Espécie de ave rara e ameaçada de extinção é avistada em Belém
Biólogo Felipe Furtado confirma a presença da ave Uiraçu na área de conservação em pleno cenário urbano da capital paraense
Um uiraçu(Morphnus guianensis), ave rara e ameaçada de extinção, foi avistada sobrevoando o Lago Bolonha, no Parque Estadual do Utinga "Camillo Vianna" em Belém, no último dia 15 de agosto, por volta das 6h45. O registro foi feito por Gustavo Melo, fotógrafo de natureza e professor da da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA), e contou com o auxílio do biólogo Felipe Furtado para certificar que de fato seria o uiraçu
De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o uiraçu é classificado como “quase ameaçado”. No Brasil, a situação é ainda mais crítica em alguns estados da Mata Atlântica, onde a espécie é severamente ameaçada ou até mesmo considerada extinta regionalmente, como no caso do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A raridade desse avistamento no Parque Estadual do Utinga ressalta a importância da conservação das áreas verdes remanescentes em grandes centros urbanos.
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O gerente da Região Administrativa de Belém, Júlio Meyer, fala da importância do registro para a conservação da biodiversidade na região. “O avistamento do uiraçu no Parque Estadual do Utinga é um sinal claro de que nossos esforços para proteger e conservar este ecossistema estão dando frutos. Esse registro reforça a necessidade de continuarmos a trabalhar para garantir que espécies raras e ameaçadas, como o uiraçu, possam encontrar refúgio seguro em áreas protegidas como o Utinga”, afirmou.
Características do uiraçu
A ave conhecida como accipitriforme da família Accipitridae, também é conhecida como gavião-real-falso ou gavião-de-penacho. É uma espécie rara, mais difícil de ser avistada do que o gavião-real (Harpia harpyja), com o qual compartilha diversas características. Considerada uma das maiores aves de rapina das Américas, o uiraçu pode medir entre 81 e 91 centímetros de comprimento, com as fêmeas geralmente maiores e mais robustas que os machos. Uma de suas características marcantes é o penacho escuro na cabeça, com uma única pena negra mais longa, que o diferencia do gavião-real, que possui duas penas no penacho.
Ele é encontrado em florestas conservadas ou com pouca alteração, tanto em florestas primárias quanto secundárias. Prefere viver sozinho ou em pares e é conhecido por passar longos períodos imóvel, oculto em poleiros altos enquanto caça suas presas. Sua ampla distribuição geográfica abrange desde o México até o nordeste da Argentina, com ocorrência registrada em vários países da América Central e do Sul.
No Brasil, a espécie é mais comum na Amazônia, mas também pode ser encontrada em biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica. No Cerrado, há registros em pontos do Centro e Sudeste, incluindo Minas Gerais. Já na Mata Atlântica, sua presença é mais notável no sul da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, embora em algumas dessas áreas a espécie esteja sob risco extremo de extinção.
Encontro emocionante
Para o professor Gustavo Melo, o encontro com o uiraçu foi emocionante e inesperado. “Estava acompanhando a movimentação no lago Bolonha quando avistei a ave sobrevoando a área. Consegui capturar algumas imagens antes que ela desaparecesse sobre a copa das árvores. Foi uma experiência única, saber que registrei uma espécie tão rara e significativa”, comenta.
*LUCAS QUIRINO (ESTAGIÁRIO SOB A SUPERVISÃO DE JOÃO THIAGO DIAS, COORDENADOR DO NÚCLEO DE ATUALIDADE)
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