Lixo acumulado em inúmeros bairros de Belém afetou moradores ao longo desta terça-feira (31)
Relatos de moradores denunciam que os caminhões de coleta não passaram na segunda-feira (30) para retirar os resíduos, como fazem diariamente
Relatos de moradores denunciam que os caminhões de coleta não passaram na segunda-feira (30) para retirar os resíduos, como fazem diariamente
Nesta terça-feira (31), qualquer observador mais atento notou o estado de Belém: lixo acumulado em inúmeros pontos da cidade. Relatos de moradores denunciam que os caminhões de coleta não passaram na segunda-feira (30) para retirar os resíduos, como fazem diariamente, e apontaram os transtornos causado por essa situação ao longo do dia. A interrupção se deveria ao fechamento do aterro de Marituba para receber os resíduos da capital, por conta de uma dívida da prefeitura de cerca de R$ 15 milhões.
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Na avenida Conselheiro Furtado, entre Avenida Alcindo Cacela e Travessa 14 de Março, pela manhã, moradores e trabalhadores do entorno tentavam organizar o lixo espalhado, colocando-o em sacos plásticos maiores, para tentar amenizar a situação. Bruno Matos, de 40 anos, que reside em frente ao ponto de acúmulo de lixo, era um dos que realizavam a arrumação.
“A gente está novamente recolhendo o lixo que deixou ontem, porque infelizmente o lixeiro não passou e moradores de rua remexeram e espalharam tudo. Todo dia esse lixo é retirado à noite, mas, pelo que soube, estão de greve, então não aconteceu a coleta e ficamos prejudicados”, avaliou. Para o assistente administrativo, o acúmulo de lixo em sua porta é prejudicial. “Pode trazer doença para a gente, né? Tenho uma filha pequena, e se tivesse vidro, ela ia se cortar. Acho que a prefeitura precisaria cuidar melhor disso, não só aqui como em outros lugares, onde demoram vários dias para recolher”, opinou.
Na entrada da Vila Paz, na rua dos Mundurucus, entre travessa Quintino Bocaiúva e avenida Generalíssimo Deodoro, o mau cheiro exalava, vindo do monte de lixo depositado na calçada. O motorista de aplicativo Valdenei Malheiros, de 50 anos, é morador da vila e disse observar pontos de acúmulo de resíduos na cidade desde o dia anterior.
“Soube que parou a coleta por causa de pagamento. A gente paga tanto imposto, então por que a empresa não está sendo paga? Não estou entendendo”, reclamou. “Acho isso um descaso com o público. Esse lixo pode chamar baratas, ratos, trazer doenças. Às vezes as crianças brincam aqui e não é legal para os moradores”, analisou.
Já na avenida Governador José Malcher, os resíduos de um prédio localizado entre as travessas 14 de Abril e 3 de Maio permaneciam acumulados desde a noite anterior. A filha do aposentado Lindomar Oliveira, de 79 anos, mora no edifício, onde ele vai com frequência. “É a primeira vez que vejo esse lixo aqui. Vi na televisão que os caminhões estão com dificuldades de entrar no lixão e acredito que por isso ficou acumulado. É até uma tristeza a gente passar por essa rua tão bonita e estar nessa situação. Belém não merece isso. Está faltando amor dos dirigentes com a cidade”, lamentou.
Desde as primeiras horas da segunda-feira (30), a Guamá Tratamento de Resíduos, que gerencia o aterro de Marituba, havia parado de receber o lixo da capital. A empresa alegou uma dívida de R$ 15 milhões da Prefeitura de Belém, referentes aos serviços prestados nos meses de maio, junho, julho e agosto deste ano, além de dezembro de 2022. A coleta de lixo das outras duas cidades que utilizam o aterro, Ananindeua e Marituba, ocorreu normalmente.
Na noite do mesmo dia, a empresa Guamá afirmou ter entrado em um acordo com a prefeitura para receber os atrasados. A liberação para a entrada dos caminhões com lixo proveniente de Belém ocorreu por volta das 21h. A Prefeitura de Belém confirmou o acordo e a normalização da coleta. Até o momento, não foi esclarecido se a dívida foi quitada ou qual seria o cronograma de pagamentos.
Em nota, a Prefeitura de Belém informou que o transporte e destinação do lixo produzido pelo município de Belém estão assegurados. Mensalmente, são realizados pagamentos à empresa Guamá Tratamento de Resíduos, como destaca a prefeitura. "Existe um déficit de pagamentos em função da crise fiscal que afeta o conjunto dos municípios brasileiros, mas a Prefeitura e a empresa já acordaram sobre as datas e os valores a serem pagos. A Prefeitura de Belém ressalta que nada justifica a paralisação do serviço, levando-se em conta a essencialidade do serviço prestado e os valores já pagos. A Prefeitura de Belém informa que, em breve, a Concorrência para o gerenciamento dos resíduos sólidos da coleta ao destino final vai resolver de forma efetiva esse problema histórico da cidade", diz o comunicado.
Já a Guamá Tratamentos, empresa que administra o Aterro Sanitário de Marituba, informou nesta quinta-feira (31), que liberou por volta das 21h da última segunda-feira (30), o acesso dos caminhões que transportam resíduos para o aterro. "A prefeitura de Belém procurou a empresa e apresentou uma proposta de pagamento dos meses em atraso. Por conta disso, a Guamá suspendeu a paralisação", informa a nota. A Redação Integrada de O Liberal questionou a empresa e a prefeitura se o pagamento pendente foi realizado de forma integral. No entanto, essa questão não foi detalhada por ambas as partes.