Grande Belém pode se inspirar em Brasília na solução do lixo, sugere representante do MNCR
Em Brasília, 97% da insuficiência da coleta de lixo foi reparada após ações das cooperativas de catadores de materiais recicláveis, afirma Aline Sousa, representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis
A destinação do lixo das três maiores cidades da Região Metropolitana de Belém (RMB) ainda é uma incógnita. No último mês, a Justiça prorrogou a operação do Aterro de Marituba enquanto se busca uma solução. A reportagem de O LIBERAL abordou o assunto com Aline Sousa, representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), durante o evento 'Visão 2030', da companhia Natura & Co América Latina, em São Paulo, no último dia 5 de setembro, data em que é comemorado o Dia da Amazônia. Ela trouxe maior visibilidade à questão da reciclagem após entregar a faixa presidencial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de posse em janeiro.
Para Aline Sousa, que também é diretora da Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop) e Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores, a experiência que ocorreu em Brasília pode servir de exemplo para os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, que produzem juntas aproximadamente 480 mil toneladas de resíduos por ano. A capital federal do Brasil encerrou as atividades de um dos maiores lixões da América Latina e que incluiu a cooperativa de catadores no processo de destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
“Eu participei de uma live do evento Ananindeua Lixo Zero, foi bem bacana porque não tem como discutir o fechamento de lixão, abertura de aterro solidário, sem incluir os catadores que lá estão, porque os resíduos considerados como bens econômicos também estão lá. Então, a fala foi bem nesse sentido de mostrar um pouco, compartilhar a experiência de Brasília, que fechou um dos maiores lixões da América Latina e que incluiu a cooperativa de catadores”, comentou Aline.
Em Brasília, 97% da insuficiência da coleta de resíduos sólidos foram reparados após a participação efetiva das cooperativas de catadores de materiais recicláveis, afirma Aline Sousa, tudo por conta da implantação da educação ambiental, coleta seletiva e das ações realizadas pelos catadores diretamente com a população: “Precisamos, antes mesmo de abrir aquele aterro e fechar o Lixão, fazer coleta seletiva e implantá-la com a educação ambiental, antes de mesmo envolver as cooperativas como prestadoras de serviço”.
“Os catadores podem fazer esse contato com a população, que gosta quando um catador faz a abordagem de educação ambiental, a orienta e cria um vínculo com ela. Isso é tão bacana! E os resultados alcançados com essa participação são os melhores. Em Brasília, por exemplo, a gente alcançou 97% da deficiência da coleta quando é a cooperativa que faz, já que algumas empresas são um resíduo de péssima qualidade porque não tem uma participação efetiva da educação ambiental”, disse a diretora da Centcoop.
Aline Sousa ressaltou que é necessário mudar o pensamento da sociedade por meio da educação ambiental, para que em conjunto com as cooperativas, poder público e demais atores envolvidos possam a forma como a maior parte das cidades brasileiras tratam do despejo dos resíduos. “Essa é a nossa provocação para a mudança do comportamento da sociedade, vai muito nessa linha de orientar as pessoas sobre essa transição de comportamento, e não se faz isso de forma coercitiva, a gente precisa trabalhar de forma bem tranquila, simples e participativa”, finalizou.