Indígenas Warao reclamam da falta de assistência da prefeitura

Eles dizem não ter suporte após verba de abrigos ser repassada à PMB

Tainá Cavalcante
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Indígenas Warao se concentram em frente À Prefeitura de Belém (PMB) na manhã desta quarta-feira, 23, em protesto contra a falta de assistência do município ao grupo. De acordo com o representante da sociedade civil junto aos Warao, Thyago Rezende, os indígenas querem saber o que foi feito com o dinheiro que o MDS (Ministério do Desenvolvimento) mandou para a prefeitura quando o órgão declarou estado de emergência. 

"Eles deram o dinheiro para ser usado somente com os Warao, com abrigamento, saúde e educação deles, mas a única coisa que foi feita até agora foi o aluguel de um abrigo na Perimetral, por meio da Funpapa (Fundação Papa João XXIII), mas eles só jogaram os Warao lá, não dão assistência, mandam comida insuficiente e a casa está caindo aos pedaços" afirma, acrescentando que "eles querem saber cadê esse dinheiro, porque o dinheiro não pode acabar assim". 

image Ato em frente ao Antônio Lemos protesta contra situação de abrigos (Via WhatsApp)

Ainda de acordo com o representante, cerca de 100 indígenas que estão abrigados no Hotel Palácio, localizado na travessa Frutuoso Guimarães, no bairro da Campina, em Belém, participaram de uma reunião ontem, 22, com representantes da Funpapa, "para cobrar abrigo para eles, já que cada casal paga R$ 30 por dia para estar lá". 

"Nesse hotel está tudo um caos. As crianças estão todas doentes, o local está sujo, e eles estão cobrando abrigamento, mas ontem, na reunião, a única coisa que os representantes da Funpapa falaram foi que a opção que eles têm é voltar para as ruas ou ir para o abrigo da Perimetral, mas lá só cabe 60 pessoas e hoje já moram 110. Imagina mandar mais 100?" explicou Thyago, questionando a resposta dada pelo representante. 

RESPOSTA

Em nota, a Prefeitura de Belém informou que vem prestando serviços por meio da Assistência (Funpapa), Saúde (Sesma) e Educação (Semec), aos grupos venezuelanos desde setembro de 2017. "Todos os dias eles recebem atendimentos de saúde e cidadania, como a emissão de documentos, consultas, exames, vacinas e encaminhamento para atendimento especializado caso seja necessário, incluindo psicossocial" diz a nota.

A Prefeitura também destacou que "toda semana fornece alimentos tanto para os venezuelanos que estão no abrigo municipal, entregue em 2018 pela Prefeitura de Belém, localizado na avenida Perimetral, quanto para os grupos que estão em casas no bairro da Campina".

Sobre o número de pessoas que hoje vivem na casa, a PMB ponderou que "existem 100 de acordo com contagem feita na última sexta-feira, 18". "Destacamos que a permissão da entrada de mais pessoas no espaço foi permitido, após um acordo feito entre Ministério Público Federal e Prefeitura de Belém. Vale reforçar, ainda, que a casa possui estrutura para atender todos os que estão atualmente na residência" completou a nota.

Por fim, o documento informa que "aPrefeitura de Belém reforça que a verba repassada pelo Governo Federal ao município foi para oferecer três abrigos aos venezuelanos e não quatro" e que "a Prefeitura vem trabalhando para encontrar outros dois espaços para abrigar os refugiados".

A presidente da Funpapa, Adriana Azevedo, recebe, neste momento,  um grupo de venezuelanos para tratar das reivindicações.
 

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