Polícia ainda não tem necrópsia de catador de barro morto em ação policial no Paracuri

Outros três trabalhadores baleados também passaram por perícias. OAB e MP acompanham caso

Byanka Arruda
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A Polícia Civil afirmou na manhã desta terça-feira que ainda não tem os resultados do exames de necropsia feitos no corpo do catador de barro Osmair Monteiro, baleado e morto na última quinta (22) durante a Operação Diataxi 7, nos bairros do Paracuri e Tapanã, em Icoaraci.

Os exames são importantes para o andamento do inquérito policial, já instaurado pela Polícia Civil junto à Seccional de Icoaraci, para apurar os fatos da operação - que tinha o objetivo de combater o tráfico de drogas na Grande Belém.

Segundo a Polícia Civil, outros três tiradores de barro do Paracuri, que estavam em embarcações alvejadas a tiros durante a operação, também já passaram por exames no Centro Científicas de Perícias (CPC) Renato Chaves.

O corpo do barreirense morto - como se denominam os trabalhadores que tiram barro nos mangues de Icoaraci - Osmair Pereira Monteiro, de 42, conhecido como "Gitão", foi achado na tarde da próprio dia da ação policial. "Gitão" estava desaparecido desde o tiroteio e foi encontrado apenas quando a maré desceu no Paracuri, após buscas feitas por colegas de trabalho e familiares. Após ser encontrado, o corpo ainda teve que esperar para ser removido para necropsia.

APURAÇÃO

O resultado dos exames é aguardado pela polícia para auxiliar nas investigações do caso. Além disso, conforme garantiu a Polícia Civil, foi solicitada a perícia nas armas da PM, que já foram recolhidas para análises.

A operação policial Diataxi 7, realizada nos bairro do Tapanã e Paracuri, no distrito de Icoaraci, no último dia 22, mobilizou  70 homens da Polícia  Militar e Polícia Civil e resultou na morte de duas pessoas.

Além do barreirense Osmair Pereira Monteiro, também foi registrada a morte de Breno Farias Souza, de 21. Breno morreu em uma troca de tiros ocorrida na área do residencial Eduardo Angelim, no conjunto Parque Guajará, também em Icoaraci, na outra frente da ação policial.

BALEAMENTOS

Ao todo, cinco pessoas foram baleadas na operação Diataxi, segundo apurou a redação integrada de O LIBERAL. Os baleamentos ocorridos no Paracuri atingiram ainda mais três catadores de barro de Icoaraci: Daniel dos Anjos, de 26 anos, Danilo Rosário, de 18, e seu pai, Jocivaldo Guedes, 50, que também estavam em canoas que saíram para tirar argila nos mangues do Paracuri logo cedo, no dia da operação policial, estão entre as vítimas.

Jocivaldo Guedes levou um tiro de escopeta no braço e segue internado no Hospital Pronto Socorro Municipal da 14 de Março. O filho Danilo, que também foi baleado em um dos braços, já recebeu alta do HPSM.

Jocivaldo e Danilo estavam na mesma canoa onde "Gitão" foi morto. Já Daniel dos Anjos segue internado da UPA de Icoaraci. Ele estava em outra das três embarcações que trabalhavam no mangues do Paracuri na manhã da ação policial, e levou um tiro na perna. 

VERSÕES

Após o episódio a PM e a Polícia Civil informaram, inicialmente, que os homens baleados eram suspeitos de tráfico e que foram alvejados nas embarcações porque teriam reagido.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará acompanha as investigações sobre a operação Diataxi 7 e disse, na sexta (23), que está ouvindo as vítimas e familiares. A instituição prometeu divulgar novas informações sobre o caso até o final desta semana.

O Ministério Público do Estado do Pará também informou, na última sexta-feira (23), que a Promotoria de Justiça Militar investiga o caso, mas ainda não deu retorno à redação integrada de O Liberal sobre o andamento da apuração nesta semana.

PROTESTOS

O barreirense Osmair Monteiro foi enterrado no último sábado (24), no cemitério Santa Izabel, no Distrito de Icoaraci. No enterro, familiares, amigos, artesãos e trabalhadores do barro homenagearam "Gitão" e pediram justiça, após uma caminhada em protesto para cobrar respostas para o crime.

Na sexta-feira passada (23), parentes e amigos já haviam realizado outro protesto contra a morte do trabalhador, fechando a rodovia Arthur Bernardes.

A Associação dos Barreirenses de Icoaraci, entidade que congrega cerca de 30 trabalhadores que tiram argila dos mangues do Paracuri para abastecer a cadeia ceramista  do distrito de Belém, também publicaram abaixo-assinado em repúdio à ação policial no Paracuri - e atestando a integridade profissional dos quatro trabalhadores do barro baleados em canoas, enquanto trabalhavam, durante o episódio que é apurado pela Polícia Civil.

Os trabalhadores declararam semana passada que a Operação Diataxi 7 deixou os tiradores de barro com medo, e que a recusa em entrar nos mangues do Paracuri já prejudica o fornecimento de argila para ceramistas de Icoaraci.  
 
 

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