Pará tem a segunda menor taxa de escolarização líquida de jovens de 18 a 24 anos
Pará possui 71 IES que ofertam cursos presenciais e 77, cursos EAD
O ensino superior no Estado do Pará registra um momento delicado neste processo de retomada das atividades após o pico da pandemia da covid-19: detém a segunda menor taxa de escolarização líquida do país (que mede o total de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior em relação ao total da população da mesma faixa etária), de 10,2%, inferior à média nacional (17,8%).
Essa informação consta da 12ª edição do "Mapa do Ensino Superior no Brasil", confeccionado pelo Instituto Semesp. O estudo aponta que “Rondônia é o estado que possui o maior percentual de alunos em IES privadas (86,0%), seguido pelo Amazonas (84,7%) e Pará (84,4%), os três da região Norte. O Rio Grande do Norte é o estado com menor percentual de alunos matriculados na rede privada, 57,8%”.
No entanto, o desafio paraense na educação é exposto: “Com queda de 2,5 pontos percentuais em relação a 2019, o Pará registrou taxa de escolarização líquida (que mede o total de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior em relação ao total da população da mesma faixa etária) de 10,2%, bem abaixo da média nacional (17,8%) e a segunda menor do país, acima apenas do Maranhão".
Para o pedagogo José Roberto da Silva, o crescimento da educação a distância se apresenta como um processo natural, de vez que pesquisas anteriores já apontavam esse processo no ensino superior. Ele pontua que os dados refletem a realidade dos últimos dois anos, em particular, 2020, em relação à pandemia da covid-19. José Roberto destaca ações governamentais e a atuação da iniciativa privada para o aumento da oferta de Ensino a Distância.
Acerca da baixa taxa de escolarização líquida de jovens entre 18 e 24 anos no Pará, José Roberto Silva ressalta ser resultado do “impacto da distorção idade-série de estudantes (estudantes com idade não correspondendo ao respectivo ano escolar, ou seja, em atraso na formação), originada no ensino fundamental e também presente no ensino médio”. “Para reverter esse cenário, como política pública, o Estado vem evidenciando medidas para reduzir essa distorção idade-série”, observa.
Pará
De acordo com o estudo, o Pará possui 71 IES que ofertam cursos presenciais e 77, cursos EAD. O estado registrou queda de 4,1% nas matrículas de 2019 para 2020, caindo de 285 mil para 273 mil matrículas. “Depois de um crescimento de 2018 para 2019, as matrículas presenciais do estado sofreram recuo de 21,6% de 2019 para 2020. De 2019 para 2020, o número de matrículas em cursos EAD aumentou 16,8%, seguindo a tendência de crescimento das matrículas de educação a distância verificada nos últimos anos em todo o país. O EAD representa 55,4% das matrículas do Pará. A modalidade representa 65,3% das matrículas da rede privada.
Um total de 126 mil novos alunos ingressaram no ensino superior no estado em 2020, sendo mais da metade (68,5%) em cursos EAD, um dos maiores índices de novos alunos da modalidade do país. Em relação aos cursos presenciais, o Pará registrou decréscimo de 15,5% no número de ingressantes de 2019 para 2020: recuo de 11,5% na rede privada e de 21,7% na pública. Nos cursos EAD, o aumento de ingressantes foi de 5,1% no mesmo período, todos concentrados na rede privada.
Com relação aos concluintes, o Pará formou 33,2 mil alunos em 2020, sendo 47,1% deles advindos de cursos EAD, um dos maiores índices de formados da modalidade do país. De 2019 para 2020, o número de concluintes em cursos presenciais caiu 27,8%, com queda de 3,4% na rede privada e de 56,7% na rede pública. No EAD, o aumento de concluintes foi de apenas 26,4%, sendo crescimento de 26,5% e queda de 16,7% na rede pública.
Em relação ao valor das mensalidades, a mensalidade média de um curso presencial no estado é de R$ 1.242, desconsiderando o curso de Medicina (considerando o curso, o valor sobe para R$ 1.387). No EAD, a mensalidade média é de R$ 306,diz o estudo.
Mapa
O “Mapa do Ensino Superior no Brasil” é uma compilação de dados sobre o cenário da educação superior no país, contexto este que passa, desde o começo de 2020, por momento complexo em virtude da pandemia da covid-19. A publicação traz dados sobre o impacto da pandemia no ensino superior, com estatísticas e números referentes a 2020 indicando como a crise sanitária influenciou nas matrículas e evasão.
Os números mostram, por exemplo, um crescimento ainda maior da modalidade EAD, tendência já apontada nos últimos anos, e um recuo das matrículas presenciais, algo preocupante porque o ensino a distância ainda não conquistou um público mais jovem. Como resultado, a taxa de escolarização líquida do país voltou a cair.
O estudo aponta que “depois de um crescimento de apenas 1,8% das matrículas de 2018 para 2019, o país registrou um aumento ainda menor de 2019 para 2020, 0,9%, um provável resultado do primeiro ano da pandemia da Covid-19. O aumento tímido no total das matrículas em 2020 foi puxado por uma queda de 6,0% de alunos na rede pública, que demorou a adotar o ensino remoto emergencial. Mesmo com a pandemia, a rede privada registrou um aumento de 3,1% nas matrículas no período, puxada pela modalidade EAD. Segundo projeções feitas pelo Instituto Semesp com base na PNAD Contínua do IBGE, 2021 deve registrar uma queda de cerca de 7,0% no total das matrícula".
A equipe do Instituto Semesp usou como guia para a elaboração do Mapa do Ensino Superior 2022 os dados do Censo da Educação, referentes a 2020, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no início de 2022 e outras fontes como IBGE, microdados do ENEM e do PROUNI, CAGED, Big Data Analytics, entre outros.
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