Fogo no lixão do Aurá pode provocar problemas respiratórios e risco de explosão, diz especialista

O engenheiro sanitarista Neyson Martins, pesquisador da UFPA, explica que algumas pessoas têm o hábito de queimar resíduos para tentar expelir os metais que neles podem estar contidos

Fabyo Cruz

Apesar de ter sido desativado em 2015, o terreno onde funcionava antigo lixão do Aurá, em Ananindeua, aparentemente segue recebendo descarte irregular de resíduos. Na última semana, pessoas que residem nas proximidades do local denunciaram a existência de focos de incêndio. Especialistas em engenharia sanitária alertam que a queima de lixo pode provocar problemas respiratórios aos moradores da área e risco de explosão.

O engenheiro sanitarista Neyson Martins, pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que algumas pessoas têm o hábito de queimar resíduos para tentar expelir os metais que neles podem estar contidos. “Os principais danos que podem ser ocasionados com esse comportamento são os problemas respiratórios, explosões e morte por contaminação. As pessoas que trabalham diretamente com esses resíduos correm mais riscos”, afirmou o especialista.

Em relação à possibilidade de explosão, Neyson Martins esclarece que em áreas de lixão existe o confinamento de gás, um deles é o metano, que ao estar confinado impede a realização do processo de combustão.  “Quando o gás está confinado é como se fosse uma verdadeira bomba e pode resultar em uma tragédia. Portanto, é muito perigoso que as pessoas continuem tocando fogo em lixões”, disse o pesquisador.

Sobre os problemas respiratórios, o engenheiro sanitarista elucida que ao fazer a queima não controlada dos resíduos, ocorre a emissão de vários gases, como sulfeto de hidrogênio (H2S) e Monóxido de Carbono (CO), que competem como o Oxigênio (O2), impedindo a oxigenação das células humanas, comprometendo diversos danos a nível pulmonar.  “Por conta da covid-19, muitas pessoas ficaram com o sistema respiratório comprometido, esse grupo pode ser afetado com maior facilidade”, comentou.

No que se refere à morte, o pesquisador diz que a perda da vida pode ocorrer ao longo prazo, sobretudo a quem inala H2S. “É claro, isso pode ocorrer conforme a distância em que uma pessoa fica diariamente de um local onde ocorre a queima desses resíduos. A concentração dos gases diminui para quem está mais longe, ou seja, quem mora no centro da cidade não deve ser tão afetado, diferente das comunidades que vivem ao entorno do lixão”, disse o pesquisador.   

Em Belém, imagens da fumaça provocada pela queima no antigo lixão do Aurá foram registradas no dia 11 de agosto. A Redação Integrada de O Liberal solicitou às secretarias de Meio Ambiente do estado e município um posicionamento atualizado sobre o caso. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) informou que está acompanhando a situação, onde foi constatado a existência de focos de incêndio, provavelmente provocados pela combustão de gás metano. 

“A fumaça que exala em diversos pontos da cidade é consequência desses focos de incêndio. A equipe do Departamento de Monitoramento e Fiscalização da Semma esteve no local na semana passada e retornará ao antigo aterro nos próximos dias. O órgão reforça que segue avaliando o caso e tomando as providências necessárias”, diz o comunicado. A reportagem aguarda pelo retorno da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).    

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