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Professores paraenses vão a São Paulo em busca do Prêmio Jabuti Acadêmico

A cerimônia de premiação vai ocorrer no próximo dia 6 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso

O Liberal

​A grande final do Prêmio Jabuti Acadêmico será realizada no dia 6 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Entre os finalistas, destacam-se os professores paraenses Aiala Couto e Maria Betânia Albuquerque, da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Aiala concorre na categoria “Geografia e Geociências” com o livro “Geopolítica do narcotráfico na Amazônia”, enquanto Maria Betânia é finalista na categoria “Ciências da Religião e Teologia” com o livro “​Mestres da ​Ayahuasca em ​Contextos ​Religiosos”.​

Ao todo, 1.953 obras foram​ inscritas nesta primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, criado em 2024 para reconhecer e valorizar a excelência nas áreas científicas, técnicas e profissionais no Brasil. Os autores premiados em cada categoria receberão a estatueta do prêmio em uma cerimônia especial, além de um prêmio de R$ 5 mil.

image Maria Betânia Albuquerque (à esquerda) e Aiala Couto (à direita) são finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico (Arquivo pessoal | Ascom Uepa)

A premiação é organizada em dois eixos: Ciência e Cultura, e Prêmios Especiais, totalizando 29 categorias acadêmicas específicas. Algumas categorias incluem Ciência de Alimentos e Nutrição, Medicina, Educação Física, Ciências Biológicas, Antropologia, Direito, Economia, Artes, Ilustração, entre outras.

O professor Aiala Couto compartilhou sua surpresa ao saber que era finalista. “Fui pego de surpresa quando soube que fui para a final do Prêmio Jabuti, até porque não partiu de mim a inscrição junto ao concurso, mas sim da editora Appris, que me consultou, perguntando se poderiam inscrever a minha obra no concurso e isso, então, aconteceu”, explicou.

Sobre a relevância de sua indicação, Aiala destacou: “Só de estar na final, já considero uma grande vitória. A expectativa é de que a gente possa trazer esse título, essa premiação para o estado do Pará, para a nossa região amazônica, embora considere que as outras obras são bastante significativas. Mas a gente tem um pouco de esperança, sim, de chegar na final e trazer o primeiro lugar entre as obras, nesse caso, Geografia e Geociências”, enfatizou.

Aiala também comentou sobre a importância de sua obra. “É importante destacar que a obra ‘Geopolítica do narcotráfico na Amazônia’ traz um debate que tem como tema central a Geopolítica do Narcotráfico. É a continuidade de um projeto de pesquisa que eu já vinha desenvolvendo há bastante tempo sobre a região amazônica, inclusive é parte de um estudo intitulado Cartografias da Violência na Região Amazônica. Uma parte desse estudo eu resolvi transformar em livro e apresentar uma parte para a editora, a qual submeteu a obra ao Prêmio Jabuti”, disse.

O professor ressaltou a contribuição acadêmica de sua pesquisa. “A questão que nós submetemos à pesquisa é algo que vem trazendo para nós, professores da universidade, interesse em continuar mantendo essa relação. A gente espera que a obra tenha grande contribuição, até porque nós temos poucos temas relacionados a esse tipo de estudo na universidade que fazem parte do acervo bibliográfico”, observou.

Aiala Couto finalizou falando sobre a inovação de suas pesquisas. “São pesquisas inéditas que vêm sendo realizadas, essa é uma delas. A gente entende que isso é uma contribuição significativa, não somente no âmbito da geografia, mas também do direito, da antropologia, da sociologia, da economia e dos temas interdisciplinares que têm a ver com segurança pública e segurança regional”, comentou, ao falar dos próximos passos de seu projeto.

“Os próximos passos da pesquisa estão sendo dados. Nós estamos desenvolvendo outras atividades, fazendo uma relação entre o narcotráfico, o crime organizado e os crimes ambientais, para entender o quão complexa se tornou a região amazônica em relação a uma variedade de atividades criminosas que vêm se conectando. E essas múltiplas conexões transformam a região em uma região extremamente complexa em termos de segurança pública e de violência”, revelou.

Maria Betânia é finalista com livro sobre religiões

A professora Maria Betânia Albuquerque está entre os finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico na categoria “Ciências da Religião e Teologia” com seu livro “Mestres da ​Ayahuasca em ​Contextos ​Religiosos”. A obra, organizada em parceria com Wladimyr Sena Araújo, é uma coletânea que traz a biografia de mestres e mestras criadores das religiões ayahuasqueiras, tradições ancestrais da Amazônia.

Maria Betânia falou sobre sua satisfação com a indicação. “Particularmente, já me sinto muito feliz de essa obra ‘Mestres da Ayahuasca’ ter sido indicada como finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico. Primeiro, porque nem existia esse prêmio, uma novidade dentro do Jabuti, a categoria de Livros Acadêmicos. O fato desse reconhecimento de uma obra acadêmica, do trabalho de pesquisa realizado por pesquisadores da Amazônia, dentro de uma universidade da Amazônia, em particular de um programa de pós-graduação em educação, que é o lugar onde eu trabalho, já faz com que eu me sinta muito feliz por ter chegado até aqui”, comemorou a professora.

Ela complementou dizendo que “as expectativas são as melhores possíveis, mas eu reconheço também que os outros livros concorrentes são bastante interessantes”.

Segundo a professora Maria Betânia, o livro aborda religiões ainda pouco conhecidas e frequentemente subestimadas em comparação com as grandes religiões canônicas. “Então, o livro trata dessas religiões da Amazônia, que são religiões ainda bastante silenciadas, subalternizadas, se formos comparar com as grandes religiões canônicas”, disse ela.

“É uma alegria ver que essas religiões passam a ter visibilidade no cenário acadêmico e uma visibilidade positiva, porque muitas vezes recai sobre essas religiões uma carga de preconceito muito grande. E ter um livro sobre essas religiões, que é indicado ao Prêmio Jabuti, é uma forma positiva de dar visibilidade a essas práticas religiosas, que são nativas da Amazônia, que estão em todos os lugares do Brasil praticamente. E em diversos lugares do mundo elas estão presentes. São três religiões da Amazônia que tomam ayahuasca, o Santo Daime, a Barquinha e a UDV, a União do Vegetal. Particularmente, me especializei mais no Santo Daime, mas o livro traz, em cada capítulo, a biografia de mestres dessas três religiões ayahuasqueiras”, detalhou a professora.

Além de “Mestres da ayahuasca em contextos religiosos”, Maria Betânia tem uma longa trajetória de publicações sobre o tema. “Esse não é o meu primeiro livro. Meu primeiro livro sobre o Santo Daime chama-se ‘ABC do Santo Daime’, publicado em 2007. Em 2009, eu publiquei outro livrinho, um livro de bolso chamado ‘Máximas do Padrinho Sebastião’. O Padrinho Sebastião é um desses mestres da Ayahuasca, que o livro atual menciona. Em 2011, eu publiquei ‘​Epistemologia e ​Saberes da Ayahuasca’, que é resultado da minha pesquisa de pós-doutorado realizada na Universidade de Coimbra. Em 2001, eu publiquei ‘Sabenças do Padrinho’, que é um livro que traz a história de vida e os saberes do Padrinho Sebastião, que é uma das lideranças da religião do Santo Daime”, contou.

“Então, já há algum tempo, eu venho pesquisando essas religiões da Amazônia, especialmente o Santo Daime, dando visibilidade a essas formas de conexão com o divino, que são mediadas por plantas. Então, você vai ao Santo Daime, toma o Daime, que o Daime é outro nome da ayahuasca, mas a bebida é a mesma, e a partir do momento que você ingere essa bebida, você então estabelece uma conexão com o mundo espiritual, a partir dessas plantas que são consideradas plantas professoras, porque a partir do momento que você consome essas plantas, você tem a possibilidade de entrar em contato com um universo de conhecimentos que elas proporcionam”, declarou Maria Betânia.

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Belém
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