Pacientes com covid-19 ganham prontuário especial no Hospital de Campanha, em Belém
A iniciativa é mais uma estratégia no atendimento humanizado de pacientes infectados com o coronavírus
Para cuidar de forma mais acolhedora, profissionais do Hospital de Campanha do Hangar, em Belém, lançaram o projeto Prontuário Afetivo. Consiste em deixar acessíveis as informações individualizadas dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O prontuário médico é o principal documento que orienta os profissionais de saúde acerca da saúde de um enfermo. Através das informações registradas, é possível definir o melhor tratamento a ser realizado, mas se uma música também se tornasse uma aliada no tratamento do paciente?
É recriado o tradicional prontuário, com informações repassadas pela família do enfermo, durante o boletim psicológico realizado diariamente. Na lista, consta a música preferida do paciente, o nome dos filhos, companheiro (a), animais de estimação e comida favorita e outras informações mais íntimas que geram empatia.
A unidade de campanha foi instalada em 2020, para tratamento exclusivo de infectados com covid-19. Em meio a tantas incertezas e perdas, ações como essa também trazem benefícios para quem cuida. A psicóloga intensivista Adriany Costa, explica que criar afinidade com o paciente através de suas afinidades facilita a comunicação entre profissional e paciente. “É importante ter a consciência de que cada pessoa em atendimento é o amor de alguém. Esse prontuário torna a relação do profissional com o paciente mais próxima, resgata memórias positivas e trabalha as emoções”, explica.
A psicóloga também destaca que o Prontuário Afetivo agrega positivamente para os familiares. “Quando esse familiar deixa um ente querido internado e sabe que há humanização nos detalhes, automaticamente isso traz benefícios, desde mais confiança na equipe, até a tranquilidade de aguardar o tempo que for necessário para o tratamento”, diz ela.
Além do Prontuário Afetivo, o Hospital de Campanha também realiza outras ações como a musicoterapia, chamadas de vídeo entre pacientes e familiares, atividades terapêuticas, oficinas de artesanato e outras estratégias para humanizar o ambiente. O projeto complementa as ações de humanização, que buscam amenizar o difícil período de internação.
“O foco de todos os profissionais que estão aqui dentro é restaurar a saúde desses pacientes. Entendemos que, nesse caminho, inserir a humanização é o processo que está mais alinhado com o melhor tratamento, a fim de não automatizar esse cuidado e preservar a sensibilidade”, destaca Elizabeth Cabeça, responsável pelo setor de Humanização do Hospital de Campanha.
A unidade de campanha, desde sua abertura, já atendeu quase 7 mil pacientes, e mais de 4 mil se recuperaram da doença. É a maior do estado para tratamento exclusivo de pacientes com o coronavírus.
(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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