Em Belém, Feira do Empreendedorismo Inclusivo chega à 15ª edição no Porto Futuro
Evento é realizado regularmente no último final de semana de cada mês, com vendas de produtos feitos por pessoas autistas e seus familiares
Neste final de semana (25 e 26 de maio), empreendedores cadastrados pela Coordenação Estadual de Políticas Para o Autismo (Cepa) participaram da 15ª edição da Feira do Empreendedorismo Inclusivo no Porto Futuro, no bairro do Reduto, em Belém. O evento ocorreu das 16h às 21h e é realizado sempre no último final de semana de cada mês, com o objetivo de oportunizar a venda de artigos produzidos por autistas e suas famílias, de vários municípios paraenses. De acordo com os organizadores, mais de R$ 300 mil já foram arrecadados desde a primeira edição da Feira, em 2022, que funciona em sistema de revezamento entre os cerca de 300 empreendedores cadastrados no sistema estadual.
A representante da Cepa, Nayara Barbalho, destacou que a escolha do lugar foi pensada para acolher, com segurança, pessoas autistas e seus familiares. “A gente entende que aqui é um lugar seguro, principalmente para pessoas autistas que não toleram muito barulho. Um lugar aberto, que as famílias gostam de vir, e tem funcionado muito bem”, afirmou Nayara. A maioria dos empreendedores é de Belém e região metropolitana, mas há também pessoas de outros municípios, como Barcarena, Igarapé-Miri e Abaetetuba. “Tem gente que já veio até de Santarém para participar. É muito legal o que a gente está tendo, e outros municípios estão realizando feiras no mesmo modelo, gerando renda e visibilidade”, acrescentou.
O universitário Marcos Cardoso, 20, é autista e veio pela primeira vez à Feira neste domingo (26) acompanhar a mãe, a empreendedora Maria Cardoso, 39, que já participou outras vezes. Ambos são de Igarapé-Miri, na região nordeste do Pará, e vendem produtos personalizados e por revenda, entre acessórios e utensílios domésticos; alguns, com a identificação visual do autismo (peças coloridas de quebra-cabeças). “Parece ser um local para as pessoas que estão começando no empreendedorismo, para tentar alavancar as vendas. É um evento bom para as pessoas que querem mostrar seus artesanatos, como ribeirinhos. Com relação ao autismo, é bom para reforçar o que é [a condição]; pouca gente sabe”, declarou Marcos.
A advogada Greyce Chavaglia, 45, é de Abaetetuba e comercializa óleos essenciais. Ela começou a empreender após utilizar óleo de lavanda para um experimento de aromaterapia com o filho de 13 anos, que é autista e possuía muita dificuldade para se acalmar antes de dormir. “Quando ele adormeceu realmente uma noite, eu fiquei até sem acreditar. Não consegui com uma coisa tão forte, que era a tarja preta, e consegui com uma coisa natural. A partir daí, comecei a estudar e me tornei uma terapeuta, para que eu pudesse ajudar não só o meu filho, mas várias crianças que também tivessem um problema de sono como ele”, relatou.
A agente comunitária Marcilene Gonçalves, 43, também é de Abaetetuba e estava passeando pelo Porto Futuro neste domingo (26). Cursando o final da graduação em Serviço Social, ela está escrevendo um projeto para fornecer orientações às famílias de pessoas autistas e, por isso, parou em um estande que vendia livros sobre o assunto. “Na minha área, eu observei a necessidade que essas famílias têm de ter uma orientação especializada. Às vezes, a gente leva fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros profissionais duas vezes na semana, e as famílias passam o resto da semana sem esse acompanhamento. Esse projeto seria para promover oficinas e acolhimento às famílias”, pontuou.
Como participar?
Para fazer parte da Feira do Empreendedorismo Inclusivo, é preciso enviar um e-mail para <sepa.autismo.sespa.pa.gov.br> informando o interesse e um número de contato. A agenda das próximas feiras será divulgada no Instagram @cepa_pa.
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