Queda de árvores: conflito entre arborização e paisagismo no centro de Belém agrava riscos
As ocorrências têm certa frequência na capital paraense e os transtornos são agravados quando os galhos do vegetal estão atrelados a fiações elétricas e/ou causam danos à estrutura de casas
Nos últimos meses, pelo menos três casos de queda de árvores repercutiram em Belém. O mais emblemático foi o da samaumeira centenária da Praça Santuário de Nazaré, que tombou em fevereiro deste ano. Esta semana, outra mangueira de grande porte caiu na Avenida José Malcher e, no início do mês, uma árvore da espécie Andira-Uxi foi ao chão na Romulo Maiorana. As ocorrências têm certa frequência na capital paraense, sobretudo no centro da cidade - as zonas mais arborizadas - e os transtornos são agravados quando os galhos do vegetal estão atrelados a fiações elétricas e/ou causam danos à estrutura de casas.
“No caso do atrelamento da árvore à fiação, a gente percebe a iminência de uma cadeia de problemas: a árvore cai, por ela estar atrelada sai puxando a fiação, então geralmente quando uma árvore cai, um poste é levado junto, e há interrupção no fornecimento de energia elétrica, causando um prejuízo generalizado”, avalia o arquiteto e urbanista Marcus Vinícius Ataíde Costa, especialista em planejamento urbano. “A gente precisa estar atento também às situações que possam colocar em risco o patrimônio histórico. Em casas antigas, onde essa árvore pode estar apresentando risco de tombar para cima da estrutura, ou até mesmo na via, colocando em riscos carros e pedestres, a população precisa denunciar e cobrar a ação do poder público”, acrescenta.
De acordo com o especialista, o que se observa em Belém é um conflito entre arborização, paisagismo e fiação elétrica, que teve início na década de 1970. “O centro de Belém, que detém a maior parte da arborização mais antiga, tem uma concentração desse problema. O que ocorre é que a cidade foi crescendo com essa arborização de 50, 100 anos atrás e esse crescimento fez com que a gente precisasse, cada vez mais, de mais fios e mais cabeamentos. A partir de 1970, houve um acréscimo tremendo de fiação, na questão da internet, a questão da TV a cabo, enfim, e isso foi só agravando o problema”, diz.
“Há um conflito muito grande envolvendo árvore e fiação no centro da cidade. A gente vê casos de fios passando muitas vezes por entre as árvores e, muitas das vezes, um conflito onde a árvore acaba sendo penalizada, porque é muito mais difícil tirar o fio e aí o poder público acaba optando por cortar a árvore e fazer uma podagem que pode interferir no equilíbrio da árvore, que mais tarde ocasiona na queda”, complementa Marcus Vinícius.
Como identificar riscos de queda de árvore
Segundo Marcus Vinícius Ataíde, a população pode observar uma série de fatores no tronco e galhos da árvore, que podem causar quedas e outros tipos de prejuízos com o tempo e são alertas para que as autoridades sejam acionadas. “As árvores mais robustas, de vegetação mais pesada, que, em caso de queda, possam trazer grandes transtornos à população, com sinais de algum tipo de praga, por exemplo, necessitam de um olhar mais técnico e o morador pode acionar os órgãos competentes”, orienta.
População deve ajudar o poder público na fiscalização
A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), pode ser acionada para o serviço de poda diretamente na sede da pasta, localizada na Travessa Quintino Bocaiuva, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. Já no caso de riscos à estrutura de edificações, a população pode solicitar uma vistoria técnica da Defesa Civil pelo site: defesacivil.belem.pa.gov.br. Em caso de emergência, o Centro Integrado de Operações (Ciop) deve ser acionado pelo número 190.
Em nota, a Semma informou que realiza podas nas árvores existentes em toda cidade e distritos. O município mantém com a Equatorial Pará um termo de cooperação que prevê à concessionária de energia a realização de poda de manutenção em rede com fio energizado.
A Equatorial disse que realiza ações preventivas de podas, entre outras ações, a fim de garantir a segurança dos moradores diante do risco de galhos atingirem a rede elétrica, causando falta de energia e acidentes. Mas a empresa pondera que a responsabilidade pela fiscalização do plantio correto e podas preventivas é das prefeituras, que são quem devem ser acionadas nesses casos. Caso a prefeitura identifique que não é possível realizar o serviço por questões de segurança, ela deve comunicar a concessionária para que uma equipe seja enviada para dar apoio na execução da poda. Já a responsabilidade da poda em residências e propriedades particulares é do proprietário do imóvel.
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