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Sem poder fazer festas, quadrilhas juninas promovem “lives” no Pará

Estratégia em tempos de pandemia mantém acesa a chama cultural de São João

Dilson Pimentel

A pandemia mudou a bonita, alegre e divertida apresentação das quadrilhas juninas em Belém. Mas, para manter acesa a tradição de São João, elas tiveram de realizar as famosas lives pela internet. Um dos grupos que se rendeu à alternativa virtual foi a quadrilha Rainha da Juventude, do bairro da Cremação, que, com 56 anos de existência, é a mais antigas da cidade e uma das mais premiadas e reconhecidas do Pará. 

“A gente se programava praticamente durante um ano. Acaba uma quadra e a gente ‘respira’ em julho. E, em agosto, começa a fazer rifas, bingos e vendas de comida para arrecadar dinheiro. Também compramos os tecidos antes de dezembro. Depois, só os materiais de acabamento, que é o que encarece mais as roupas”, conta  Júnior Lisbôa, um dos organizadores da quadrilha. 

“Em janeiro, começam os ensaios, realizados toda noite. A nossa quadra junina começa, de fato, em maio, quando a gente dança várias noites”, disse. Mas tudo mudou por causa do novo coronavírus. “No auge da pandemia, ficamos isolados, conversando por vídeo, e fazendo lives de músicas, relembrando. Paramos totalmente tudo. Só organizando fotos, vídeos. Fizemos muita brincadeira no Facebook. Começamos há fazer algumas coisas de duas semanas pra cá”, recorda.

Júnior diz que este ano “foi meio complicado”. “A gente tinha quase 70% do material comprado. E já estava bem adiantado com a coreografia. E paramos tudo em nome da saúde. Arquivamos o projeto, que, agora, será repaginado para 2021”, assegura. “Em 2020, nosso tema seria uma homenagem ao patchouli. Resgataríamos a roupa tradicional com  patchouli”, revela. 

image Legenda (Elivaldo Pamplona / O Liberal)

Perda

E, em meio à pandemia, a Rainha da Juventude teve uma perda irreparável.  “Recentemente, perdemos dona Graça, nossa grande matriarca. Foi um cho que muito grande. Vamos repaginar o tema. Vamos falar do patchouli, mas do amor ao São João tradicional, que era o que ela gostava. Dona Graça era a pessoa mais antiga ligada ao São João no Pará. Fazia São João desde 1958. Nossa quadrilha é a mais antiga do Estado, tem 56 anos”, lembra Júnior Lisbôa. 

Na semana passada, o grupo fez uma apresentação ao vivo pela internet. “A live foi um projeto solitário, com nove quadrilhas, para arrecadar fundos e cestas básicas. Houve uso de máscaras, álcool em gel, número mínimo de pessoas juntas. A transmissão foi pelo Facebook e Youtube. Um grupo ficava no estúdio, outro no camarim e outro na sala de espera. Tivemos quase 53 mil visualizações”, diz.

Herança cultural aquece a esperança

Samantha Suellen, 20 anos, é uma das brincantes da Quadrilha Rainha da Juventude. Neta de dona Graça, ela conta que a família sempre esteve no mundo junino. “Desde berço, participo da tradição de estar todos os anos dançando quadrilha. Tem sido difícil e triste, pois a pandemia afetou um preparo de três meses de ensaio, para que, em junho, pudéssemos mostrar, nos concursos de Belém, o que foi ensaiado com amor. Sempre tinha a minha casa cheia dos brincantes, que também são minha família. Fiquei muito feliz ao saber que teria uma live de São João. E, por amor, fiz a minha parte, para dançar um pouco São João. Mesmo que não tinha tido concursos, todos os quadrilheiros estavam lá para manter acesa a chama do nosso São João”, afirma.

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