Escadinha do Cais do Porto recebe obras de restauração em Belém

Com início em abril, a revitalização desse símbolo histórico e cultural de Belém integra as obras do Porto Futuro II e a preparação da cidade para a COP 30

O Liberal
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Um dos símbolos históricos e culturais mais importantes de Belém, a Escadinha do Cais do Porto, espaço localizado na Praça Pedro Teixeira, no início da avenida Presidente Vargas, está sendo restaurado. As obras iniciaram neste mês de abril. A primeira parte dos trabalhos tem previsão de conclusão em novembro de 2025 e busca preparar a cidade para a COP 30, além de valorizar a cultura e o patrimônio histórico da capital paraense.

A revitalização do espaço integra as obras do Porto Futuro II, que fazem parte do Programa Estrutura Pará do Governo do Estado, em parceria com a mineradora Vale.

Até o início dos anos 1900, o local foi historicamente reconhecido como um ponto estratégico para o município por ser usada como ponto de desembarque de navios de pequeno e médio portes, funcionando como "trapiche", ou seja, um terminal de passageiros de menor tamanho, para receber viajantes e cargas vindos de diversos lugares do Pará e de outros estados.

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Escadinha do Cais do Porto: renovação de uma das “janelas para o rio”

Na praça da Escadinha, as obras de restauração serão realizadas nos meios fios, nos monumentos em homenagem à Pedro Teixeira e Getúlio Vargas, no calçamento, nos paralelepípedos originais e nas placas de inauguração.

Todas as ações de revitalização foram apresentadas e aprovadas pelo Iphan e envolvem processos de diagnóstico para conhecimento da composição dos materiais e suas intempéries, além do restauro propriamente dito por meio da limpeza, tratamento de camadas de corrosão, coloração e realização de produção e colocação de possíveis réplicas e/ou próteses para áreas que apresentam lacunas ocasionadas pela ação do tempo.

Para a restauração dos monumentos, por exemplo, foram realizados o levantamento físico e o mapeamento de danos do estado de conservação atual de cada elemento de interesse para a preservação do material histórico. Para o calçamento, será feito o nivelamento, a limpeza e a reforma das áreas degradadas.

O projeto prevê, ainda, melhorias na iluminação na área da praça da Escadinha. A proposta de intervenção paisagística e de iluminação serão mantidos os mais próximos do formato original e buscam valorizar ainda mais o espaço, para além dos transeuntes da praça, a vista do rio Guamá para o Porto. A intervenção seguiu cuidados para não sobressair sobre os elementos de interesse a preservação e potencializar a leitura destes elementos históricos, com o objetivo de não alterar o pertencimento da sociedade sobre o local.

Porto Futuro II

O Porto Futuro II, conforme plano do Governo do Pará, vai transformar uma área portuária desativada em Belém em um complexo de cultura, turismo e lazer. São cinco galpões onde será instalado o espaço de inovação em bioeconomia, com locais voltados para o artesanato, lazer, história e cultura popular. Trata-se da continuação do Porto Futuro I, inaugurado em 2020, que conta com um parque urbano com pistas de corrida, ciclismo, lago artificial e praça gourmet.

Para o diretor do Projeto Valor Social Norte, Lourival Ferreira, as obras deixarão contribuição para o desenvolvimento da região.

"A restauração do Porto Futuro II é uma demonstração do nosso compromisso com a preservação histórica e cultural de Belém. Este projeto não apenas preserva a estrutura original dos armazéns, mas também promove a valorização e a modernização do patrimônio local, estimulando a bioeconomia e o turismo. Estamos empenhados em revitalizar esses espaços para valorizar o Centro Histórico de Belém e ser parceiro no desenvolvimento da cidade contribuindo com as políticas públicas estaduais ", diz.

Revitalizado, o Porto Futuro II trará benefícios à economia e ao turismo na capital paraense

imageAtividades de escavações envolvem diversos profissionais e zelam pela integridade dos valores materiais e imateriais de cada peça encontrada (Foto: Divulgação)

Para o projeto do Porto Futuro II, o processo de restauração envolve etapas como, por exemplo, o diagnóstico que faz o levantamento das condições e do grau dos danos ocasionados pela ação do tempo nas peças. Serão revitalizadas as estruturas metálicas originais dos armazéns e todos os bens que estão integrados neles, como portões e pontes rolantes. Serão restaurados, ainda, alguns guindastes que se encontram na área do porto, às margens da Baía do Guajará. Os paralelepípedos originais também serão tratados e reintegrados à paisagem do espaço.

