Lixão do Aurá ainda tem focos de incêndio nesta segunda; catadores se arriscam em meio à fumaça
Os focos de incêndio foram registrados desde o último sábado (30)
Na manhã desta segunda-feira (02), ainda são muitos os focos de incêndio no Aterro do Aurá, popularmente conhecido como "Lixão do Aurá", área que pertence ao município de Belém. Os primeiros relatos do incêndio surgiram nas redes sociais na noite do último sábado (30). Conforme já explicado pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), a alta temperatura, os gases e mudanças climáticas podem causar esses focos.
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Na manhã desta segunda-feira, foram suspensas as aulas na escola municipal que fica na estrada Santana do Aurá, onde estudam 160 alunos, de 5 a 12 anos. Mecânico de bicicleta, Alex Leão, 28 anos, mora na comunidade Santana do Aurá. “A fumaça prejudica bastante. Tenho uma filha de 8 anos. Ela tem problema de asma. Ela mora comigo, mas precisei levar para a casa da mãe por causa da fumaceira”, disse. “Minha atual esposa não consegue ficar dentro de casa, porque meu outro filho (1 ano) não consegue respirar direito. E perto de casa tem outras crianças que sofrem muita com essa fumaça”, afirmou.
Segundo Alex, esse incêndio ocorre no lixão de tempos em tempos, principalmente no verão. Desta vez começou no sábado, dia em que ele ligou para o Corpo de Bombeiros para apagar as chamas. Como os focos de incêndio ainda não foram debelados, a alternativa de alguns moradores é sair de casa. “Sair um pouco daqui e ficar na casa de parentes, para dar um tempo e poder voltar. Às vezes, não conseguimos sair e temos que passar a noite e, principalmente a madrugada, com a fumaça dentro de casa”, contou Alex. Pela manhã, ele estava indo, de bicicleta, agendar consulta para o filho de 1 ano. “Por causa da fumaça, ele está se sentindo um pouco cansado”, disse.
"O incêndio vem por ele mesmo", disse catador
A reportagem também conversou com catadores que trabalham em cima do lixão. Eles pediram para não ser identificados. Um deles tem 39 anos e trabalha há 8 no lixão. Pela manhã, eles catavam materiais recicláveis em meio a muita fumaça. “A fumaça prejudica porque faz muito mal pra saúde”, disse ele, que não estava de máscara. “Quando tá demais (a fumaça) a gente para. Tiramos o sustento daqui”, contou.
Ele tem quatro filhos. O mais velho tem 14 e o mais novo, 7 Quando está bom, ele consegue ganhar R$ 300 por mês. “Trabalho mais com ferro. O quilo custa 60 centavos”, disse. Sobre as possíveis causas do incêndio, o catador disse: “O incêndio vem por ele mesmo. Tem o gás. Alguém pode fumar um cigarro, para tirar o estresse. Tem o tempo quente, porque tá muito seco”, contou.
A estudante Renata da Conceição Nascimento, 18 anos, mora com a família na rua Jesus de Nazaré e sofre o impacto direto da fumaça. Ela é tia de uma criança que tem menos de um ano de idade. “Essa fumaça prejudica as crianças. Por causa da fumaça hoje (segunda-feira) pela manhã, meu sobrinho (6 anos) não foi pra escola. Na primeira fumaça que deu muita criança daqui ficou gripada”, disse. Renata afirmou que tem uma sobrinha de 3 anos “que tem problema de cabeça. Ela não pode ficar gripada porque dá febre e dá convulsão”.
Bombeiros se revezam para avaliar necessidade de intervenção no local
A Prefeitura de Belém, por meio da Sesan, informou que o aterro do Aurá, em Ananindeua, atualmente recebe apenas resíduos inertes, que são materiais oriundos da limpeza urbana, exceto lixo domiciliar. E que vários fatores podem desencadear esses focos, como descargas atmosféricas, descarte de pontas de cigarro acesas, calor extremo, entre outros.
A Secretaria informou que realiza o controle e combate aos focos de incêndio em conjunto com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado. No domingo (1º), a associação civil Pará Solidário, que realiza ações no "lixão", informou que mais de 200 famílias estão sem trabalho e respirando uma fumaça tóxica. Na comunidade no entorno, moram duas mil pessoas, que estão sendo atingidas diretamente pelo incêndio, segundo o Pará Solidário.
Também no domingo, Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informam que uma equipe com 40 militares e seis viaturas atuou, durante a madrugada, no controle às chamas. Ações de combate ao fogo continuaram neste domingo (1º). Nesta segunda-feira (2), o Corpo de Bombeiros Militar do Pará informou que equipes se revezam na área avaliando a necessidade de intervenção no local.
No domingo (01), a associação civil Pará Solidário, que realiza ações no "lixão", informou que mais de 200 famílias estão sem trabalho e respirando uma fumaça tóxica. Na comunidade no entorno, moram duas mil pessoas, que estão sendo atingidas diretamente pelo incêndio, segundo o Pará Solidário.
Confira fotos desta segunda, no "Lixão do Aurá":
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