População sofre com recorrentes prejuízos após alagamentos em Belém
Falta de saneamento e lixo fazem parte dos transtornos durante e após as chuvas, apontam moradores
Desde o fim da tarde de sábado, 6, moradores da Grande Belém tiveram que lidar mais uma vez com os transtornos relacionados à chuva que caiu até a madrugada deste domingo, 7. Diversos pontos da Região Metropolitana enfrentaram problemas com alagamento e as pessoas amanheceram ainda dentro do pesadelo: tendo que arcar com os prejuízos causados pela enxurrada.
Na Rua dos Caripunas, entre a travessa Quintino Bocaiúva e a passagem Euclides da Cunha, no bairro da Cremação, em Belém, o aposentado Carlos Alberto dos Santos, 59, viu mais uma vez a água invadir sua residência. Ele reclama do sistema de escoamento da rua que não funciona como deveria:
"O prefeito não está fazendo nada. Sempre chove, alaga e continua a mesma coisa. Olha, encheu ontem, a água deu na cintura. É sapo entrando na tua casa, tudo entupido. Aí eles vêm aqui, desentopem, mas não fazem um serviço que preste".
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O morador relata que vive esse problema há cerca de 30 anos. Para Carlos Alberto, a drenagem da Rua dos Caripunas tem uma estrutura defasada e fica ainda mais prejudicada pelo excesso de lixo na área:
"Não adianta limpar o lixo da cidade e não trocar as tubulações antigas. Quando chove aqui, a água que vem de cima, enche a rua toda. Porque essa parte aqui é a mais baixa da cidade. Aqui só tem um jeito, só abrindo e trocando a tubulação porque essa tubulação é muito antiga. Ainda deve ser a tubulação de plástico. Só de lixo que tem aí, eu acho que nem tu rasgando a rua para botar aqueles tubos de concreto vai adiantar", comenta.
Moradores mudam estrutura das casas para fugir do alagamento
Quem luta para viver com dignidade fica inconformado com o problema se repetindo a cada temporal, entra e sai ano. É o sentimento da doceira Cristina Monteiro, 56, que vive na Passagem Euclides da Cunha, entre as ruas dos Pariquis e Caripunas. Ela diz que chegou a mudar toda a estrutura da casa para tentar viver confortavelmente, mas ainda é afetada pelo alagamento.
"Hoje, a minha casa é nos altos. Tive que mandar levantar porque toda vez alagava e nós ficávamos no prejuízo. Teve um dia que a água entrou pela janela, de tão cheio que deu. Teve uma água grande que deu, ela entrou, aí tivemos que fazer [a casa] nos altos. Agora olha o sacrifício, para a gente poder ter uma moradia digna", comenta a moradora.
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Cristina também aponta que algumas obras de drenagem na localidade, feitas em anos anteriores, não resolveram o problema da população, pelo contrário - ainda causam transtornos. É o caso de um esgoto no meio da pista, cuja funcionalidade é afetada pela situação do lixo na área.
"Há muitos anos, desde que eles fizeram essa passagem de água, que é uma coisa que só acumula lixo, fede pra caramba isso aqui. A gente sente o odor, é muito forte e fica o tempo todo assim. Isso aqui, para ser limpo, a gente paga o rapazinho que tem aqui para ele tirar esse lixo, porque quando a prefeitura vem, uma vez na vida, outra na morte", reclama.
A redação integrada de O Liberal solicitou um posicionamento à Prefeitura de Belém sobre os alagamentos recorrentes em vários trechos da cidade e aguarda o retorno.
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