Greve de ônibus: rodoviários decidem encerrar paralisação na Grande Belém
Categoria afirma que vai organizar novos protestos ao longo da semana
A Região Metropolitana de Belém (RMB) amanheceu sem ônibus, nesta quinta-feira (8), e alguns usuários de transporte coletivo foram pegos de surpresa, por conta da paralisação organizada pelos sindicatos dos rodoviários. Nas primeiras horas da manhã, muitas pessoas aguardavam a normalização do serviço nas paradas de ônibus. Apenas transportes alternativos, como vans e micro-ônibus, circulavam nas vias da Grande Belém. A paralisação foi suspensa somente às 9h.
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Desde as 4 horas da madrugada, representantes do sindicato estiveram nas portas das garagens das empresas de transporte, como a Belém Rio, na avenida Augusto Montenegro, e a Viação Forte, na avenida Mário Covas, conscientizando trabalhadores sobre o motivo do movimento. Segundo eles, os reajustes acertados na greve de abril deste ano ainda não foram pagos de forma integral.
Após o término do ato dos trabalhadores rodoviários, o presidente em exercício do Sindicato dos Rodoviários de Belém (Sintrebel), Ewerton Paixão, deu mais detalhes sobre a paralisação dos rodoviários. "Essa paralisação começou nas primeiras horas da madrugada (de quinta-feira, 8) e a gente liberou os ônibus, às garagens, às 7 h. E iniciaram-se protestos em alguns pontos da cidade. São Brás foi um dos pontos", afirmou.
Ele acrescentou: "A gente pede que seja cumprida a determinação da Justiça do Trabalho, que, há quatro meses, quando houve uma mediação, determinou que seriam 5% de reajuste para os rodoviários de forma imediata e 7% com as desonerações. Coisa que não aconteceu. Passaram-se quatro meses e os rodoviários não tiveram o seu reajuste. A gente só pede que seja cumprido o que foi determinado pela Justiça doTrabalho", afirmou.
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Usuários reclamam de esperas nas paradas e preços maiores em vans
Devido à paralisação, vários usuários ficaram sem alternativas de transporte no começo da manhã, apesar de alguns ônibus passarem a sair das garagens depois das 7h. Vários atos foram realizados em pontos específicos da capital, a situação ainda se complicou mais. "Fiquei sabendo da greve por alto ontem, quando cheguei do meu trabalho, que eu pego às 22 horas. Mas eu não sabia que isso ia acontecer. Estou há mais de uma hora aqui e nada", disse Jefferson Miranda, funcionário de supermercado, que trabalha de madrugada. Ao voltar para casa, o morador de Benfica ficou à míngua numa parada da BR-316. "Eu tinha informação que sete horas ia normalizar, mas até agora nada", dizia ele, por volta das 8 horas.
Ely Campos, de 20 anos, também aguardava há meia hora por um ônibus na parada do Shopping Castanheira, perto da galeria BR. Às 7h50, ainda esperava, atrasada, para a entrada no serviço, às 8 horas.
Os valores de passagens nas vans de transporte alternativo foram aumentados após o anúncio dos atos. Nessa manhã, motoristas aproveitaram a oportunidade para faturar mais com a alta procura. O motorista Sérgio Augusto e outros confirmaram que o preço da passagem praticado é de R$ 5 por quase todos.
Rodoviários cobram acordo com empresários
Segundo Huelen Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), não se trata de uma greve. "É um protesto. Nós ganhamos 12% após a greve na mesa de negociação. Passaram quatro meses e não resolveram nada. Foi definido 12% e só tem até agora 5%. A patronal ia dar 5%. A prefeitura ia entrar com 2% de subsídio e o Estado ia dar 5%. A categoria está revoltada com essa situação. Quem vai assumir os 7% que faltam?", detalhou o líder sindical.
Em nota publicada por volta das 8 horas, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que, até o momento, "não foi comunicada oficialmente sobre a possível paralisação dos rodoviários". A Semob disse ainda que "as pautas apresentadas pelos rodoviários dizem respeito às questões trabalhistas, portanto relação restrita entre empregador e empregado". A Superintendência recomendou ainda aos trabalhadores que "se busque a solução por meio do diálogo e da negociação". A Semob diz que "adotará todas as providências necessárias para a garantia de uma prestação adequada do serviço de transporte coletivo à população".
No final da manhã, houve uma confusão no Entrocamento, onde, assim como ocorreu em São Brás, houve um bloqueio feito pelos rodoviários. E um homem acabou detido pela Polícia Militar e encaminhado para uma unidade da Polícia Civil. Toda a ação foi filmada e as imagens circularam nas redes sociais. Por volta das 12 horas, e após o fim dos protestos, ainda era intenso o fluxo de veículos no Entrocamento, em direção ao centro de Belém. O trânsito estava lento, mas fluindo normalmente.
Setransbel afirma não ter sido comunicado sobre a greve
Por nota, o Setransbel informou que "...não foi comunicado antecipadamente pelos sindicatos dos rodoviários em respeito ao que preceitua a lei de greve. Em maio deste ano (16/05/2022), o Setransbel firmou acordo perante o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, cumprindo-o integralmente com a concessão de reajuste linear de 5% a partir de 1°de maio, sobre: salários, auxilio alimentação, auxilio clínica, manutenção do centro de formação/auxilio assistencial".
"Na ocasião, acordou-se, ainda, a concessão de mais 7% de reajuste condicionados expressamente: 2% à Desoneração do ISSQN, da Taxa de Gerenciamento (ambos de competência da Prefeitura Municipal) e 5% à Desoneração do ICMS sobre o combustível. Ocorre que essas condicionantes não foram efetivadas até o momento pelo poder público, motivo da reivindicação dos trabalhadores", destacou o sindicato.
Ainda na nota, o Setransbel comunicou que "...a recomposição tarifária, calculada tecnicamente pelo órgão gestor, e o auxílio do poder público, por meio das desonerações e subsídios previstos em maio deste ano, são o único caminho para o equilíbrio econômico-financeiro do sistema sem onerar ainda mais o passageiro pagante, única fonte de custeio do setor"
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