Refém na Augusto Montenegro: filho de 9 anos pediu para ficar no lugar da mãe no sequestro, diz avó
A mãe de Ana Júlia, mulher mantida refém com os filhos, disse que Yann conversava sozinho no carro como se discutisse com um "comparsa" imaginário
A mãe de Ana Júlia de Sousa Brito, de 26 anos, mantida refém junto com os dois filhos, de 9 e 7 anos, e a filha pequena, de 3, Edilene Sousa, conversou com a equipe de reportagem do Grupo Liberal, na noite desta quinta-feira (9), na Seccional da Marambaia. Na ocasião, ela deu mais detalhes de como Yann Carlos Monteiro Barroso, de 27, abordou as vítimas e as manteve refém em uma ação que durou 17 horas. Segundo ela, o rapaz ajudou Ana Júlia a entrar com as crianças no transporte por aplicativo quando, em seguida, anunciou o sequestro com refém.
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No dia do ocorrido, Ana Júlia teria saído com os três filhos para fazer compras e aproveitou para passar em um supermercado para satisfazer o desejo do filho de comer bolo e pizza. Quando ela pediu o aplicativo para ir embora do local, o motorista teria parado não em frente ao estabelecimento, e sim, próximo a uma parada de ônibus.
“Quando ela entrou no carro, ele [Yann] entrou junto com ela já com a faca em punho, ameaçando, com a faca no pescoço dela. Quando o uber puxou a faca para ele, ele já queria furar a pequenina. Ele falava: ‘Quer ver como eu sou bandido?’. A minha filha segurou a faca, ela está até cortada. Foram momentos terríveis, muita tensão, não desejo isso para ninguém”, relembrou Edilene sobre os momentos de angústias que a família vivenciou.
A mãe da vítima contou que a filha chegou a pedir que Yann soltasse as crianças, mas que “ele era irredutível”. Em dado momento do sequestro, o filho de 9 anos de Ana Júlia teria pedido para trocar de lugar com a mãe, tornando-se o refém.
“Meu neto mais velho queria ficar no lugar dela. Ele falava: ‘Deixa a minha mãe ir que eu fico no lugar dela, que eu fico aqui no lugar com o senhor’. Aí ele [Yann] dizia que não: ‘Tu já está muito chato, moleque, quer ser adulto’. Todas as crianças estão bastante abaladas”, afirmou Edilene, acrescentando que a família está há mais de trinta horas sem dormir.
Ela soube do sequestro com refém quando ainda estava no serviço. O genro, marido de Ana Júlia, já sabia do que estava ocorrendo, mas teria poupado a sogra até perceber que tratava-se de algo mais sério.
Ainda de acordo com a mãe de Ana Júlia, a filha relatou que Yann conversava “com alguém que não existia”, como se fosse uma espécie de pessoa imaginária que agia como “comparsa dele”. O rapaz repetia as seguintes frases: “larga ela, deixa ela, calma, calma, não vou te matar, não”, como se realmente tivesse conversando com alguém.
“Ele realmente é surtado, mas acho que isso não justifica ele pegar uma família com criança. Ele diz que tem até uma filha, de quatro anos, que tem uma tatuagem com o nome dela. Ele foi agressivo com os meus netos”, acrescentou Edilene.
As três crianças já estão com a família de Ana Júlia. O sogro da animadora de festa, conhecida como “Tia Juju”, relatou algo emocionante: quando a nora foi liberada, contaram para os três filhos dela. Eles se abraçaram, choraram e disseram: “Soltaram a mamãe! Soltaram a mamãe”.
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