Floradas dos ipês mudam a paisagem e encantam moradores de Belém; saiba como pode ou não plantar
Período com menos chuvas ajuda na reprodução da espécie, aponta especialista
A florada dos ipês em Belém este ano começou a colorir a paisagem. Vários trechos da cidade já estão repletos de flores cor-de-rosa, garantindo uma verdadeira “passarela” colorida em diversas vias da capital. Os variados tons dos ipês atraem os olhares encantados dos moradores e geram uma atmosfera de alegria para o cenário urbano. Um dos locais com grande concentração desse tipo de árvore é a avenida Almirante Barroso. Pedestres, motoristas e ciclistas que passam pelo local não escondem a admiração.
O período da floração segue até o mês de setembro e quem aproveita o período a é a dona de casa Helandia Correia. Moradora do bairro do Marco, ela diz que a florada deixa a avenida Almirante Barroso muito mais bonita. “Nós moramos praticamente aqui do lado [da Almirante Barroso] e todo ano a gente vem tirar fotos aqui. Eu e meu filho, nós amamos. É muito bonito”, afirma.
Ela considera que esse momento também é uma forma de lembrar sobre a arborização da cidade e diz que até mesmo em pequenos passeios nos arredores do bairro do Marco ela costuma parar para apreciar a beleza dos ipês.
“Seria bom se tivesse mais. Com essa avenida todinha [cheia de ipês]. Seria maravilhoso. São tão lindas, porque tem várias cores também. Acho que poderiam até plantar outras cores bem diversas para Belém ficar ainda mais linda. As que estão bem floridas estão belíssimas”, comenta Helandia.
O período da floração dos ipês segue até o mês de setembro. (Ivan Duarte / O Liberal)
Bem-estar
Também moradora do bairro do Marco, a bióloga Carolina Ortiz conta que quando os ipês começam a florescer é muito importante para o contexto urbano. “As flores dos ipês trazem um acalento para o nosso coração, porque trazem beleza e encanto. A florada dos ipês é o início da primavera. É uma época do ano bem bonita porque a gente tem um ‘boom’ de vida florescendo. Não só as árvores como as outras plantas”, relata.
“Ter flores reforça a beleza da primavera. Eu acredito que a arborização, as flores e a natureza também trazem um pouco mais de equilíbrio para as pessoas, porque se relembra a natureza que existe e que a gente precisa estar perto dela. Ter essa proximidade com as árvores e com as flores traz um pouco mais de equilíbrio emocional e equilíbrio da saúde, porque temos uma respiração melhor. E as árvores têm uma função muito interessante na cidade que é a questão térmica”, reforça.
Florada e calor
O professor doutor em botânica, Felipe Farjado, explica que os ipês florescem nesta época do ano porque aproveitam a estiagem para a reprodução da espécie. “A intensa floração atrai diversos polinizadores. Como resultado da polinização, há a formação de inúmeros frutos, semelhantes a vagens, que, quando maduros, se abrem, liberando as sementes aladas, as quais são dispersadas pelo vento. A liberação das sementes durante a estiagem (ou, pelo menos, durante o período menos chuvoso) costuma possibilitar que a semente seja carreada por distâncias maiores. Assim, a tendência é que a semente germine longe da planta-mãe, evitando a competição por nutrientes e luz”, explica.
Apesar de bastante empregados em paisagismo, o especialista chama atenção para o fato de que os ipês podem crescer mais de 10 metros, o que exige cuidados: “Por isso, normalmente são plantados em canteiros centrais ou como árvores isoladas em parques e praças, por exemplo. Se as mudas de ipês forem plantadas em vias públicas, é preciso monitorá-las e, quando adultas, tomar cuidados para que não esbarrem na fiação elétrica. O plantio de ipês em vasos, embora seja possível, não é comum, pois limita o desenvolvimento da planta. Nesse caso, é recomendado o uso de vasos largos e profundos, com boa drenagem”, orienta.
Ipês têm plantio estratégico em Belém
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belém (Semma) diz que os ipês são plantados de maneira pontual, estratégica, em Belém, uma vez que produz pouca sombra. Sua função principal é paisagística. Não existe registro da quantidade de ipês na cidade, mas a secretaria conta que um levantamento está sendo realizado, em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), no projeto de inventário de arborização de Belém.
“Sobre o plantio, a Semma destaca que prioriza a escolha de espécies arbóreas preferencialmente amazônicas, que já estão adaptadas ao clima local e que possuem floração atraente, como as dos ipês. Entre as principais espécies plantadas estão Andirá-uxi e Pau-preto. Ao longo deste ano de 2024, Belém recebeu o plantio de árvores de espécies arbóreas e arbustivas, que foram plantadas em diversos pontos da cidade, como o Elevado Daniel Berg, Entroncamento, as avenidas Almirante Barroso, Bruno Sechi e Centenário, além de 7 praças, diversas escolas municipais, entre outros pontos. Quanto ao plantio, a Semma reforça que a recomendação é não plantar nenhum indivíduo vegetal por conta própria, sem conhecimento técnico ou anuência do órgão municipal. Porém, caso o munícipe tenha interesse de ter uma árvore, seja um ipê ou outra espécie, na frente ou próximo à residência, a orientação é que o mesmo solicite à Semma, que fará um estudo de viabilidade técnica e qual a espécie mais indicada para o local, garantindo que a árvore gere benefícios e não prejuízos para a população”, informa o órgão.
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