Pandemia afeta usuários do transporte público e empresas dizem que situação beira o colapso
Redução de frota atinge quem precisa se locomover durante a crise. Setransbel prevê demissões.
"O sistema de transporte na Região Metropolitana de Belém está à beira do colapso; se não tiver ajuda do Poder Público, haverá problemas estruturais, com empresas adotando corte de gastos, demissões e até empresas parando de operar."
A afirmação é do diretor de Operações do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel), Natanael Romero, nesta quarta-feira (29), em resposta à Redação Integrada de O Liberal acerca do funcionamento do serviço de ônibus urbanos em Belém.
O Setransbel informou que a frota opera com 50% dos ônibus nas ruas, em virtude de a quantidade de passageiros ter decaído em 70% na Grande Belém. Por dia, na normalidade, são 900 mil a 1 milhão de passageiros transportados na RMB.
Com essa realidade, a situação se complica ainda mais para os usuários de ônibus urbanos durante a pandemia, porque, além do risco de contágio do novo coronavírus, os passageiros lidam com a redução da frota de ônibus em circulação.
Desde o começo da pandemia, milhares de pessoas sofrem nas paradas de ônibus para apanhar ônibus, sobretudo, na saída para o local de trabalho. Diante dessa situação, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) emitiu, na segunda-feira (27), Recomendação conjunta à Prefeitura de Belém, por meio da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (SeMOB).
Nesse documento, é solicitando a elaboração de um plano operacional de funcionamento do transporte público de passageiros baseado em estudos técnicos e modelos de prospecção, inclusive com ações emergenciais e gradações na retomada da oferta de ônibus pós pandemia. A Semob tinha cinco dias para responder à solicitação.
Em Nota, a SeMOB informou que "o referido documento foi oficialmente recebido na terça-feira, 28, quando passaram a correr os prazos estabelecidos pelo Ministério Público do Pará. A SeMOB informa que está analisando os itens pontuados no documento, porém destaca que eles não podem ser descontextualizados do novo cenário adotado no município a partir da última segunda-feira, com fechamento ampliado do setor de comércio, serviços e outros que impactarão sobremaneira a mobilidade na capital e, consequentemente, trarão uma nova dinâmica para o sistema de transporte público de Belém que ainda precisará ser observada e analisada para a adoção de qualquer nova medida".
Segundo o Setransbel, há hoje 150 linhas de ônibus urbanos na RMB, e um total de 2 mil veículos, 1.780 constituem a frota operacional. Hoje (29), 50% da frota (900 ônibus) estão circulando nas ruas."No dia 16 de março, nós tínhamos 100% da frota operando e de passageiros. Uma semana depois, o movimento de passageiros caiu em 65%. Depois, a Prefeitura determinou que a frota fosse proporcional à demanda de passageiros. Então, hoje, nós temos 50% da frota nas ruas e 70% de passageiros a menos. O desafio é manter 10 mil colaboradores em seus empregos sendo que 45% do valor da tarifa são para pagar funcionários", afirmou Natanael Romero.
O diretor do Setransbel destacou que algumas cidades do País adotaram a a paralisação do sistema de transporte, mas essa medida, como ressaltou, atinge, inclusive, os profissionais da saúde, segurança e de outros serviços essenciais.
Para tentar reverter a situação, em busca de apoio financeiro, o Setransbel já oficiou ao Governo do Estado, Prefeitura de Belém e ao Governo Federal. Mas, ainda não obteve resposta. Em outras cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (BA), o Poder Público está subsidiando o transporte público. "Fora os horários de pique, observamos o movimento de 10 a 15 passageiros nos ônibus por viagem em Belém", afirmou Natanael Romero.
Higienização
As empresas rodoviárias estão com 220 funcionários atuando na higienização dos ônibus ao final de viagem nos 106 finais de linha. Essa ação representa um custo adicional de R$ 550 mil por mês ao setor, como disse o diretor de Operações do Setransbel.
Natanael Romero disse que a higienização atende a uma determinação da Prefeitura de Belém. As empresas, como ressaltou, não tem como cumprir a orientação do Governo do Estado de disponibilizar álcool em gel aos usuários para uso nos veículos.
Sobre o uso de máscaras, o Setransbel informou que vai lançar uma campanha de conscientização. No entanto, já adota adesivos nos veículos para orientação dos passageiros quanto à utilização desse equipamento de proteção ao contágio do novo coronavírus.
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