Morre Pai Orlando Bassú, precursor na iniciação de pessoas trans no Candomblé no Pará
Sacerdote sofreu um ataque cardíaco, e tem velório no bairro do Guamá, em Belém
Faleceu na manhã deste domingo (6) o Pai Orlando Bassú, sacerdote do Abassá Afro-brasileiro Lego Xapanã. Ele ficou conhecido por ser precursor da iniciação de pessoas transexuais em seu terreiro, se tornando um importante aliado da luta da comunidade LGBTQIA+ no Pará.
Pai Orlando Bassu, 74, sofreu um ataque cardíaco em sua própria casa, enquanto tomava café na manhã deste domingo, segundo informações de pessoas próximas. O velório será na Passagem Bugarin, número 87, no bairro do Guamá, em Belém.
"Ele foi um grande homem que acolheu a comunidade LGBTQIA+. Não aceitava preconceito, mesmo sendo um hétero, acolhia homossexuais, pessoas trans e travestis. Ele iniciava mulheres trans como mulheres cis, sem que elas precisassem usar roupas masculinas, mas aquelas com as quais se identificavam. Ele foi pioneiro no estado do Pará, e vai deixar muita gente órfã”, declarou a Mãe Beatriz Nefertari, uma das primeiras mulheres transexuais iniciada por Orlando, na década de 90.
Mãe Jaruza, filha de Iemanjá, foi a primeira mulher transexual iniciada por Pai Orlando Bassú, na década de 80.
“Ele foi um grande sacerdote precursor de muitas lutas nossas. Andou caracterizado como afro-religioso pelas ruas de Belém, quando a gente não tinha essa liberdade. Foi pioneiro em muita coisa, em acolher mulheres transexuais e travestis dentro de seu terreiro, não ter vergonha de expressar sua religiosidade", diz Mãe Bia.
Bàbá Orlando Bassú era sacerdote do Abassá Afro-brasileiro Lego Xapanã, descendente da matriz afro maranhense e pernambucana. Ele foi um dos maiores representantes das raízes de mina-nagô no Pará. Era considerado um grande babalorixá da Nação Nagô, um alicerce e um grande ícone da Mina no Pará.
Com mais de 50 anos de dedicação à vida religiosa, Pai Bassú chegou a receber uma homenagem na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, em uma ocasião em que foram entregues comendas a representantes da comunidade afro religiosa do Pará. Pai Bassú também gravou um disco com cantigas de Orixás Afro-amazônicos em 2001.
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