Moradores da Terra Firme inauguram o 3º jardim comunitário em 10 anos
Batizado de 'Madalena Pantoja', o espaço homenageia uma das moradoras mais antiga da área que faleceu este ano
No sábado, 13, às 9h, será inaugurado no bairro da Terra Firme, em Belém, um jardim comunitário com 800 metros quadrados, instalado na avenida Perimetral da Ciência, com a passagem Liberdade. O espaço verde no meio da cidade é iniciativa de moradores e vai homenagear uma das moradoras mais antigas da área e entusiasta da jardinagem, Madalena Pantoja, que faleceu no último dia 10 de abril. Este já é o terceiro jardim que a comunidade cria em 10 anos.
Fafá Guilherme, uma das precursoras do projeto, conta que o trabalho é realizado por pessoas comprometidas com o meio-ambiente, sem nenhum apoio financeiro permanente. Fafá lembra que a ideia de construir jardins começou em 2014, a partir de um incômodo pessoal, pois a área ao longo da avenida Perimetral, antes, tinha vários pontos irregulares de despejo de lixo e entulho, que ofereciam perigos à população:
"Deu um surto de dengue aqui. Eu peguei duas vezes. Quando eu olhava as vasilhas com água cheias de larva, aquilo me incomodava. Eu tinha que fazer alguma coisa. E aí como 'quem sabe faz a hora, né?', eu comecei a trabalhar para fazer um jardim", descreve.
Fafá conta que foi um começo difícil, pois havia muito lixo e mato na área e poucas pessoas dispostas a ajudar.
"Foi tanta dificuldade que a gente começou a trabalhar com piçarra - aquelas pedrinhas, mas vingou. Agora tem tanta fruta lá. Tem banana, abiu, pupunha, bacuri, biribá, abacate, jambo, araçá-boi... Apesar de ter muita coisa, nem sempre dá fruto, porque a terra não é bem adubada como deveria, mas é lindo", detalha Fafá.
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A moradora da Terra Firme diz que, atualmente, o grupo de cuidadores dos jardins tem cerca de cinco a seis pessoas assíduas que doam tempo e recursos para a manutenção das áreas verdes. "Tinha uma senhora, que já faleceu, que dava R$ 20 todo mês. A gente faz coleta, compra carrinho de mão, compra o que estiver precisando".
A homenageada da comunidade, Madalena Pantoja, ou Madá, como era conhecida, faleceu aos 74 anos de idade, de um problema de saúde súbito. Fafá lembra o quanto ela era apegada aos jardins: "Aos 70 e poucos anos, ela sentava no chão, com um terçado e capinava. Na frente da casa dela ela fez um jardim. Ela só faltava chorar quando mexiam nas plantas dela, ela pedia para não arrancar. Por isso, o nome do jardim vai ser o nome da Madá".
Com a inauguração do terceiro jardim em 10 anos, próximo do ano em que Belém vai sediar o maior evento climático do planeta, a COP 30, Fafá espera que as pessoas se sensibilizem e se inspirem para mais iniciativas em favor do meio ambiente: "Eu espero que os vizinhos ajudem pelo menos tomando conta, não deixando roubarem as plantas, jogarem lixo. O verde é a nossa consciência, se eles não têm, eles precisam ter".
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