Lar de Maria: voluntários espalham amor para pessoas em situação de vulnerabilidade, em Belém
A instituição atende 400 pessoas durante o ano: crianças, adolescentes e idosos
A Semana Santa é uma época de reflexão e renovação espiritual. E, nesse momento, destacam-se as instituições que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas, contando, para isso, com a ajuda de voluntários. Uma delas é o Lar de Maria, uma instituição assistencial espírita de Belém e que atua há 77 anos pela promoção humana de crianças, adolescentes, idosos e suas famílias.
A instituição atende 400 pessoas durante o ano, como explica Juliana Lima de Carvalho, assistente social dos projetos sociais do Lar de Maria. O público é formado por crianças, adolescentes, idosos e suas respectivas famílias. “Nossas crianças são atendidas pelo projeto ‘Educação para a vida’. São crianças de 6 a 11 anos. Também desenvolvemos um projeto voltado para os adolescentes, que se chama ‘Despertar para a Cidadania’. E o nosso projeto para atender os idosos - que é o ‘Projeto Novo Amanhã’, que atende pessoas idosas a partir de 60 anos, contou.
E, duas vezes ao mês, é realizado o atendimento dessas famílias, no projeto Família Cidadã. Juliana também explicou como ter acesso às atividades do Lar de Maria. “Nosso fluxo funciona a partir de demandas espontâneas ou de encaminhamentos da rede de proteção. Então, a nossa porta de entrada são as primeiras informações da família, que são deixadas em uma ficha, e a nossa equipe técnica entra em contato com essas famílias para gente fazer atendimento de triagem social”, explicou.
Os projetos do Lar de Maria buscam atender famílias que vivenciam alguma situação de vulnerabilidade social. “Então, nós temos que atender alguns critérios: crianças e adolescentes que estejam matriculados na rede pública de ensino municipal ou estadual”, disse.
Não há um prazo específico para as pessoas ficarem na instituição. “Mas buscamos fazer um plano de acompanhamento familiar. Porém, as famílias se sentem muito pertencentes ao lar de Maria. São crianças que iniciam aos seus 6 anos de idade e saem do Lar de Maria devido a uma vaga no Jovem Aprendiz ou por estar em escola integral de ensino. Mas, pelas famílias, as crianças ficam, os adolescentes permanecem sendo atendidos, até a idade em que eles serão desligados. A partir dos 17 aos 18 anos, são desligados dos projetos. E a gente busca encaminhá-los para cursos profissionalizantes, para o programa Jovem Aprendiz, nessa fase da vida”, contou.
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Lar de Maria é retaguarda para as famílias, diz assistente social
A assistente social Juliana Lima acredita que o Lar de Maria é uma retaguarda muito importante para as famílias. “Elas relatam que trabalham despreocupadas ou que conseguiram estar no mercado de trabalho por esse suporte que o lar de Maria oferta a essas famílias. E as crianças estão aqui, como vocês estão vendo, fazendo atividades. Estão em local seguro, com profissionais qualificados, aprendendo atividades, aprendendo a conviver, socializar - e sendo garantido também alguns pontos básicos, como alimentação, higiene, segurança”, afirmou.
Ramon Barros Júnior é diretor administrativo e financeiro do Lar de Maria. “O Lar de Maria tem 77 anos de existência. E nasce com o objetivo de atender crianças e idosos. Esse é o objetivo fundamental. E, de lá para cá, naturalmente, a instituição foi se alterando, dependendo das necessidades legais, estatutárias, internas, e aquilo que ela precisava entregar para a sociedade”, disse. “O Lar de Maria começou lá atrás como creche, passou pela situação de casas lares, e, hoje, nós temos gestão de projetos voltados para a área social, em que atendemos crianças, adolescentes e idosos, extensivo às suas famílias”, contou.
