Doceira fala sobre como trufas de chocolate a ajudaram na vida: 'Meu recomeço'
Quando descobriu tinha um câncer, ela decidiu não deixar se abalar e fez da confeitaria seu alicerce para continuar vivendo
Ele está presente em bolos, bombons e biscoitos. Independente se for servido meio amargo e ao leite, o chocolate é o “queridinho” entre os brasileiros e tem seu dia oficial e mundial, comemorado nesta quinta-feira (7). Mais do que alegrar a vida dos chocólatras, as trufas de chocolate podem também ser um grande transformador de vidas, como ocorreu para a empreendedora paraense Mônica Oliveira, dona da Gulosas Doceria. Foi vendendo o bombom de sabores regionais que ela conseguiu quitar a faculdade, ajudar a família e criar a filha de três anos, Maria Iza, e encontrar um recomeço após o diagnóstico de câncer de mama.
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Considerada uma cozinheira de “mãos cheias”, Mônica conta que desde a adolescência sempre trabalhou com bolos, doces e salgados independente de estar ou não empregada. Mas, foi há cinco anos, que a sua vida teve uma virada de chave.
No penúltimo semestre da faculdade de Direito, ela recebeu uma encomenda de uma amiga pedindo a fabricação de mil bombons regionais nos sabores de cupuaçu e Castanha-do-Pará. Sozinha, a empreendedora conseguiu em dois dias montar os doces e realizar as entregas, fazendo nascer o seu “ganha-pão”.
Bolo de chocolate produzido pela Mônica (Cristino Martins / O Liberal)
Toda essa paixão pela doceria Mônica aprendeu desde o berço com a mãe e a tia, Maria de Fátima, quando ainda era criança. “Meus olhinhos de criança brilhavam quando a titia me chamava para enrolar os doces. Sem saber que ela me dava aulas, aprendi somente olhando. E, até hoje, continuo aprendendo novas técnicas e sigo apaixonada pelo mundo da confeitaria”, revelou a empreendedora. Atualmente, a doceira trabalha com trufas de chocolate, pirulitos temáticos, bolos personalizados, docinhos tradicionais, gourmet e alcoólico, além de salgadinhos.
Dedicação
A "fábrica dos sonhos”, como Mônica chama carinhosamente o empreendimento, funciona na cozinha de casa. Ali, ela realiza o preparo dos doces, trufas e bolos, claro, em sua maioria de chocolate, pois são o predileto da clientela. Apesar de não se considerar chocólatra, a paraense afirma que o “coração se derrete a cada feedback” recebido de um cliente.
“Me sinto privilegiada por poder reunir no que faço o efeito do momento a ser celebrado, como o prazer de comer algo que se deseja. Quem trabalha com doceria, acaba trabalhando com sonhos. Ninguém encomenda um bolo ou uma caixa de chocolate para comemorar algo triste, sempre há uma celebração em jogo”, declarou, visivelmente feliz.
‘Vender chocolate foi o meu recomeço após o diagnóstico do câncer'
A vida pode ser gostosa como comer um chocolate ao leite, mas, em dados momentos, também pode vir a ser amarga. Para Mônica, mesmo após descobrir o diagnóstico do câncer de mama às vésperas de ganhar a primeira filha, no dia 2 de junho, de 2019, essa “doçura” nunca foi perdida.
Na época, a paraense morava em Brasília e começou a quimioterapia quando a sua bebê tinha apenas 16 dias de vida. Durante as 18 sessões de quimioterapia, Mônica se dividiu entre cuidar da bebê e fazer doces para vender na clínica, em que se tratava. Ela vendia bolo de pote, claro, e o mais pedido era de chocolate. Também lavava biscoitos e Monteiro Lopes.
“Optei por colocar um sorriso no rosto. Não permiti que o câncer tirasse o brilho da minha maternidade. O brilho do meu sonho de ser mãe, em nenhum momento. O meu lado mãe foi intocável. Assim como optei trabalhar de casa para cuidar da minha bebê. Estava debilitada, mas precisava sustentá-la. Então, fiz da venda dos meus chocolates meu recomeço para me sentir útil e viva novamente”, declarou.
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