Mulheres são maioria no atendimento pelo programa Crédito Solidário
O programa ajuda mães solos e em situação de vulnerabilidade na geração de renda e empreendimentos
As mulheres representam 71% do público atendido pelo programa Crédito Solidário, programa que incentiva os pequenos empreendimentos a expandir o negócio a partir da concessão de microcrédito. O projeto vem beneficiando muitas mães solo, especialmente as mais vulneráveis atendidas por programas de transferência de renda da Prefeitura (Bora Belém) e do governo federal (Bolsa Família). A iniciativa é realizada pela Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo.
O Banco do Povo está atendendo o público interessado em acessar o Crédito Solidário, com valores de até R$ 5 mil para pessoas físicas e até R$ 10 mil para pessoas jurídicas e pagamento parcelado com juros de 0,01% a 1,5%.
O programa já liberou o total de R$ 1.7 milhão em 557 operações de crédito realizadas. Desses repasses, 399 foram mulheres (71%). Somente este ano, R$ 28.500 já foram liberados para pequenos empreendedores dos bairros da Terra Firme, Guamá, Tapanã e Parque Verde e dos distritos de Mosqueiro e Icoaraci.
“As pessoas beneficiadas trabalham com vendas de mercadorias diversas, como roupas e sapatos, e também com a prestação de serviços, como hamburgueria e confeitaria”, informa o gerente de crédito, Alcir Ferreira.
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Kívia Tenório, de 35 anos, mãe solo de dois filhos, de 4 e de 2 anos, possui um mercadinho no bairro da Terra Firme, onde mora. Ela conseguiu R$ 3 mil em crédito para comprar mercadorias para vender, como feijão, farinha, arroz, ovos e outros. Ela é beneficiária dos programas de transferência de renda Bora Belém e do Bolsa Família, e, por isso, conseguiu o financiamento com a menor taxa de juros do programa, 0,01% (juro zero).
"Eu nunca tinha tentado obter crédito, acho que não ia conseguir. Às vezes, querem garantias que não temos, nem fiador. O valor das parcelas é baixo".
Kívia conheceu o Crédito Solidário por meio de outro programa operacionalizado pelo Banco do Povo, o Donas de Si, que promove cursos de qualificação gratuita com potencial de geração de renda imediata. "Aprendi a fazer bolos e doces com outras mulheres da Terra Firme e, depois, participei de oficinas sobre empreendedorismo (realizadas em parceria com o Instituto Ela Pode, apoiado pelo Google)", recorda.
Beneficiárias
Outra atendida pelo Crédito Solidário foi Jane Cardoso, de 34 anos, mãe solo de uma menina de 9 anos, do bairro do Guamá, que também possui o Bolsa Família. "Vendo óculos. Distribuo panfletos e atendo em domicílio. Eu trabalhei sete anos numa ótica e depois resolvi trabalhar por conta própria junto com o meu marido, mas o casamento acabou e eu fiquei sem nada. Consegui o crédito para montar o negócio de novo, comprei as armações e uma mala para transportar, não tenho espaço físico para atender". Ela recebeu R$ 3 mil para reabrir o pequeno negócio.
Aline Lisboa, de 32 anos, mãe solo de dois filhos de 14 e 6 anos, e beneficiária do Bora Belém, vende confecções no bairro Parque Verde. “Estou desempregada e peguei o crédito para voltar com o negócio que eu tinha e fechei na época da pandemia”, conta. Com o crédito que recebeu, ela retomou o contato com fornecedores de Recife, Fortaleza e São Paulo e já fez as encomendas para reiniciar a venda de roupas. “Vou me organizar para ter uma lojinha presencial. Mas, por enquanto, estou focando na compra de mercadorias para anunciar nas redes sociais e vender de porta em porta”.
Elieth Cristina Costa, de 46 anos, mãe solo de um menino de 11 anos e beneficiária do Bolsa Família, recebeu R$ 3.500 para comprar mercadorias. Ela possui um ponto comercial de venda de sandálias, no distrito de Icoaraci. "Em outros lugares, não tem muita chance de conseguir empréstimo. O Crédito Solidário beneficia as pessoas que realmente precisam. É pouco, mas já ajuda muito, principalmente pra quem quer começar o negócio. Graças a Deus, eu consegui. Está me ajudando muito", afirma Elieth.
O ponto comercial, que ela administra junto com uma amiga, é a principal fonte de renda de Elieth. "A responsabilidade de ser mãe solo é muito grande. Eu digo para o meu filho, que a vida não é fácil. A gente tem que estudar e batalhar dignamente para conseguir o que quer", completa.
“O Crédito Solidário é um ‘empurrão’ para muita gente que está iniciando um negócio ou que já possui um negócio, mas precisa de um apoio para comprar mercadoria (capital de giro) ou para se estruturar (comprar equipamentos ou fazer melhorias no espaço do negócio). É um investimento importante para estimular a economia e gerar emprego e renda”, destaca a coordenadora-geral do Banco do Povo de Belém, Georgina Galvão.
Grande interesse
Diariamente, pessoas como Aline Lisboa chegam à recepção do órgão em busca de informações sobre o programa e deixam o nome registrado para contato. Esse público é chamado para assistir uma palestra, na qual as condições do programa são apresentadas para a avaliação dos interessados. Nas fases seguintes, os pedidos de crédito são formalizados, os locais de empreendimento são visitados por agentes do Banco e os processos são avaliados por um comitê, que aprova ou não a liberação do crédito.
Na manhã da última quarta-feira, 6, 32 pessoas assistiram à palestra de acesso ao programa, no auditório do Banco. “São pessoas de vários bairros que vieram conhecer o programa e avaliar se será interessante para elas. Aqui orientamos sobre como elaborar o Plano de Negócio, que faz parte do processo de acesso ao crédito, e sobre a documentação necessária”, informa o agente de crédito Nilton Canto.
Para saber mais, acesse a página do Crédito Solidário no site da Prefeitura de Belém.
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