nascimento, e cantores da Arquidiocese de Belém constituiram a parte musical do Sermão.

Ao ingressar na tribuna na capela, tendo ao fundo as imagens de Jesus Cruficicado, Nossa Senhora, o apóstolo João e Maria Madalena, o pregagor, padre João Paulo Dantas fez a saudação:  "Sem Maria, nada se faz". Na abordagem da Primeira Palavra “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, padre João Paulo Dantas destacou que Jesus cumpriu o Filho de Deus seria entregue as autoridades da epóca para ser humilhado e crucificado, mas ressuscitaria ao terceiro dia. Isso por não ser uma vítima casual, mas um Senhor que se entrega com lucidez para remissão dos pecados da humanidade, "como só um Deus encarnado poderia cumprir para a salvação dos homens". 

Essa Palavra revela o diálogo amoroso de Jesus com o Pai ("Aba!", pai em língua semítica), de perdão pelos pecados da humanidade. O perdão divino se contrapõe a ignorância, a incredulidade, a insensibilidade, até mesmo a irresponsabilidade, a fraqueza humana. A verdade em se conhecer a mensagem do Cristo incomoda o homem, porque implica em renovação de vida, de melhor proceder com o próximo, como disse padre Dantas. "Ninguém pode viver na ignorância", assinalou. "Jesus não sofre apenas a dor física, mas muito mais por ter assumido a iniquidade dos nossos pecados e consquências", salienta. Como ressaltou, a misericórdia divina se traduz na Eucaristia, ou seja, o exemplo de Jesus alcançou os homens de todos os tempos.

Fiéis ouvem e refletem sobre as sete palavras a partir do discurso. Cada pregador possui uma abordagem sobre os temas. (Carmem Helena)

Deus não abandona ninguém

Nas palavras “Mulher, eis o teu filho. Eis a tua mãe”, “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?”, “Tenho sede”, “Tudo está consumado” e “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, o pregador enfatizou que Deus não abandonou Jesus (Salmo 22) e o enviou para vir buscar os abandonados na Terra e ratifica a missão de salvação por parte do Cristo.

Padre Dantas destaca a presença de Maria, de João, o discípulo amado, e de Maria Madalena diante de Jesus na Cruz. Maria sofre com o filho crucificado, "mas a dor de Maria é pascal", no sentido de que a Cruz é lugar de recriação, de nova vida. "Em Maria, a Igreja reconhece tudo o que Deus quer para nós", acrescenta. 

"Esta é a minha primeira vez aqui, na capela, eu, que moro em Macapá (AP), e é emocionante, pela pregação, pela igreja e pelas pessoas focadas no Sermão", destacou a assistente social Aline Miranda Campos.

Padre Dantas: Jesus veio para mostrar a misericórdia do Pai (Foto: Carmem Helena / O Liberal)

Sábado Santo

Neste sábado Santo (8), ocorrerá a Vigília Pascal, a “Mãe de todas as Vigílias” e a maior celebração litúrgica com cerca de 4 horas de duração. Ela sera realizada nas paróquias, e na Catedral de Belém será presidida pom dom Alberto Taveira Corrêa, às 20h. Após a vigília, haverá procissão do Jesus Ressuscitado no entorno da Praça Frei Caetano Brandão.

Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, preside, às 19h, na Área Missionária São João Bosco, no Bairro da Sacramenta. Já Monsenhor Paulo Andreolli, Bispo nomeado para Arquidiocese de Belém, celebrará, às 20h, na Fazenda da Esperança – Mosqueiro.

Confira as Sete Palavras de Jesus na Cruz:

1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34)

2. “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43)

3. “Mulher, eis o teu filho. Eis a tua mãe” (Jo 19, 26-271)

4. “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15, 34)

5. “Tenho sede” (Jo 19, 28)

6. “Tudo está consumado” (Jo 19, 30)

7. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46)