Escalpelamentos: projeto do Governo Federal tenta prevenir acidentes na região Norte
Iniciativa tem apoio da Marinha do Brasil, Capitania dos Portos, Inmetro, Ufpa e Ministério Público do Trabalho. No Pará, em 2021, 16 casos de escalpelamentos ocorreram
Com o intuito de prevenir e combater os acidentes de escalpelamento, principalmente nos rios do Pará, a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM/MMFDH) criou, no ano passado, o projeto Mulheres Escalpeladas, uma iniciativa que reúne estudos e projetos, afim de garantir os direitos da mulher amazônida. De acordo com a Marinha do Brasil, só no ano passado foram registrados 16 ocorrências de escalpelamento, frente aos 9 casos de 2020, um crescimento de 55,5% no número de casos.
Uma das ações previstas no projeto foi a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para o desenvolvimento de estudos de construção de um protótipo para a proteção do eixo do motor das embarcações. A ação conta com o apoio da Marinha, Capitania dos Portos e da Universidade Federal do Pará (Ufpa).
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A iniciativa também firmou parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), para o desenvolvimento de estudos e projetos que possam contribuir para a construção de políticas públicas que garantam a proteção integral e apoio às vítimas de escalpelamento. Em 2021, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) entregou 21 perucas a mulheres vítimas desse tipo de acidente.
Ações locais de prevenção a escalpelamentos
Iniciativas locais também estão sendo realizadas para combater os acidentes com motor das embarcações. Na última semana, de 8 a 11, a Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com Escalpelamento, coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), esteve no município de Cametá realizando ações de prevenção.
A programação contou com a participação de outros órgãos que compõem a comissão, como a Marinha do Brasil, que realizou a cobertura dos eixos de motor, além da distribuição de coletes e regularização de documentação das embarcações; e representantes da Secretaria de Estado de Assistência Social, Santa Casa, Conselho Regional de Psicologia e ONg Voluntários do Pará, que desenvolveram palestras nas escolas municipais, reunião ampliada com a rede de proteção social e atividades de prevenção em embarcações e comunidades ribeirinhas.
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“Foi realizada uma reunião ampliada que contou a participação de representantes das secretarias municipais de assistência social, de meio ambiente, de educação e de Saúde, Hospital Regional, Pastoral da Criança, Conselho Tutelar, Centro Regional de Saúde, secretaria de educação entre outros órgãos, que discutiram a rede de proteção de garantia de direitos a essa vítima do escalpelamento”, informa Eliane Miranda, técnica da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Dpais) da Sespa.
“O principal objetivo é fortalecer o trabalho de prevenção aos acidentes de motor, como por exemplo, o escalpelamento, tudo com mais envolvimento do poder público local e sociedade civil através da implantação do comitê municipal de Enfrentamento aos acidentes de motor com escalpelamento”, acrescenta.
O que é um escalpelamento?
O escalpelamento é provocado pela falta de proteção no eixo do motor das pequenas embarcações, principal meio de transporte nas comunidades ribeirinhas. A maior parte das vítimas é proveniente de municípios localizados no Arquipélago do Marajó e do oeste paraense.
Apesar da fiscalização, muitas embarcações ainda trafegam com o eixo exposto, e a maioria das vítimas são mulheres que ao se aproximarem do eixo do motor, sem a devida proteção, e têm os cabelos arrancados, muitas vezes lesionando outras partes do crânio, e em alguns casos as vítimas perdem também as orelhas, sobrancelhas e uma enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até à morte. Cirurgias reparadoras são feitas, mas o cabelo não nasce mais. Desde 2009, uma lei federal tornou obrigatória a proteção do eixo do motor.
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