Diretoria da Unimed Belém é destituída por supostas irregularidades; defesa nega acusação
A advogada que representa a diretoria destituída informou ao Grupo Liberal que vai recorrer da decisão
Uma Assembleia Geral Extraordinária dos cooperados da Unimed Belém, realizada no Hangar, neste domingo (22), decidiu pelo afastamento da diretoria executiva da cooperativa médica. A iniciativa foi levantada pelo Conselho Fiscal, formado pelos médicos titulares Paulo Cartágenes, Helena Brígido e Augusto Borborema. Ao menos 231 médicos cooperados votaram a favor da destituição da diretoria executiva e 50 votaram contra a decisão.
Sobre a destituição, o Conselho Fiscal alegou que a então diretoria executiva, formada por Antônio Travessa, Sandra Leite, Alberto Anijar, Robson Tadashi e Elaine Figueiredo, estava passando há meses por problemas financeiros. Além disso, também foram expostas as seguintes situações: nomeação de uma colaboradora indevidamente, demora para entregar novos imóveis e altos valores pagos e falta da gestão das despesas da cooperativa médica.
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Em entrevista ao Grupo Liberal, a advogada que representa a diretoria destituída da Unimed Belém, Hannah Bibas Maradei, afirmou que a destituição foi realizada sem a possibilidade de defesa dos envolvidos ou as provas que foram “apresentadas”para afastar os diretores executivos.
A advogada explicou que meses atrás o Conselho havia apresentando “exposição com supostas faltas graves” contra a diretoria e pediu que fosse realizada uma assembleia, mas o pedido não seguiu em frente.
“Pela ilegalidade da solicitação, a Unimed não marcou a assembleia e encaminhou a apuração para o Comitê Técnico para fazer a devida apuração de todas as regularidades. Todos os diretores apresentaram a defesa e o processo administrativo estava aguardando a fase da perícia criar uma auditoria para apurar se havia de fato alguma irregularidade ou não. Só que antes de ter essa decisão do Comitê, o Conselho Fiscal convocou uma assembleia”, disse a advogada.
Outro ponto que a defesa da diretoria destituída destaca é a falta de médicos cooperados suficientes para votação. Segundo ela, são cerca de 2 mil profissionais, e só estavam presentes cerca de 300.
“Eles [ o Conselho Fiscal ] marcaram essa assembleia somente no formato presencial, não permitiram que fosse híbrida. Diante da forma como foi marcada, não tinha qualquer clima ou condição para os cooperadores que queriam se envolver nessa situação ou os próprios diretores fossem lá, sustentar [suas versões]”, explicou a advogada, inclusive, citando o episódio de uma cooperada que tentou falar em favor da diretoria e foi vaiada publicamente, sentindo-se constrangida.
Hannah Maradei informou que a diretoria destituída irá aguardar a posição da Unimed Belém e, então, começar a tomar as medidas cabíveis recorrendo sobre a decisão. A advogada acredita que houve várias violações do direito de defesa dos envolvidos.
Maradei acredita que, com a “decisão repentina”, serão afetados cerca de 275 mil clientes da Região Metropolitana de Belém, além dos colaboradores e cooperados.
“Toda transição envolve uma mudança, que provavelmente trará suspensão no pagamento, [...] pode ter uma cerca turbulência do atendimento por conta dessa troca repentina e imediata sem qualquer observância ao estatuto da cooperativa", afirmou a advogada.
Nova diretoria executiva
Após a destituição da diretoria executiva, o Conselho Fiscal escolheu a diretoria interina que será composta pelos médicos Allan Cavalcante, Eduardo Carvalho, Áurea Nunes, Katsuro Harada e Liane Rodrigues. Para o dia 25 de março, foi marcada a Assembleia Geral Ordinária destinada a eleger a nova diretoria efetiva.
Os representantes do Conselho Fiscal foram procurados pela equipe de reportagem, mas não quiseram se manifestar sobre o assunto.
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