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Em Belém, aplicativo é testado para facilitar a comunicação entre indígenas e profissionais da saúde

Ferramenta busca diminuir as barreiras linguísticas e culturais no atendimento de indígenas refugiados e migrantes

Camila Guimarães
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Em Belém, profissionais da rede municipal de saúde, juntamente com indígenas refugiados e migrantes, experimentam um aplicativo de interpretação que busca facilitar o atendimento dessas populações, melhorando o acesso aos serviços de saúde. A ferramenta, denominada Linguagem Universal Acessível (LUA) foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Brasília (UnB) e em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), por meio do Fundo de Inovação Digital, e é implementado com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma).

“O aplicativo Lua é um sonho antigo do grupo de pesquisa e extensão Mobilang da Universidade de Brasília, que desde 2011 presta serviços de interpretação comunitária para que pessoas que não falam português possam acessar serviços públicos e assim garantirem seus direitos”, comenta Sabine Gorovitz, professora da UNB e líder do Grupo Mobilang. Atualmente, o Grupo Mobilang gerencia um banco com cerca de 150 intérpretes voluntários previamente formado e cobre um total de 20 línguas diferentes.

O projeto está sendo implementado em parceria, ainda, com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e o Conselho Warao Ojiduna. “Como intérpretes Warao e de língua espanhola para português, temos a certeza de que poderemos ajudar o nosso povo Warao por meio do aplicativo”, destaca a intérprete voluntária, Gardenia Cooper Quiroz.

A chefe de escritório do Acnur em Belém, Janaina Galvão, destacou a importância de garantir que pessoas deslocadas à força tenham acesso pleno a serviços e direitos na comunidade de acolhida. "Ferramentas digitais como este aplicativo representam um passo transformador, não apenas por viabilizar uma comunicação mais eficiente entre os profissionais de saúde e as comunidades indígenas refugiadas e migrantes, mas também por fortalecer sua inclusão e dignidade. O apoio do Fundo de Inovação do ACNUR foi essencial para possibilitar esta solução inovadora, que já está gerando impactos positivos em Belém," afirma.

Por meio do aplicativo, espera-se também sensibilizar os profissionais de saúde no atendimento ao povo Warao. “Acreditamos que eles vão ter um entendimento melhor do que os Warao passam no dia a dia, de como eles interpretam e entendem o que é saúde, o que é doença, e assim poderão adaptar seus cuidados e atenção aos Warao, explica Clementine Maréchal, analista socioambiental do IEB.

Para Vitor Nina, diretor da Sesma, o aplicativo é capaz de ajudar nessa intermediação cultural e será essencial no atendimento das pessoas em qualquer um dos serviços de saúde. “A gente entende que é um passo fundamental para a organização de uma rede acolhedora a essa população que nos procura”, ressalta.

Fase de testes no atendimento

A fase de testes do aplicativo começou ainda em setembro e outubro de 2024, com treinamentos em interpretação comunitária e forense para 20 pessoas refugiadas, complementado por um curso de português instrumental. Desta forma, membros da própria comunidade indígena passaram a ser intérpretes voluntários do projeto. Essa fase também contou com a formação para os profissionais de saúde de Belém em intercompreensão linguística. Ambos os treinamentos buscaram fornecer ferramentas para reduzir as barreiras linguísticas e culturais no acesso aos serviços básicos de saúde. 

Durante a segunda fase, já no final de 2024, foi feito um primeiro teste de usabilidade do aplicativo em quatro unidades de saúde e duas unidades de saúde mental habilitadas para atender a população Warao,em Belém. Esse primeiro teste envolveu 45 participantes, incluindo intérpretes, agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros e outros profissionais da rede de saúde, além de representantes das instituições parceiras.

Atualmente, o projeto está na terceira fase, quando o aplicativo é entregue aos profissionais de saúde de Belém, que atendem as comunidades Warao, e aos intérpretes. Nessa fase, ocorrerá o teste real do aplicativo, no cotidiano dos atendimentos. O processo será monitorado pelos próximos 5 meses, período em que será analisada a eficácia do aplicativo para diminuir as barreiras linguísticas e culturais no atendimento à saúde e/ou os ajustes necessários para o seu aperfeiçoamento.

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Belém
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