Raiva em morcegos preocupa a população de Belém
Dois casos de infecção animal já foram confirmados na cidade. No Brasil, um caso de raiva humana foi registrado no Distrito Federal
O risco de infecção pelo vírus da raiva preocupa a população de Belém. Este ano, dois morcegos, principais vetores da doença, já foram diagnosticados com o vírus na capital: um no bairro do Marco, em 30 de junho, e outro na Marambaia, em 5 de julho. No Marajó, os municípios de Bagre e Chaves têm registrado uma série de ataques de morcegos, que vieram à tona desde o início de julho. Em âmbito nacional, um caso de raiva humana, detectada no Distrito Federal, no dia 5 de julho, fez o Ministério da Saúde emitir um alerta.
Apesar da aparição dos morcegos em Belém e em municípios do Marajó, nenhuma cidade no Pará registrou caso de raiva humana até então, conforme afirma, em nota, a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa). Em Chaves, pelo menos 25 agressões de morcegos já foram contabilizadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde do município entre janeiro e julho deste ano, mas também nenhum caso de raiva em humanos ou animais foi confirmado.
Na Marambaia, onde aconteceu o último diagnóstico de raiva em morcego em Belém, os moradores seguem preocupados. A funcionária pública, Maria Sândia, de 59 anos, diz que a aparição de morcegos no bairro já era comum, mas com o caso de raiva confirmado, ela está ainda mais angustiada:
“Eu moro na rua Raul Soares, próximo da Mata da Marinha, e lá sempre deu bastante morcego. Esse ano ainda não apareceu dentro de casa porque eu mandei dedetizar a minha casa no fim do ano passado. Mas antes, eu tirei bastante morcego do forro”, relata.
Apesar de o caso do morcego infectado ter sido confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), após laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC), não houve confirmação do local ou da área do bairro onde o animal foi capturado. O desconhecimento faz com que todos os moradores se sintam inseguros, afirma Maria: “Nós estamos preocupados. É um bairro grande e não foi informado onde exatamente o morcego com raiva apareceu”.
Para tentar se prevenir, Maria conta que tem fechado a casa mais cedo. Quem toma o mesmo cuidado é a assistente social Soraia da Trindade, de 38 anos. Ela mora na área Gleba II, no bairro, e diz que já vem tomando providências para se proteger dos morcegos:
“Eu fecho a casa mais cedo e tomo cuidado de manhã, ao abrir, porque às vezes eles ainda entram. Naquela área da Mata da Marinha, à noite, tem muito morcego. Dizem que é daquele tipo que se alimenta de frutas e não de sangue, mas mesmo assim, é preocupante. Minha vizinha tem uma árvore grande, um jambeiro, e eles costumam aparecer por lá”.
Em nota, a Sesma diz que tem intensificado ações de vigilância epidemiológica no bairro da Marambaia, sob coordenação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). A secretaria afirma que já iniciou um bloqueio epidemiológico no raio de um quilômetro do local onde estava o animal, com ações de educação em saúde, orientação à população, reforço da assistência em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Na manhã desta quinta-feira (14), equipes estiveram no bairro fazendo a vacinação antirrábica de cães e gatos, que também podem ser transmissores do vírus.
O diretor de vigilância da Sesma, Adriano Furtado, explicou que a ação é uma norma estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS) para conter a transmissão do vírus da raiva por meio de morcegos Ele disse ainda que a atuação dos agentes de saúde está sendo realizada desde a última terça-feira (12), em um raio de um quilômetro de onde o morcego foi encontrado, com duração prevista para até a próxima semana.
Sobre as vacinações de cães e gatos, o diretor contou que os agentes da Sesma estão indo até as residências dos moradores para fazer a imunização dos pets. Adriano Furtado ressalta que os habitantes do bairro da Marambaia não devem ficar preocupados, pois o morcego encontrado na região se alimenta de frutas, ou seja, não ataca seres humanos. Ele também fez um alerta para quem encontre o animal na rua.
“Caso alguém encontre um morcego no chão, morto ou se debatendo, em hipótese alguma deve tocar nele, pois correrá o risco de contrair a doença. O animal, inclusive, poderá mordê-lo como forma de defesa. O correto em situações como essa é acionar o CCZ para que o animal seja recolhido e examinado”,afirmou Adriano Furtado..
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