Cerca de 40 mil brasileiros vivem com esclerose múltipla no país, segundo estimativas do Ministério da S​​aúde. A doença neurológica inflamatória, crônica e autoimune, leva o sistema imunológico a agredir a bainha de mielina que recobre os neurônios, afetando o sistema nervoso central. Para conscientizar sobre essa condição grave, foi instituído o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, no dia 30 de agosto, mês denominado Agosto Laranja. A ideia é alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e fomentar o respeito e a dignidade para quem convive com a doença.

De acordo com o Hospital Ophir Loyola, esse distúrbio cerebral se desenvolve quando células de defesa do organismo atacam a camada protetora que envolve os neurônios (desmielinização) e atrapalham o envio de comandos do cérebro para o resto do corpo. É mais incidente em adultos jovens, entre 20 e 40 anos, sendo a maioria mulheres. Mas pode acometer pessoas de todas idades, de crianças a idosos. Os fatores de risco são multifatoriais, podem ser genéticos, mas também ter causas ambientais, como as infecções virais, baixos níveis de vitamina D, exposição a solventes orgânicos, tabagismo e obesidade.

Em Belém, o Ambulatório de Doenças Desmielinizantes do Hospital Ophir Loyola (HOL) oferece assistência, tanto na fase aguda quanto para investigar a doença, além de fazer a reabilitação dos pacientes. O serviço acompanha cerca de 450 pacientes. Desse total, 150 têm esclerose múltipla (EM).

O neurologista Lucas Freitas, do hospital, esclarece que há várias apresentações da doença, porém, o tipo remitente-recorrente corresponde a 85% dos casos. Segundo o especialista, os sintomas se evidenciam com a progressão da EM, durante as crises ou surtos que surgem, de uma hora para outra, ao longo da vida, e persistem por mais de 24h.

“Entre os principais sintomas da esclerose múltipla estão as alterações da sensibilidade, da função motora, da força muscular ou da visão. É preciso ficar atento ao sentir um formigamento que persiste por cerca de uma semana, alteração nos movimentos dos olhos, dificuldade urinária ou para andar. Os sintomas remitem, mas se o paciente não procurar ajuda e esperar melhorar por conta própria, a doença pode avançar. Em caso de alguma dessas ocorrências, a pessoa deve procurar um neurologista o mais breve possível”, orienta o neurologista.

Freitas explica que os sintomas podem variar de uma pessoa para outra, podem regredir com o tratamento ou não, permanecendo algumas sequelas. O diagnóstico é realizado a partir da avaliação da história do paciente, exame clínico e ressonâncias do eixo todo do crânio e medula, análise do líquor ou outro método. Também são realizados exames de sangue para excluir outras doenças que possam levar aos mesmos sintomas, a exemplo de doenças autoimunes que apresentam sintomatologia parecida com esclerose múltipla, ou até mesmo excluir Acidente Vascular Cerebral em jovens e outras causas.

Segundo o Ophir Loyola, em fase inicial, existe uma dificuldade dos profissionais de saúde em reconhecer a esclerose, é preciso fazer uma triagem a fim de avaliar com exatidão o conjunto de sintomas apresentados e fechar um diagnóstico preciso.

Acesso

Os pacientes são encaminhados via sistema de regulação pela Unidade Básica de Saúde. Ao chegar ao hospital, passa pelo ambulatório de triagem, que verifica se o quadro clínico é compatível ou não, recebe assistência inicial e é encaminhado ao serviço de neuroimunologia. Aquele que chega com surto, passa por avaliação e, caso necessário, internação. Além de consultas médicas e acompanhamento multidisciplinar, o paciente é reabilitado para que possa contribuir com a sociedade. Os medicamentos são ofertados pelo Ministério da Saúde.