Obras do BRT Metropolitano prejudicam saída de motoristas às vésperas do feriado da Semana Santa

Quem precisou passar pela BR-316 para seguir rumo aos balneários e municípios do interior teve de enfrentar um longo congestionamento

Saul Anjos
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O movimento de saída da capital pela BR-316 foi intenso desde a manhã desta quinta-feira (28). A rodovia, que tem no perímetro compreendido pela Região Metropolitana de Belém (RMB) um dos trechos mais movimentados do Brasil, registra circulação média de 80 mil veículos por dia em ambos os sentidos. Quem precisou encarar o trânsito para aproveitar o feriado prolongado da Semana Santa enfrentou um adversário que é alvo frequente de críticas pela população: as obras do BRT Metropolitano.

À tarde, vários trechos da BR-316 apresentaram pontos de congestionamento provocados pelo grande fluxo de carros de passeio, vans, micro-ônibus e ônibus de transporte intermunicipal que seguiam para os balneários e cidades do interior do Estado mais procurados em feriados prolongados.

O trabalho, segundo o Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM), tem o objetivo de melhorar a mobilidade da população da Grande Belém. Porém, por conta da obra, vários trechos ao longo dos 10 quilômetros iniciais da BR-316 sofreram afunilamentos, o que provoca lentidão e congestionamento. Atualmente, está sendo executada a construção das pistas de concreto, juntamente com outras tarefas. 

A última medição do status do serviço mostrou que as obras dos terminais estão com aproximadamente 40% do cronograma concluído e seguem com terraplenagem e pavimentação dos pátios. Já as passagens inferiores contabilizam cerca de 60% dos serviços executados.

image Murilo Santos viajou de carro com a mãe com destino a Moju, no nordeste paraense, e criticou o engarrafamento provocado pelas obras do BRT Metropolitano (Foto: Carmem Helena / O Liberal)

 

 

 

 

 

Uma série de medidas foram adotadas nesta quinta-feira (28) pelo NGTM para garantir a segurança e a fluidez do tráfego no trecho em obras da rodovia BR-316 durante o feriado da Semana Santa. O órgão liberou o uso das pistas de concreto do futuro BRT Metropolitano para que o Departamento de Trânsito (Detran) pudesse gerir o tráfego na via. Mesmo assim, os condutores se queixaram de engarrafamentos e da lentidão em vários trechos da via.

Murilo Santos, 25 anos, viajou de carro com a mãe com destino a Moju, no nordeste do Estado, e foi um dentre vários passageiros que manifestaram descontentamento com o fluxo lento no sentido de saída da cidade. Ele relatou ter passado horas no trânsito para enfrentar os 10 quilômetros de extensão da obra, e que essa dor de cabeça não é apenas nas vésperas de feriado, mas, todos os dias. “Essa dificuldade que a gente sente não é só agora, por conta do feriado, é todo dia. Quem vai para o trabalho, quem volta para casa, quem vai para a faculdade. As pessoas passam, pelo menos, duas horas na BR. Eu vou dobrar na Alça Viária, mas, para quem vai seguir pela rodovia, o transtorno continua. É horrível!”, reclamou. 

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image Washington Luiz, 57 anos, escolheu Salinópolis para aproveitar o feriado e precisou de paciência para enfrentar o trânsito na BR-316. (Foto: Carmem Helena / O Liberal)

Salinópolis, um dos destinos mais procurados por quem mora na Região Metropolitana em feriados. Foi o que fez Washington Luiz, 57, que escolheu o município para relaxar neste feriado de Páscoa. “É a minha rotina”, disse ele, que precisa passar pela BR-316 todos os dias. “O transtorno é inevitável e temos que ter paciência”, desabafou. Ele contou à reportagem que pegou a estrada rumo a Salinas por volta das 15h e às 18h ainda estava na rodovia, bem longe de onde pretendia.

Quando concluído, o BRT Metropolitano ligará os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides. Desde janeiro de 2019, quando os trabalhos do Governo do Estado começaram, foram gastos R$ 423,7 milhões, e até agora a obra não foi concluída. A Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) financia 78% das obras, enquanto os demais 22% são bancados com recursos do tesouro estadual.

A redação integrada de O Liberal solicitou um posicionamento do NGTM e aguarda retorno. 

Histórico do projeto

Os primeiros estudos na RMB para melhorias na entrada e saída de Belém começaram a ser elaborados ainda na década de 1990, por meio de acordos de cooperação técnica entre o governo do Estado e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). Na época, foi elaborado o primeiro plano de transporte para RMB. Em 2000, uma atualização foi feita visando a implantação do sistema integrado e prevendo ampliação da entrada da capital.

Três anos depois, em 2003, um novo estudo de viabilidade foi projetado, mas somente em 2010, foi atualizado. A partir disso, foi elaborada a carta consulta para empréstimo internacional junto à Jica, visando a implantação desse sistema. A garantia do investimento ocorreu em 2012. Depois, se iniciou um longo impasse envolvendo o governo do Estado e o governo federal: por ser federal, a rodovia não poderia receber intervenções e obras da gestão estadual. Foi assim que o então presidente Michel Temer, em 2016, assinou portaria repassando a cessão do trecho à administração estadual.

A construtora Odebrecht deixou a obra em 2021. O segundo colocado no certame, o Consórcio Mobilidade Grande Belém, formado pelas empresas Construtora Marquise e Comsa S.A, foi convocado e assumiu a obra com contrato assinado em setembro de 2022.

Pelo contrato, o consórcio ficou responsável por executar o “remanescente de obras do sistema troncal de ônibus da Região Metropolitana de Belém, incluindo a implantação do seu sistema de controle operacional”, tendo disponível o valor total de R$ 4781,1 milhões.

O governo estadual então passou a informar uma data tentativa de conclusão da obra: dezembro de 2022. Mas, tempos depois, prorrogou esse prazo para março de 2023. Um ano já se passou e a obra segue sem finalização.

NGTM

O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) informou, em nota, que adotou medidas para melhorar a fluidez do trânsito na rodovia durante o feriado. "Entre elas a liberação das pistas expressas do BRT, reforço da iluminação e sinalização da rodovia em todo o trecho em obras e operação tapa buracos. A previsão é que as obras sejam concluídas no final do segundo semestre de 2024", detalha.
 

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