Greve nas federais: com portões abertos, UFPA registra pouca movimentação nesta segunda, em Belém
Segundo a Adufpa, aproximadamente 60% de docentes aderiram à paralisação até a manhã desta segunda-feira (15)
Pouca movimentação foi registrada na manhã desta segunda-feira (15), no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, no primeiro em que professores e servidores públicos entraram em greve nacional nas universidades federais, institutos federais e centros federais de educação tecnológica no Brasil. Todos os portões do campus estão abertos e nenhum ato foi registrado até por volta das 11h. Segundo a Associação de Docentes da Universidade Federal do. Pará (Adfupa), até o momento, aproximadamente 60% dos docentes aderiram à greve.
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Até o momento a UFPA campus Guamá continua com os portões abertos, no entanto, várias faixas informando sobre o estado de greve foram colocadas nos portões principais, corredores, passarelas, institutos e locais onde ocorrem as aulas. Uma reunião será feita para decidir os integrante do grupo que ficará responsável por coordenar a greve na UFPA.
“A reunião para decidir o comando de greve será realizada por volta das 14h de hoje, para instalar a situação de greve local aqui na UFPA. Depois dessa reunião que passaremos a definir o que será feito durante a semana, quais atos que serão realizados, os direcionamentos sobre a greve na UFPA. Todas as pautas são definidas dessa maneira, pois tudo pode mudar a qualquer momento dependendo da decisão do governo federal. Nesta manhã, o nosso ato principal foi a instalação dos cartazes nos institutos e portões. Além disso, os professores que fazem parte do movimento estão realizando panfletagem para explicar à comunidade acadêmica a importância de apoiar a paralisação”, explicou a professora Elen Carvalho, diretora adjunta de política sindical da ADUFPA.
Segundo Elen Carvalho, uma caravana com representantes da ADUFPA e de outras instituições federais de Belém, incluindo técnicos, está em viagem para Brasília com o intuito de participar do diálogo com o Governo Federal em busca de avanços nas reivindicações dos participantes da greve.
“Uma caravana, onde a vice-presidente da ADUFPA também está, saiu com vários docentes aqui de Belém rumo a Brasília, onde ocorrerá a definição do comando de greve nacional. Esses membros irão negociar e apresentar as reivindicações diretamente com o governo no Distrito Federal. Todas as decisões e posicionamentos tomados lá serão repassados para os comandos locais. A partir disso, poderemos reunir e decidir as nossas próprias pautas baseadas nos acordos lá realizados”, informou.
Comunidade acadêmica em greve
Ainda pela manhã, ao menos quatro professores ministraram aulas no Mirante do Rio, mas os integrantes do ato de paralisação foram até esses docentes para fazer a intervenção e sensibilização sobre a importância de todos aderirem ao ato. Segundo o professor da UFPA, Ailton Lima Miranda, a união para reforçar a paralisação será essencial para a conquista de melhorias.
“A questão da greve é sobre a melhoria salarial, sim. Mas também é por melhores condições de trabalho, para combater o trabalho precarizado. Atualmente precisamos de uma estrutura mais adequada para ministrar as aulas e conseguir usar toda a estrutura oferecida nos institutos. Queremos trabalhar com decência nas salas, laboratórios e poder atuar de maneira satisfatória. Estamos participando desse movimento para que juntos possamos mudar os rumos da educação não somente aqui, mas em todo o país”, declara o docente.
Para a estudante de Jornalismo da UFPA Joyce da Silva Nunes, estar ao lado dos docentes e técnicos no ato de greve é também garantir um ensino de qualidade aos discentes. “Eles estão lutando por melhorias na universidade para conseguirem trabalhar e também para que nós estudantes possamos aprender em um ambiente melhor. A permanência dos estudantes aqui depende da educação de qualidade e entendemos que essa luta é coletiva. Tudo o que for conquistado nessa paralisação será a longo prazo e toda a comunidade terá ganhos. Quanto mais pessoas aderirem, mais rápido seremos ouvidos”, acredita Joyce.
Rai Furtado, discente de Engenharia, diz que apoia a greve pois futuramente os estudantes também estarão ocupando os cargos de docência e os direitos conquistados farão diferença na carreira. “Esse direito deles um dia também será o dos estudantes que serão professores. Buscar um salário melhor se deve a alta na inflação e o salário digno influência na qualidade de vida. Quando os professores têm uma boa condição para ministrar as aulas, nós estudantes teremos uma educação cada vez melhor”, conclui.
