Moradores da Cidade Velha transformam ponto de descarte de lixo em jardim comunitário em Belém
Na rua Triunvirato, a população transformou o espaço que era tomado por sujeira em uma “pracinha” por iniciativa própria há mais de 10 anos
Com a ajuda de voluntários, moradores Cidade Velha deram uma nova vida a uma área antes usada como descarte irregular de lixo em um ponto da rua Triunvirato com a travessa de Breves. Insatisfeitos com o antigo cenário, a população transformou o espaço em uma “pracinha” por iniciativa própria há mais de 10 anos. O que antes era motivo de reclamação, virou um espaço revitalizado e se tornou um jardim florido, com árvores e plantas de diversas espécies, além de ser um ponto de encontro e um espaço de convivência para crianças e adultos.
A iniciativa foi uma ideia da administradora Angela Vasconcelos, de 50 anos, que mora a vida toda no bairro e se uniu a outros moradores para mudar o ambiente que viviam. Segundo ela, a realidade, ainda no ano de 2009, era bastante degradante e incomodava bastante. “Era um espaço abandonado, onde era feito o descarte de lixo de maneira irregular. Recolhiam toneladas de lixo. Até a prefeitura recolher, a gente tinha que conviver com isso por 20 dias. Era lixo, animais jogados e também mortos, urubu”, relata.
Tudo isso começou a mudar quando a colaboração e voluntariado dos moradores uniram esforços, como relembra Angela: Essa ideia começou quando estávamos esperando a próxima limpeza da prefeitura. Colocamos as primeiras mudas, mas não deu muito certo, porque eles continuaram jogando o entulho em cima. Numa próxima tentativa, veio a ideia de pintar os pneus e colocar umas mudas maiores, cercamos e isolamos a área. Colocamos fitas”.
“E fizemos tipo um acampamento de uma semana orientando todo mundo que viesse com aquele hábito de jogar lixo já entendesse que o espaço não estava mais para isso. E deu certo. As mudas começaram a crescer e, hoje, temos árvores frutíferas aqui. Mas isso foi um processo de reeducação e vigilância dos poucos moradores que estavam inseridos nesse momento. O lixão ficou até em 2011, no início de 2012 conseguimos revitalizar os espaços. Colocamos banquinhos. É um processo contínuo de melhoria”, conta Angela.
Monitoramento
A moradora conta que, atualmente, o espaço já tem árvores, mangueiras e até mesmo coqueiro. Espécies essas que, além da própria comunidade terem a oportunidade de colher futuramente, a ação ainda contribui para a arborização do entorno - promovendo a consciência ambiental. Apesar da mudança, Angela ainda conta que ainda há algumas pessoas que insistem em jogar lixo no local, mas que o monitoramento constante dela e de outros moradores engajados na preservação da pracinha ajuda a manter o espaço limpo.
“É um esforço da comunidade. Temos moradores bastantes envolvidos em preservar o local. As crianças brincam. As pessoas vêm conversar e sentar. Já aproveitamos bastante o espaço. Já tivemos uma festividade para as crianças. Tivemos um culto de rua e outros encontros. ”, observa Angela. Ela conta ainda a motivação de espalhar esse hábito de educação ambiental: “Na infância, a minha mãe me deu essa educação de amar a natureza. Cuidávamos de jardins. Quando vi o lixão, eu disse: ‘ali, eu quero um jardim’. Agradeço a ela por ter me ensinado e passar isso para a comunidade”.
Mudança
Com a liderança de Angela e a dedicação de moradores como Lucila da Silva, de 70 anos, o espaço ganhou vida nova. “Era um lixão do meu tamanho. Todo mundo colocava lixo, pessoas de qualquer bairro. O pessoal apagava aqueles trabalhadores para vir e jogar o lixo. Quando passamos não víamos mais o muro. Mas, graças a Deus, tivemos o apoio da Angela para iniciar esse projeto. Acho que cada bairro deveria fazer o mesmo”, diz
“A gente vem e planta, plantamos mamão. Eu acho que cada bairro deveria reunir a comunidade para formar o que nós formamos aqui. Por exemplo, cada quadra, cada ponto da cidade. Seria melhor para todo mundo”, completa Lucila, que mora no bairro há mais de 45 anos.
Iniciativa
O objetivo é que a iniciativa, apoiada pela ONG Lions Club, também se dissemine por outros pontos da cidade e em diversos bairros, conforme detalha Jorge Vasconcelos, 50, que é gestor da organização não governamental. “Essa iniciativa de nós darmos o apoio a esta comunidade serve de exemplo para outras, que também já estão se movimentando nesse sentido. E também junto com esta comunidade, viemos dar suporte ao lado da escola Caldeira Castelo Branco, onde plantamos nove árvores frutíferas da região amazônica em apoio a esta mesma comunidade”.
“Nós sempre trabalhamos em apoio às instituições e às comunidades que fazem serviços ligados às causas globais. Nesta comunidade, que faz esse trabalho desde 2010, nós viemos dar um apoio, né, de na área do meio-ambiente. Então nós somamos forças com a comunidade que já faz o belo trabalho, a gente vem em apoio com voluntários apoio logístico para que o trabalho permaneça e seja um exemplo para outras localidades”, acrescenta Jorge.
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