CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Por causa da pandemia, 3,7 milhões de consultas oftalmológicas deixaram de ser realizadas no Brasil

Mas esse acompanhamento é fundamental para evitar o agravamento de doenças da visão, alerta o Dr. Lauro Barata

Dilson Pimentel
fonte

É fundamental que todas as consultas oftalmológicas sejam retomadas o quanto antes, alertou, nesta quarta-feira (13), o oftalmologista Lauro Barata. “Porque só aí pra gente determinar como está o paciente e adotar todas as opções terapêuticas para evitar uma piora maior daquele quadro, como também um agravamento a tal ponto que vá trazer danos irreparáveis para a função visual”, disse. “Um glaucoma não acompanhado adequadamente pode levar à perda significativa da visão e, em alguns casos mais avançados, levar à cegueira”, afirmou.

É que a pandemia de covid-19 afetou de forma significativa o número de consultas e cirurgias relacionadas à visão no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020. Dados apurados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a partir de registros do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, mostram que cerca de 3,7 milhões de consultas deixaram de ser realizadas, uma queda de 35%, informou a Agência Brasil. No caso das cirurgias, houve uma redução de 390 mil procedimentos, queda de 27%. A comparação é em relação a 2019, ano pré-pandemia. Sem a realização de consultas e exames para detectar problemas logo na fase inicial, milhares de pessoas foram prejudicadas.

Segundo o levantamento do CBO, em 2019, foram realizadas 10,8 milhões de atendimentos médicos em oftalmologia pelo SUS. No ano seguinte, a quantidade baixou para 7,1 milhões, a maior queda em termos absolutos entre todas as especialidades disponíveis na rede pública, segundo a entidade. Os dois primeiros meses após a decretação de calamidade pública (abril e maio de 2020) apresentaram os piores índices, com redução de 74% e 71%, respectivamente, no total de procedimentos.

Dados de janeiro a junho de 2021 sugerem uma tendência de recuperação no volume de consultas

No caso das cirurgias, os dados do SIA/SUS também mostram que, em 2020, no primeiro ano da pandemia, foram realizados quase 390 mil procedimentos cirúrgicos no aparelho da visão a menos do que em 2019. Em 2020, foram realizadas pouco mais de um milhão de cirurgias oftalmológicas. No ano anterior, houve o registro de 1,4 milhão.  Na avaliação do CBO, os protocolos que restringiram o acesso dos pacientes às cirurgias eletivas para ampliar a infraestrutura de atendimento para pessoas com covid-19, assim como para reduzir a exposição ao vírus dentro das unidades, foram os fatores que contribuíram para que este quadro de queda na produção se instalasse.

Os dados de janeiro a junho de 2021 sugerem uma tendência de recuperação no volume de consultas, mas os índices não devem superar a produção de 2019, último período em que o atendimento aconteceu sem intercorrências, prevê o CBO. Isso porque até o primeiro semestre de 2019, cerca de 5,2 milhões de consultas oftalmológicas haviam sido realizadas na rede pública. Já no ano atual, no mesmo intervalo, este total ficou em 4,8 milhões, ainda segundo a Agência Brasil.

Na avaliação dos especialistas, esta melhora do desempenho é consequência do avanço da vacinação e da maior facilidade de acesso dos pacientes às unidades de atendimento ambulatorial e hospitalar. Neste processo de retomada dos cuidados com os olhos, o levantamento aponta que os pacientes de 60 a 64 anos foram os que mais realizaram consultas no primeiro semestre de 2021, com 534,5 mil atendimentos. Pessoas entre 60 e 74 anos representaram 31% do total de consultas feitas, em seguida, a faixa de menores de um ano ocupa o quarto lugar nos consultórios oftalmológicos, com o total de 412,1 mil atendimentos no período analisado.

Oftalmologista recomenda que pacientes adotem as medidas sanitárias e retornem às consultas

Em Belém, o oftalmologista Lauro Barata confirmou que a pandemia trouxe um medo muito grande da exposição dos pacientes em ambientes que tenham um determinado número de pessoas. E também protelou as consultas oftalmológicas. “Muitas vezes, o paciente não dava às consultas a importância que elas mereciam. Por tal razão, acabou havendo um decréscimo nos acompanhamentos, seja em pacientes com glaucoma, diabéticos e isso pode levar a danos irreparáveis para  a visão”, afirmou.

E houve uma pausa nesse acompanhamento. O glaucoma, a diabetes podem ter evoluído. “E até mesmo uma catarata, que o paciente estava em vias de realizar seu procedimento cirúrgico acabou sendo postergada. E por isso pode levar a agravamento de todas essas doenças. Um glaucoma não acompanhado adequadamente pode levar até mesmo a perda significativa da visão e, em alguns casos mais avançados, levar à cegueira. As alterações do diabetes a nível ocular – a retinopatia diabética - podem ter um agravamento porque não estavam sendo instituídas condutas que evitassem o  agravamento”, explicou. Lauro Barata disse que é fundamental que as pessoas se vacinem, usem máscaras e álcool em gel. “Mas não se pode deixar de fazer o acompanhamento oftalmológico. Sempre”, afirmou.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM