Moradores de Outeiro esperam mais de cinco horas para voltar para casa em travessia improvisada
A maré baixa no Furo Maguari fez surgir dificuldades para atracamento. Travessia é realizada por balsa que sai Rua Dois de Dezembro, em Icoaraci, após interdição na ponte da ilha
Motociclistas e condutores de outros veículos motorizados tiveram que aguardar, no mínimo, mais de cinco horas, na tarde desta segunda-feira (17), para entrar na balsa que está realizando a travessia improvisada para a ilha de Outeiro, no Furo Maguari, no final da Rua Dois de Dezembro (7ª Rua), no distrito de Icoaraci, em Belém. Por conta da maré baixa, o espaço de atracamento do lado da ilha apresentou estrutura dificultosa para a entrada e saída de veículos. Foi necessário atrasar o serviço de travessia por mais de uma hora e meia para realizar ajustes.
Por volta das 16h30, quando a maré começou a vazar, surgiram as dificuldades de embarque no lado de Outeiro. O contratempo foi explicado pelo administrador regional do distrito, Maikenn Souza.
"Lá do lado de Outeiro, tivemos que fazer o acesso para atraque, porque a balsa precisa atracar e baixar a prancha. Colocamos britas, concreto. Se não fosse isso, ninguém poderia atravessar. Estamos, ainda, organizando para melhorar a iluminação pública de Outeiro e Icoaraci, para dar mais segurança ao cidadão que vai atravessar. Como é o primeiro dia, ainda estamos adequando para amenizar o sofrimento de todos", disse;
O relógio marcava quase 18h quando a embarcação retornou para Icoaraci. Entretanto, os ajustes ainda não eram suficientes para a viagem de condutores motorizados. "Nessa travessia [18h], decidimos levar só os pedestres [e alguns ciclistas], que já estavam aguardando há muito tempo", ponderou Maikenn.
VEJA MAIS
Neste horário, duas grandes filas desencontradas estavam formadas por pedestres ansiosos para voltar para casa. Alguns deles chegaram a furar a fila em meio a muita aglomeração. Um expressivo número de cidadãos estava sem máscara de proteção, exigida em meio ao contexto pandêmico.
Um pouco mais atrás, próximo à travessa do Cruzeiro, começava a fila enorme dos veículos, que se estendia na Rua Dois de Dezembro, por mais de quatro quarteirões, até a avenida Dr. Lopo de Castro. Agentes do Departamento de Trânsito do Estado (Detran) do Pará tentavam organizar o fluxo dessa 7ª Rua. Em vez de sentido duplo, passou a ter sentido único, desde a avenida Dr. Lopo de Castro até o Furo Maguari. Até por volta das 18h, ainda não existia previsão para o embarque dos veículos.
O motorista por aplicativo Luiz Carlos Cabral, de 59 anos, precisou levar uma passageira de Outeiro para Icoaraci de manhã. No retorno, mais de cinco horas numa fila que não se mexia. "Viemos pela balsa. No momento de voltar, cheguei na fila de embarque por volta das 13h. Quase sete da noite e ainda estou parado aqui, sem previsão para chegar em casa e com fome", reclamou.
Para o mecânico Raimundo de Jesus a demora também se transformou em agonia. "Minha esposa e eu saímos de Outeiro para Belém todo dia para trabalhar. Com a ponte é muito rápido. Agora, com essa travessia nessa balsa, passamos a tarde inteira nessa fila sem expectativa para chegar em casa", relatou Raimundo.
Paralelamente ao serviço provisório da balsa, barqueiros fazem a travessia nesse trecho do Furo Maguari. Essa alternativa já existe bem antes da interdição da ponte de Outeiro. É cobrado o valor de R$ 2,00 por pessoa, sendo que crianças não pagam. A idade para gratuidade da criança varia de barco para barco. A lotação também varia, entre 20 e 30 pessoas.
A doméstica Neide Cardoso, de 50 anos, preferiu pagar essa passagem ao invés de esperar pela balsa. "Deveria ser umas três balsas para toda essa população de Outeiro. Saí da ilha desde cedo para trabalhar e ainda fui pela ponte. Agora, prefiro pagar dois reais para voltar logo, porque ainda estou em risco de covid-19 e gripe no meio dessa aglomeração toda", mencionou.
Serviço
A balsa foi disponibilizada no fim da manhã desta segunda, pelo Governo do Estado, em parceria com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), sem custo nenhum para a população. Por viagem, a capacidade é para cerca de 400 passageiros e 65 carros. Em média, a travessia de ida e volta deveria demorar cerca de 10 a 15 minutos. Segundo a gestão estadual, o serviço vai funcionar 24 horas.
No fim da tarde, entretanto, o administrador regional do distrito, Maikenn Souza, comentou que uma parada durante a madrugada seria executada. "A ideia é que a travessia da balsa funcione de acordo com a disponibilidade de ônibus. Deve parar por volta da meia-noite, quando tem a última linha, e voltar por volta das 4h30. De madrugada não deve ter gente para atravessar. Gratuita a balsa e tem ônibus do outro lado", detalhou.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA