Pacientes da Santa Casa narram casos envolvendo uma 'médica fantasma'; entenda
Crianças internadas estariam recebendo alta de uma pediatra que teria morrido de covid-19
No último domingo (22), uma história envolvendo uma suposta fantasma ganhou as redes sociais. Tudo começou após um usuário do Twitter relatar vários episódios em que crianças internadas na Santa Casa de Misericórdia do Pará receberam alta verbal de uma pediatra e, ao serem questionados por profissionais responsáveis pela checagem das liberações, não conseguiam comprovar quem era a médica. Eles também não tinham as guias de alta assinadas.
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Os casos começaram a acontecer em meados de fevereiro, quando a equipe de pediatria percebeu as altas não notificadas. Quando iam questionar o procedimento equivocado junto ao quadro de funcionários, descobriram três fatos em comum: ninguém havia notificado a alta no papel; não havia receituário para casa; e as crianças realmente haviam melhorado. De início, a suspeita era que alguém da equipe estava fazendo o procedimento sem comunicar. Depois, levantou-se a hipótese de que alguém que teria algum problema com os pediatras da Santa Casa estaria tentando atrapalhar o serviço.
Em busca do autor das altas
Para tentar descobrir o profissional que estava liberando as crianças, os pediatras passaram a buscar pelos médicos que estavam de serviço nos dias das ocorrências. Porém, nenhum nome era unânime nos plantões. A possibilidade dos responsáveis pelas crianças estarem inventando a alta para irem para casa também foi levantada pela a equipe, mas os casos continuavam crescendo e outros fatos semelhantes foram identificados.
Determinados em achar o responsável pelas liberações irregulares, a equipe médica passou a questionar os pacientes e obteve de todos eles a mesma descrição das características físicas da pessoa em questão: tratava-se de uma mulher caucasiana, baixa, de cabelos lisos com luzes, que usava óculos, tinha uma estatura corporal larga, com voz forte e aparência de 50 anos.
Médica passou pelo mesmo corredor e não foi vista
Em abril, um fato curioso chamou a atenção de uma das enfermeiras da instituição. Ao entrar em um dos leitos ela viu a mãe de uma das crianças internadas arrumando as coisas para ir embora. Questionada se havia recebido alta médica ela respondeu positivamente. Mas ao perguntar qual profissional havia estado na enfermaria para liberá-la, a paciente respondeu que seria uma médica que tinha acabado de sair naquele mesmo instante e pelo mesmo corredor por onde a enfermeira tinha vindo. Porém, nenhuma médica havia cruzado com a funcionária.
Novamente, as características físicas batiam com as relatadas anteriormente pelos outros pacientes: mulher causasiana, cabelos lisos com luzes e voz forte. Intrigada com a situação, a enfermeira indagou a mãe e descobriu que a tal médica havia dito uma frase que lhe era bastante familiar. "O menino já está bom, melhor que eu mesma". A expressão reacendeu na técnica a lembrança de uma médica que trabalhou por muitos anos na Santa Casa, mas que morreu há um ano vítima de covid-19.
A descoberta
No intuito de tirar a prova para saber se a médica era a mesma pessoa cogitada pela equipe, os funcionários esperaram até que outra "alta fantasma" acontecesse para inquirir o próximo paciente. Quando isso aconteceu, os enfermeiros mostraram uma foto da médica e perguntaram se, por acaso, havia sido ela a pessoa que tinha estado na enfermaria e liberado a criança. E veio a confirmação. A médica que estava dando alta era a mesma que havia falecido por covid-19. Outros membros da equipe também relataram uma frequência de vultos pelos corredores da ala pediátrica do hospital, apontado como um dos sete lugares mais assombrados de Belém.
Segundo o relato, as altas misteriosas continuam acontecendo pelo hospital e a médica é vista principalmente pelo 4º andar, setor onde atuou por anos. Apesar da veracidade não ter sido confirmada, histórias sobre vultos e visagens não são incomuns entre os funcionários da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Nos comentários da publicação, vários internautas passaram a contar experiências sobrenaturais vivenciadas no local.
A professora Tainá Lopes, de 25 anos, estava acompanhando a sobrinha internada no 4º andar da Santa quando ouviu outras pacientes relatarem sobre as altas misteriosas: "Eu estava no quarto andar e ouvi de algumas pessoas no quarto comentando que apareceu uma pediatra, vestida de rosa, que chegou a dar alta para alguns pacientes. Quando chegou na portaria, eles descobriram que não estava de alta porque nenhum médico realmente deu alta", relata.
Já o funcionário público Benedito Balbis, de 31 anos, que está desde de domingo acompanhando a esposa e a filha internadas no hospital, relatou o momento em que um funcionário da Santa Casa teria confirmado a identidade da pediatra que dava as altas: "Umas pacientes com acompanhantes estavam conversando e disseram que uma doutora estava dando alta. Aí o maqueiro, ouvindo a história, pegou o celular e mostrou a foto da médica para elas perguntando se era ela quem ia dar a alta. Quando elas confirmaram, ele explicou para elas que a doutora já tinha falecido de covid".
Tanto Tainá quando Benedito disseram não duvidar dos relatos, apesar de não terem uma opinião segura sobre o assunto: "Eu não sei nem o que pensar. Acho que as pessoas não seriam tão cruéis de inventar uma história assim", pondera Tainá. "Ah, nesse mundo que nós estamos, eu não duvido nada. Se a pessoa falou que viu, o que eu posso dizer?", reflete Benedito.
Entretanto, há quem não consiga acreditar nos relatos e muito menos na existência de uma funcionária fantasma. É o caso da dona de casa Valdenilda Carneiro, de 37 anos, que acompanhou a filha no hospital desde sexta-feira (20) e estava indo para casa hoje (23): "Já faz três vezes que eu entro aqui nessa Santa Casa e nunca ouvi falar isso. Isso é ilusão, não pode acreditar. É coisa da cabeça da pessoa. Só existe uma coisa no mundo que domina tudo e é Jesus, e ele não vai deixar uma coisa ruim acontecer à luz dele. Com certeza não é verdade".
Confira aqui o relato completo que viralizou na internet.
(*Estagiária Paula Figueiredo, sob supervisão da editora de OLiberal.com, Ádna Figueira)
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