Guarda-roupa compartilhado: conheça a nova forma de consumir moda em Belém
Tendência tem se preocupado em gerar menos gastos ao cliente e mais sustentabilidade ao meio ambiente
Comprar roupas novas pode parecer um hábito inocente, mas gera grandes proporções quando se olhamos os impactos dessa prática no meio ambiente. O descarte irregular de uma “blusinha” comprada por impulso pode gerar produção de lixo, passando pela contaminação do solo, chegando a emissão atmosféricas de poluentes e resíduos sólidos.
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Então, em vez de investir em roupas que serão deixadas no fundo do armário por meses, ou até mesmo anos, que tal pegar peças emprestadas e devolvê-las após o uso? É a iniciativa que sugere os guarda-roupas compartilhados, uma tendência mundial que tem se preocupado em minimizar a produção e o impacto no meio ambiente que o consumo desenfreado da moda pode causar, além de ser ótimo para o bolso por gerar a redução de gastos.
Em Belém, este serviço já existe e é encabeçado pela empresária Catianne Jorge, o Moda.Teca, que tem um espaço físico localizado no bairro da Marambaia. Há quatro anos, ela teve a ideia de fazer uma “biblioteca” de roupas, onde as pessoas poderiam pegar peças, usar por alguns dias e devolver depois.
A empresária conta que o projeto surgiu a partir de um desafio estudantil no qual os estudantes deveriam trabalhar a sustentabilidade para a Amazônia. Segundo Catianne, o conceito de guarda-roupa compartilhado já funcionava em outros Estados, mas no Norte passou a ser uma novidade e ela tem buscado “abraçar” esse desafio.
"Comecei a fazer a experiência com amigas, foi fluindo. As pessoas foram se interessando, mas até então, eu trabalhava apenas de forma online. Agora, tenho um espaço físico onde as clientes podem marcar um horário e se sentir no armário delas fora de casa”, disse a empresário sobre a essência do negócio.
A quem interessar, é necessário fazer um cadastro no espaço informando sobre a rotina, profissão, para que Catianne consiga visualizar melhor quais seriam as peças mais indicadas. Como o público alvo são mulheres, elas podem optar por serem assinantes - escolhendo todo mês um “x” quantidade de peças e devolvendo quando acabar o prazo- , ter uma experiência avulsa, mas também optar por um pacote viagem, onde cinco peças podem ser escolhidas e a cliente devolve após dez dias.
A construção do acervo de peças da Moda.Teca se deu por meio de marcas autorais brasileiras, de artistas paraenses e das próprias assinantes, que levam peças que não usam mais. São 300 peças entre vestidos de festa, casacos, calças e roupas casuais.
“Tem peças do meu guarda-roupa, mas também busquei comprar roupas atemporais que não estejam acompanhando tendências. As peças não são vendidas e os itens que não usamos mais doamos para uma ONG”, explicou Catianne.
Cuidados
Quando a empresário decidiu empreender teve a cautela de pesquisar a possibilidade de roupas com grande circulação poderiam “passar algum tipo de doença”. Mas, quanto a isso, Catianne afirmou que está despreocupada por seguir todas as normas de higiene.
“Roupas não são capazes de causar doença, a exemplo disso, são as toalhas de hotéis que após higienizadas são colocadas para o uso novamente. O que devemos nos preocupar são com objetos cortantes, como o alicante, ou até mesmo uma escova de cabelo pode ser nociva à saúde", complementou.
Vantagens
O personal stylist e consultor de imagem, Sandro Filho, que trabalha na Moda.Teca, disse que o diferencial do serviço é conseguir trazer uma maior comodidade ao cliente. Além de facilitar as opções de combinações de roupas, dando uma infinidade de alternativas.
As clientes podem escolher peças avulsas e realizar o "aluguel" por alguns dias (Amanda Gaspar / Especial O Liberal)
“Entramos na rotina da pessoa e entendemos se ela quer um guarda-roupa mais funcional. Se a peça não tem funcionalidade no guarda-roupa, nós passamos a ter ou passamos a diante. Muitas vezes a peça sai para o outro de uma segunda cliente, porque sempre tem gente precisando de roupa e sempre tem roupa sobrando no guarda roupa de alguém”, disse Sandro Filho.
Segundo ele, o maior objetivo é conseguir fazer essa conexão de quem está precisando de roupa e quem tem peça sobrando. Isso porque, evita o descarte irregular que muitas pessoas fazem, quando tem uma peça sobrando no armário, diminuindo a geração de resíduos.
"Quanto mais gerações de resíduos a gente conseguir evitar, melhor. Também afastar a associação de que roupas têm energias, como no caso das que são compartilhadas. As peças usadas em viagens, por exemplo, carregam momentos felizes, e é isso que elas transmitem”, complementou o personal stylist.
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