Greve dos técnicos
Há mais de um mês em greve, os servidores técnicos da UFPA permanecem em negociação para também alcançar as melhorias solicitadas sobre condições de trabalho e salariais. Segundo o técnico administrativo Marcos Soares, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Pará (Sindtifes), os servidores permaneceram paralisados até uma resposta satisfatória do Governo Federal.
“Nós também temos representantes que estão unidos aos demais servidores de instituições federais que estão indo para Brasília. Nossa luta por melhorias é coletiva e esperamos que as reivindicações sejam cumpridas. Nos próximos dias serão feitas reuniões e esperamos que seja feita uma proposta orçamentária conforme a nossa pauta. Continuaremos apoiando o movimento nacional para a valorização da nossa categoria que possui o menor salário entre os servidores federais”, garante Marcos Soares.
Nacional
Conforme divulgado pela Agência Brasil, nota do Ministério da Educação diz que busca alternativas de valorização dos servidores da educação, sempre atento ao diálogo franco e respeitoso com as categorias. E que vem participando da mesa nacional de negociação e das mesas específicas de técnicos e docentes, além da setorial, que trata de condições de trabalho.
O objetivo é estabelecer um fórum permanente de interlocução voltado aos servidores públicos do ministério, onde são debatidas e encaminhadas as reivindicações coletivas de caráter específico, sem impacto orçamentário.
Entre as demandas das instituições, estão a melhoria das condições de trabalho, alteração no registro de ponto eletrônico e revogação de portaria que trata da regulamentação das atividades docentes da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Serão realizadas reuniões entre secretarias do MEC e as respectivas entidades. O primeiro encontro será em 6 de maio.
Posicionamento
UFRA - Em nota, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) informou que se posiciona em favor da luta dos docentes que, em assembleia, decidiu iniciar a greve a partir do dia 1° de maio de 2024, por tempo indeterminado. A instituição apoia também a greve dos servidores Técnico Administrativos (TAEs) das Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs) do Brasil, iniciada no dia 11 de março de 2024, também por tempo indeterminado.
A data para o início da greve se deu devido a solicitação dos docentes de finalizar o período letivo 2023.2 (término em 27 de abril de 2024). Dessa maneira, a Associação dos Docentes da universidade (Adufra) respeitou o pedido para não prejudicar o andamento das aulas. Cada instituto dentro da universidade possui sua dinâmica nas atividades administrativas e de ensino, pesquisa e extensão, dessa forma, cada projeto de pesquisa científica e de extensão decidirá o que será mantido ou paralisado.
“A instituição reconhece e compreende a importância pela luta de recomposição salarial e reestruturação da carreira dos TAEs e dos docentes, como parte integrante do processo de fortalecimento da educação pública brasileira, uma vez que não é possível oferecer para sociedade um ensino superior de qualidade sem servidores com direitos reconhecidos e efetivados”, diz o trecho final da nota.
UFOPA - A instituição informou que os docentes da Universidade Federal do Oeste do Pará estão em fase de eleição da nova diretoria do sindicato. Assim, ainda não aderiram à greve. As atividades acadêmicas estão ocorrendo normalmente. Os técnicos da Ufopa ainda estão em greve e aguardam acertos entre sindicato e governo.
ADUFPA - Por e-mail, a Adufpa informou que a deflagração oficial da greve ocorreu no Mirante do Rio, bloco de salas de aula do Campus Básico da UFPA, com agitação por parte do Comando Local de Greve, tanto na parte da manhã, como à tarde e à noite.
Sobre a paralisação das aulas, foi dito que a reitoria da UFPA foi previamente comunicada acerca do início da greve docente federal, assim como todos os dirigentes das demais unidades acadêmicas e Multicampi. Após a notificação, o Conselho Universitário lançou uma nota oficial de apoio à greve. Somente no decorrer da semana haverá um quadro mais preciso das unidades que estão ou não funcionando
A Adufpa ainda ressaltou que a greve foi deliberada no 42° Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), e tem como pautas: reajuste salarial, conforme reivindicação do conjunto do(a)s servidore(a)s público(a)s que corresponde a 7,06% em 2024, de 7,06% em 2025, de 7,06% em 2026; destinação de orçamento público em condições ideais para as Universidades e Institutos Federais; reestruturação da carreira docente com valorização das condições de trabalho; revogaço de medidas antissindicais, antidemocráticas e contrarreformas. No âmbito local, também há uma série de reivindicações, tais como: condições de trabalho para docentes que atuam com PCD’s; garantia de cursos de capacitação, com direito a afastamento para qualificação, cumprimento da Lei no 12.990/2014, apresentação de prazos.
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