O trabalho de restauração do projeto também inclui a participação de parceiros como o Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (LACORE) da Universidade Federal do Pará, para onde serão doadas algumas peças, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), peças que não serão mais utilizadas por conta dos avançados graus de deterioração. Elas servirão ao LACORE como objetos de pesquisa científica para os diversos temas relativos à conservação e restauro no Pará.

Além da iniciativa de restauro do patrimônio, há ainda no projeto do Porto Futuro II a atuação do Programa de Estudos Arqueológicos, que contempla o monitoramento na área em que estão sendo realizadas as obras para identificar, registrar e resgatar vestígios arqueológicos, como louças e outros artefatos, durante a fase de escavações pontuais e superficiais.

Nesse caso, arqueólogos realizam inspeções em campo para identificar os materiais e trabalham na orientação dos demais empregados para possíveis ocorrências desses vestígios. Obedecendo aos critérios do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o objetivo é proteger e salvaguardar o patrimônio cultural conforme determina a legislação brasileira.

Restaurações obedecem a critérios rigorosos e envolvem diferentes profissionais

As estruturas do Porto Futuro II e da Escadinha do Cais do Porto são protegidas pela jurisdição de patrimônio municipal, estadual e federal. Por conta disso, a restauração de ambas segue etapas que levam em consideração aspectos importantes de segurança e conservação, respeitando as particularidades de cada estrutura e valor do bem de interesse a preservação.

Os trabalhos realizados de restauração das estruturas metálicas dos Armazéns - de procedência da fábrica Schneider&C, de origem francesa do período aproximado da época de 1910, as peças históricas reveladas durante as escavações com acompanhamento arqueológico no local e as intervenções a serem feitas na Escadinha do Cais do Porto obedecem a critérios baseados no princípio da autenticidade e da mínima intervenção possível. As atividades seguem ainda as diretrizes de respeito às técnicas e materiais tradicionais, zelando pela integridade dos valores materiais e imateriais de cada um deles.

Ao todo, são 294 profissionais envolvidos no projeto Porto Futuro II, sendo a maioria deles, paraenses. As obras contam com equipes de profissionais que atuam com serviços de consultoria e assessoria técnica especializada em arquitetura, patrimônio e restauro e realizam atividades de acompanhamento, execução, consultoria e apoio no gerenciamento das ações em todo o perímetro do Porto Futuro II.

A engenheira civil Rafaela Lagoia, paraense que atua nas obras do Porto Futuro II, se orgulha de poder contribuir com um projeto que promete deixar um legado importante para a capital paraense.

"Nesse contexto de revitalização, a obra do Porto Futuro II é de grande importância, pois será um espaço com áreas de vivência, trabalho e lazer que vai poder ser utilizado pela população e demais visitantes que vierem ao Pará. Também vai fomentar a economia onde a obra está sendo executada, valorizando a região como um todo. Como paraense, me sinto honrada e grata por fazer parte desse projeto", diz a profissional.

"Voltar a trabalhar na cidade que nasci e fui criada, sabendo que o projeto vai contribuir para a qualidade de vida da população e, consequentemente da minha família, me deixa feliz e profissionalmente realizada. Toda vez que lembro que minha filha vai visitar essa obra, após ser concluída, me fortalece e me faz querer entregar o melhor a cada dia. O sentimento é de gratidão por todos que me acompanham nessa jornada pelas obras do Porto Futuro II”, completa.

Programa Estrutura Pará

A obra integra, por sua vez, um conjunto de 26 construções que a Vale executa no estado em parceria com o Governo por meio do Programa Estrutura Pará. Ao aderir ao Programa, a mineradora está convertendo diretamente em obras o valor do imposto que seria repassado mensalmente ao estado, referente a Taxa Estadual de Fiscalização Mineral (TFRM). A parceria gera valor social, a partir das obras executadas, com benefícios já imediatos e efetivos para a população nas áreas de segurança pública, saúde, cidadania, meio ambiente e cultura.

Além do Porto Futuro II, dentre os projetos que contam com a execução da Vale por meio do Estrutura Pará estão a construção de 23 Usinas da Paz em diversos municípios, o Hospital Materno-Infantil de Marabá e o Parque da Cidade, em Belém. São obras que seguem o cronograma estabelecido com o governo para a execução, movimentam a economia com a arrecadação de impostos na região e beneficiarão, ao todo, mais de 3 milhões de pessoas no Estado.

Na capital paraense, as obras do Porto Futuro II e do Parque da Cidade têm ainda como propósito a revitalização de áreas degradadas e a valorização do patrimônio histórico e cultural, em um movimento que também contribui na preparação da cidade para a realização da COP30, em 2025.

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