Naquele tempo, explicou, o objetivo era atender aquele público. “Só que de uma forma bastante voltada ao coração. E o mundo da assistência social mudou muito. Então, assim, hoje ele é tecnicamente balizado em todos os conceitos, princípios, legais, trabalhistas, tributários, previdenciários, e com todas as certificações nas esferas municipal, estadual e federal. O Lar de Maria tem fé pública nessas três áreas”, disse. “E isso nos permite, por exemplo, fazer a gestão de projetos, porque essa é a grande situação das organizações não governamentais. A maioria delas tem muita boa vontade e entrega socialmente, mas elas vão ter dificuldade por exemplo de toda essa parte técnica legal”, explicou.
Instituição participa do Criança Esperança
À época de sua fundação, feita por Oli de Castro, não tinha esse conceito de responsabilidade social, muito menos ambiental. Só que, depois de um tempo, ele percebeu que esse modelo não era sustentável. E, aí, foram construídas outras formas de arrecadação. "Uma delas foi a nossa gestão de aluguéis que nós temos aí. Só que isso durou também uma segunda fase, muito importante. E, quando nós chegamos na administração, esses recursos já não eram suficientes. Foi quando nós optamos por fazer uma alteração de planejamento para trazer a instituição para cá, com todas essas certificações", afirmou.
"Um exemplo é o projeto Criança Esperança, o Unicef, que é materializado no Brasil pela Rede Globo. Nós já somos parceiros durante seis versões. Isso é um caso raro no Brasil, geralmente não se repete tanto. E isso acontece porque a nossa prestação de conta à comunidade é muito séria, muito precisa. Para fazer gestão de projetos, que é a minha área, você precisa dar satisfações não somente a quem você entrega, mas para o poder público”, disse.
Há, também, bastante fiscalização. “E isso é importantíssimo. Então, hoje, a arrecadação institucional vem dessa parte, dos nossos aluguéis, mas ela não garante 100% - garante em torno de 50%. E o que vem depois são os nossos projetos. Então eu tenho que ter um radar de sustentabilidade. Eu rodo sete projetos, por exemplo, mas eu tenho que ter duas, três ou mais fontes de captura de outros projetos que se encaixem no nosso planejamento estratégico institucional”, explicou Ramon.
Importância dos voluntários
Ramon também falou sobre a importância do voluntariado. “Vou parafrasear: ‘voluntariado não é aquele trabalho que pode não ser feito’. Quando o voluntário falta, ou tem alguma vacância, isso causa um problema grave para quem faz voluntariado. Voluntário não é aquele que simplesmente se presta a um serviço. É preciso ter um compromisso com a causa e com as pessoas. É preciso entender que, quando eu não vou, esse serviço terá uma vacância e eu terei dificuldades de entregas sociais. E espirituais”, explicou.
É importante dizer que o Lar de Maria é uma instituição espírita, observou. “E tem como mote justamente “fora da caridade, não há salvação”. Na parte doutrinária, é 100% de voluntários. Não temos funcionários lá. Na parte social temos uma folha de pagamento de técnicos, de todas as especificidades, porque é um trabalho social. E temos alguns voluntários lá. Mas esses voluntários (o número) na área social não são tão expressivos ainda. Inclusive isso aí é um dos motivos do nosso planejamento estratégico agora trazer uma quantidade maior de voluntários”, disse.
“Fico muito feliz e procuro não faltar”, diz aposentada de 71 anos
A aposentada Consuela Arruda de Araújo, 71, é atendida no Lar de Maria há 4 anos. “Quando a gente se aposenta, as nossas amizades somem. Muitas vezes, a gente se encontra no banco, no supermercado. E, aqui, eu encontrei um grupo de senhoras. A gente conversa, a gente brinca, ri de nós, ri com as outras”, disse ela, que é professora de profissão. “A gente faz exercícios e também muitos trabalhos manuais. Uma vez por mês tem um encontro intergeracional - as idosas com as crianças. E isso é bom para elas e para nós. Isso ajuda a passar o tempo”, afirmou.
“Fico muito feliz. Eu já participo há muitos anos. Procuro não faltar, porque eu gosto. É uma maneira de a gente sair de casa, não estar só lá em casa olhando para o tempo. Pelo menos a gente vem, conversa, bate-papo, a gente assim se sente renovada”. Ela vai ao Lar de Maria toda segunda-feira, de 9 às 10 horas.
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