Estudantes quilombolas cobram aulas em escola no Abacatal, em Ananindeua
A expectativa da comunidade ocupou a unidade escolar por cerca de 4 horas nesta quinta (6)
Das 10 às 14h20, nesta quinta-feira (6), integrantes da comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Gregório Rosa Filho, na Comunidade Quilombola Abacatal, no bairro do Aurá, no município de Ananindeua, ocuparam essa unidade escolar como forma de pressionar a Secretaria de Educação daquele município a reintegrar cinco funcionários e a diretora da escola. A manifestação aparentemente deu resultado: em contato com técnicos da Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua, os manifestantes receberam a informação de que o órgão ficou, ainda nesta sexta-feira (7), de tornar sem efeito o destrato dos funcionários e a demissão da diretora do estabelecimento de ensino. A Prefeitura informou, à noite, que as aulas deverão ser retomadas ainda nesta sexta (7).
Desde segunda-feira (3), os estudantes da manhã estão sem ter aula na unidade - 59 alunos de duas turmas do Maternal I e II e de turmas do 1º, 2º e 3° ano do Fundamental menor.
Uma das pessoas que participaram da manifestação informou que ainda no domingo (2) à noite a comunidade escolar tomou conhecimento de que cinco funcionários, entre três professoras, uma secretária e uma auxiliar administrativo, haviam sido destratados. Por isso, na terça-feira (4), pais e mães de alunos e funcionários se manifestaram em frente à entrada da escola e oficiaram à Secretaria Municipal de Educação no sentido de que a decisão fosse revertida.
Ocupação
Ocorre que na quarta-feira (5), a diretora da escola, Maria do Remédio Cardoso, foi desligada do Município. Essa decisão, segundo os manifestantes, teria sido tomada em virtude do protesto em frente à unidade escolar. Nas manifestações, a comunidade escolar usou cartazes acusando a gestão municipal de "racista".
"Então, nós decidimos fechar o portão da escola às 6h30 de hoje (6), para ninguém entrar no espaço, e às 10h ocupamos a escola. A ocupação ocorreu das 10h às 14h20, mais ou menos, e, depois, o acesso foi liberado. Isso porque a Secretaria anunciou a intenção de manter as pesssoas que haviam sido afastadas da escola. Mas, se essa medida não for cumprida, nós vamos ocupar de novo a escola", afirmou uma das manifestantes.
Violação
Os estudantes e a comunidade quilombola externaram, nas redes sociais, seu descontentamento com as decisões da Prefeitura de Ananindeua. "Com a autorização dos responsáveis, as crianças decidiram gravar um vídeo expondo o que entenderam da situação que a escola Manoel Gregório Rosa Filho se encontra atualmente. Não queremos desconhecidos ensinando nossas crianças, temos profissionais qualificados e dispostos a ensinar, o prefeito @doutordanielsantos iniciou essa retaliação ao território após não aceitarmos as vontades dele, tirar nossos direitos e os de nossas crianças é o meio que ele encontrou de nos atingir. Queremos os profissionais do quilombo na escola, não aceitaremos profissionais que não conhecem nossa história e que não darão a mesma atenção que os filhos do território têm com os alunos. Seu racismo extrapolou todos os limites prefeito, sabemos nossos direitos e vamos cobra-los do senhor. @doutordanielsantos não se esqueça que a COP30 está logo aí e o quilombo não tem memória curta", é afirmado em postagem no Instagram @quilombodoabacatal.
Posicionamento
Em nota, a Prefeitura de Ananindeua informou que realiza a movimentação funcional de seus servidores de acordo com os níveis de experiência nas suas atividades educacionais. "As alterações no quadro docente são realizadas para oferecer o melhor para os alunos da rede municipal de ensino", repassou a gestão municipal.
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